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"Dropshipping não é muamba!": aprenda a aplicar o conceito no seu negócio

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Você sabe o que é dropshipping? O modelo bastante usado como intermediação de vendas nos exterior se popularizou no Brasil há alguns anos com o boom dos sites de compras coletivas. Para o consultor de e-commerce Gustavo Erlichman, da GUS.Digital, o termo é erroneamente utilizado no país. O especialista deu uma aula sobre o conceito no Marketplace Conference Live Edition nesta quarta-feira (25).

Gustavo Erlichman e Vivianne Vilela, diretora executiva do E-Commerce Brasil, no Marketplace Conference Live Edition

De acordo com Erlichman, dropshipping é uma técnica de gestão da cadeia logística na qual o revendedor não mantém os bens em estoque. Ele apresenta seus produtos aos clientes através de um canal de vendas. Assim que o cliente completa o pedido de compra, o vendedor solicita e paga o fornecedor, que fará todo o processo de embalagem e envio diretamente ao cliente.

“Como em todos os negócios de varejo, os varejistas fazem os seus lucros sobre a diferença entre o preço de compra e venda”, explica o consultor.

Tipos de dropshipping

De acordo com Erlichman, existem dois tipos de dropshipping:

  • Tradicional: o vendedor faz a venda e emite a nota fiscal, e o fornecedor entrega com a nota de remessa.
  • Intermediação: O vendedor faz a venda com a nota fiscal de intermediação e o fornecedor entrega com nota fiscal.

No entanto, há um terceiro tipo associado à prática, mas que não é dropshipping, como os sites de compras coletivas. Esses sites funcionavam da seguinte forma, segundo o consultor: “Os sites ofertavam produtos e, através de contagem regressiva, ofertavam determinado item ou serviço por um preço abaixo ou normal de mercado, e condicionavam a oferta a um número determinado de clientes”.

Os pedidos eram encaminhados a sites chineses muitas vezes, que enviavam os produtos para os consumidores. “O problema é muitos clientes não recebiam o produto ou eram obrigados a retirar a mercadoria nos Correios, pagando a taxa de importação da Receita Federal. Outros sequer recebiam ou esperam por meses. Quando iam reclamar, o site não existia mais ou o dono sumia”, relata Erlichman.

Ainda segundo o consultor, muitos empresários quebraram nessa época e outros precisaram mudar o modelo de negócios. “Hoje, muita gente compra site e vende produtos do Aliexpress. Também vejo grupo no Facebook vendendo produtos falsificados de grandes marcas, ou sem nota fiscal ou garantia. Eu chamo isso de muamba 2.0, que é tão prejudicial como os antigos sites de compra coletiva”.

Então como fazer direito?

Nos EUA e na Europa, esse modelo é comum. No Brasil, existem diversas dificuldades, como logística reversa, tributação e atendimento ao consumidor , mas isso não motivo para operar na irregularidade, segundo Erlichman. “Muita gente trabalha sozinha e, às vezes, sem infraestrutura para dar vazão ao atendimento, notas fiscais, e questões tributárias. Por isso, correm sério risco se continuarem operando, sem contar que prejudica o e-commerce brasileiro”.

“Não podemos permitir que o dropshipping ganhe essa conotação negativa como no passado. Só existe dinheiro no bolso com muito trabalho, suor na camisa e respeito ao consumidor. O que recomendo [para quem quer abrir um e-commerce] é que comece de forma regular, da forma correta. Existem várias empresas no Brasil que atuam de forma regular com dropshipping”, aconselha o especialista.

Exemplos de empresas que utilizam dropshipping no exterior

Dropshipping bom para crise

O dropshipping é um modelo de negócio que pode ser promissor quando feito da maneira correta, explica o especialista. “Eu gosto de dizer que o dropshipping deve fazer parte do e-commerce como estratégia, não como único modelo de operação. Várias empresas o utilizam para incluir novos produtos ao portfólio, com uma empresa de venda de material de construção, que pode vender uma banheira de hidromassagem sem ter o produto em estoque, por exemplo”.

Para evitar risco, Erlichman recomenda que o lojista escolha bons fornecedores, que os conheça pessoalmente e elabore um contrato parceria. “Há muitos fornecedores bons no Brasil que trabalham com essa modalidade. Em momento de crise, não há nada melhor do que colocar à disposição dos consumidores novos produtos. Todo mundo sai ganhando”, avalia.

Em marketplace, o modelo de negócio é bem comum. “Os vendedores do marketplace são do marketplace, que não tem acesso aos consumidores. Já os produtos vendidos, são dos fornecedores. Ou seja, posso trabalhar na minha mesa operando o estoque dos fornecedores para os clientes do marketplace. É possível e já é realidade”, finaliza Erlichman.

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Confira a apresentação completa do Gustavo Erlichman:

Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil


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