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Congresso Moda & Beleza: enquanto se expande no Brasil, mercado de luxo desacelera globalmente

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

O mercado de luxo manteve sua força em 2024, apesar de oscilações em diferentes regiões do mundo. Segundo estudo da Bain & Company e da Fondazione Altagamma, o setor movimentou €1,48 trilhão, uma leve queda de 1% a 3% no câmbio atual em relação a 2023, mas com perspectivas de crescimento a longo prazo.

Interior de loja de joias luxuosa
(Imagem: Tiffany&Co./Divulgação)

O Brasil segue como um dos destaques na América Latina. De acordo com a MCF Consultoria e a Associação Brasileira das Marcas e Empresas de Luxo (Abrael), o segmento registrou um crescimento de 11,7% em 2024, com expectativa de expansão para 15% em 2025. Entre as categorias de maior destaque, joias e relógios tiveram bom desempenho ao longo do ano, enquanto o mercado imobiliário de alto padrão cresceu 40%, sendo 13% provenientes de novos lançamentos.

Economia impacta o luxo

No cenário global, os Estados Unidos demonstraram recuperação gradual, enquanto o Japão liderou as vendas de luxo, impulsionado por uma moeda favorável e crescimento no turismo. Já a China enfrentou uma desaceleração, refletindo a baixa confiança dos consumidores. Na Europa, o mercado seguiu estável, mas o foco do setor se volta para regiões emergentes como América Latina, Índia, Sudeste Asiático e África, que devem adicionar 50 milhões de novos consumidores de luxo até 2030.

Apesar da resiliência, algumas barreiras impactaram o desempenho global. A variação cambial prejudicou a competitividade dos preços, tornando os produtos de luxo 20% mais caros no Brasil em relação ao varejo dos EUA e 25% acima dos preços europeus. Além disso, o aumento da incerteza econômica e política influenciou o comportamento do consumidor, levando alguns a adiar compras de alto valor.

O turismo seguiu como um motor para o setor, com o gasto de viajantes em produtos de luxo crescendo 7% a 9% ao longo de 2024. Já as compras locais registraram queda entre 6% e 8%. No segmento de bens pessoais de luxo, houve uma retração de 2%, a primeira em 15 anos, com exceção do período da pandemia.

Moda e beleza

O setor de beleza alcançou €79 bilhões em 2024, registrando um crescimento de 3% a 5% em relação ao ano anterior. A demanda por pequenos luxos impulsionou o mercado de maquiagem no Ocidente, enquanto a Ásia-Pacífico enfrentou desafios devido à baixa circulação de turistas. Fragrâncias de nicho e marcas locais acessíveis ganharam destaque, principalmente entre os jovens. A tecnologia se tornou cada vez mais presente no segmento.

A joalheria foi a categoria mais estável do luxo, avançando entre 0% e 2% e chegando a €31 bilhões. Estratégias de marcas que combinam diferentes faixas de preço e foco no cliente sustentaram o desempenho. As joias de alta-costura cresceram acima do restante do mercado, enquanto a concorrência aumentou com grifes de moda investindo no setor e marcas locais buscando expansão global.

Os calçados foram o segmento mais fraco do luxo, com queda de 5% a 7%, estimando-se um faturamento de €25 bilhões. A alta de preços e a dependência de consumidores aspiracionais impactaram as vendas, levando à migração para marcas não luxuosas. O sucesso do calçado esportivo e de desempenho ao ar livre também representou um desafio.

O mercado de óculos cresceu entre 3% e 5%, atingindo €17 bilhões. A expansão foi impulsionada por designs inovadores, consumidores migrando para faixas de preço mais altas e marcas especializadas atendendo a nichos específicos.

O segmento precisa se reinventar

Com um cenário mais desafiador, apenas um terço das marcas de luxo registrou crescimento em 2024, um número bem abaixo dos 95% entre 2021 e 2022 e 65% em 2023. Para se manterem competitivas, empresas do setor precisarão reforçar sua identidade, investir em experiências personalizadas e adotar novas tecnologias, como inteligência artificial, para aprimorar suas operações e atrair consumidores.


Acompanhe as discussões sobre o mercado no Congresso Moda & Beleza, próximo dia 27. O evento contará com o painel “os desafios da experiência do luxo, do extra físico ao digital”, composto por especialistas do mercado, como o estilista Alexandre Herchcovitch, e Ana Carolina Friedmann, da Cidade Matarazzo.