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“A gestão de estoque é o coração e alma do negócio”, defende especialista da Grendene

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado de e-commerce desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Antes da pandemia, os canais de produto e possibilidades de e-commerce já estavam amplamente difundidos entre os players do mercado, mas hoje existem uma infinidade de possibilidades de empresas de outros segmentos que hoje atuam como marketplaces. 

Para Letícia Alves, Especialista de Marketplace da Grendene, “a gestão de estoque é o coração e alma do negócio” na hora de estruturar a escolha de canais do e-commerce. Alves palestrou durante o Marketplace Conference 2022 e explicou quais são os pontos que devem ser levados em consideração ao equilibrar estoque com novos canais.

Letícia Alves, Especialista de Marketplace da Grendene durante o Marketplace Conference 2022 e Lourival Júnior, Diretor Comercial
Orion Digital Commerce Consulting, apresentador do palco

A reflexão da executiva ao aprender a posicionar os produtos é entender onde está o consumidor e o que faz mais sentido para ele no momento da compra. Para isso, ela cita os cinco principais pilares da gestão de estoque:

1 – Evitar desperdícios de produtos;

2 – Controle de itens disponíveis e itens com necessidade de reposição;

3 – Conhecimento da capacidade de estocagem para armazenamento;

4 – Conhecer o tempo de disponibilização de produtos para entrega;

5 – Acompanhamento dos pedidos, evitando atrasos de fornecedores.

Estoque em múltiplos canais

Na aula que foi sua palestra durante o evento, Alves explicou que existem 3 tipos de estoque principais que podem ajudar os lojista a priorizarem suas operações de acordo com o que faz mais sentido para a sua operação;

A Grendene hoje reconhece que o modelo que faz mais sentido para a companhia é o compartilhado, que mescla loja física, virtual e marketplace, otimizando espaço de armazenagem. Em compensação, este modelo oferece maior complexidade de gestão. 

Além disso, ela cita outros dois modelos muito relevantes para o mercado: o terceirizado, baseado no dropshipping e/ou crossdocking; e o descentralizado, com CD’s em diversas regiões (a empresa também usa este modelo para a Região Norte e Nordeste).

Gestão de produtos pela curva ABC

“Se não conhecemos muito da curva ABC, capotamos na gestão do negócio”, começou a executiva a abordar esse tópico. “Se você não sabe quais são os produtos que formam 80% do seu faturamento, há algo de errado com o seu negócio”.

Ao entender quais são os produtos que mais fazem sentido para o negócio, é mais fácil estipular os canais que vão vender de maneira eficiente. 

Como os canais cresceram nos últimos anos, muitos marketplaces não têm mais a disposição e a capacidade de oferecer a consultoria personalizada para cada lojista, o que ajudaria o seller a identificar quais os produtos e estratégias fazem mais sentido. 

Dessa maneira, essa tarefa deve ser do próprio seller, que pode identificar quais estratégias fazem mais sentido de acordo com a curva ABC, que é única de cada negócio.

Divisão do catálogo de produtos

Segundo a executiva, é importante determinar a quantidade de estoque de acordo com a participação de vendas de cada canal. Além disso, a escolha do portfólio faz com que o lojista tenha mais facilidade de se posicionar de acordo com o comportamento de consumo do canal em questão. 

Isso ajuda o lojista a diferenciar suas ações promocionais e também estipular preços diferenciados em cada ponto da curva de produtos. Para Letícia, “é importante saber diferenciar para cada canal que tipo de curva você quer posicionado no marketplace”.

Ciclo de pedidos

Para a executiva, é importante levar em consideração também em qual status o pedido chega para o lojista para realizar a gestão do estoque.  Uma das dicas é a trava de estoque, que bloqueia a quantidade de produtos de acordo com o número de pedidos, mesmo antes de estarem aprovados. 

O critério é: se o pedido via boleto não for computado como aprovado, a trava de estoque é maior; se incluir pedidos via boleto mesmo antes da aprovação do pagamento, a trava é menor.

“Pode ser que o estoque da loja seja só para o e-commerce e no outro ponto só para o marketplace, pois no ambiente digital é essencial ter um inventário constante, para não depender de um ERP, que melhor que seja pode ter falhas ocasionais”, explica a palestrante.

Apoio na gestão do estoque

Para os pequenos lojistas, que ainda dependem das planilhas de excel, é muito mais difícil conciliar as vendas com as saídas dos produtos. Neste caso, segue-se o passo a passo:

1 – Elaborar uma planilha unificada de todos os canais para a análise diária, com alertas de saída e entrada de produtos;

2 – Cruzar as informações com o que consta no seller center do canal e definir posição dos produtos de acordo com a curva de vendas.

Letícia explica que isso tudo é importante para que a loja continue sustentável e que não perca dinheiro por não conseguir disponibilizar um produto, pois se a venda é feita, mesmo que cancelada depois, há cobrança da comissão do marketplace. 

Para ela, é primordial que este processo seja muito organizado e estritamente atualizado diariamente, pois a monitoria de pedidos auxilia a identificar pontos de atenção, dores, sucessos de vendas e possíveis complicações de estoque que o negócio pode ter no futuro. “Se deixarmos de monitorar, é dinheiro jogado fora”, pontua.

Mesmo com uma integradora, ela recomenda que a monitoria das vendas seja realizada diariamente, pois pequenas divergências podem significar um grande prejuízo para os lojistas no fim do mês. Além disso, se feito com antecedência, o trabalho preventivo ajudará a prevenir um trabalho muito maior de correção no futuro.

Por fim, ela afirma que “o estoque é o coração de qualquer negócio, todo dia tem que ser feito um pequeno check up”. 

A recomendação é adotar uma integradora assim que a operação ganhar tração para que a gestão de estoques e canais seja produtiva e lucrativa para o e-commerce, e não um trabalho moroso. 

“Nem sempre é fácil fazer a análise de quem não precisa estar em 15 canais, de que 5 bem estruturados podem trazer um melhor resultado”, argumenta a especialista.