Os gastos no varejo dos Estados Unidos recuaram 0,22% em fevereiro na comparação mensal, refletindo o impacto de um inverno rigoroso e a queda na confiança dos consumidores, segundo o CNBC/NRF Retail Monitor, divulgado nesta quinta-feira (7) pela National Retail Federation (NRF). No entanto, o setor manteve crescimento de 3,38% em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionado pela resiliência da economia.

O presidente e CEO da NRF, Matthew Shay, atribuiu a retração mensal à preocupação com tarifas, inflação e aumento do desemprego, o que levou os consumidores a reduzir gastos e aumentar a poupança. “Apesar dessas incertezas, os ganhos anuais refletem uma economia com fundamentos sólidos”, afirmou.
Os dados do Retail Monitor, que excluem automóveis e gasolina, mostram que a queda mensal em fevereiro seguiu a retração de 1,07% em janeiro. Já o crescimento ano a ano desacelerou em relação ao avanço de 5,44% registrado no primeiro mês de 2025. No segmento de vendas básicas no varejo (sem considerar restaurantes, concessionárias e postos de gasolina), a variação foi semelhante: recuo de 0,22% mês a mês e alta de 4,11% no comparativo anual.
O desempenho do varejo ocorreu em um cenário de incerteza comercial. No início de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 10% sobre produtos da China e 25% sobre mercadorias do Canadá e México. Posteriormente, as taxas sobre os países vizinhos foram adiadas até 2 de abril, enquanto as tarifas sobre a China foram elevadas para 20%. O Índice de Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan caiu de 71,7 em janeiro para 64,7 em fevereiro, refletindo a preocupação do mercado.
Setores: comércio online dispara, mas maioria registra queda mensal
Apesar da retração geral, seis das nove categorias analisadas registraram crescimento no comparativo anual, com destaque para o comércio eletrônico, que avançou 36,51%. No entanto, apenas duas categorias tiveram aumento na base mensal.
- Vendas online cresceram 0,46% no mês e 36,51% no ano;
- Lojas de saúde e cuidados pessoais caíram 0,44% no mês, mas subiram 8,33% no ano;
- Lojas de produtos gerais recuaram 0,42% no mês, mas avançaram 6,2% no ano;
- Supermercados e lojas de bebidas tiveram leve queda de 0,07% no mês, mas alta de 4,08% no ano;
- Lojas de roupas e acessórios caíram 0,78% no mês, mas cresceram 3,75% no ano;
- Lojas de artigos esportivos, hobbies e livros registraram aumento de 0,93% no mês e 3,57% no ano;
- Lojas de eletrônicos e eletrodomésticos caíram 0,43% no mês e 0,06% no ano;
- Lojas de materiais de construção e jardinagem recuaram 1,02% no mês e 3,34% no ano;
- Lojas de móveis e artigos de decoração tiveram queda de 1,01% no mês e 3,67% no ano.
Diferente dos dados do Census Bureau, que são coletados por meio de pesquisas, o Retail Monitor utiliza informações anonimizadas de compras feitas com cartões de crédito e débito, fornecidas pela Affinity Solutions, o que elimina a necessidade de revisões periódicas.