Quem acompanha minha coluna aqui no E-commerce Brasil já me viu falar várias vezes sobre a importância de incluir o live shopping na estratégia de comunicação da sua loja virtual. Segundo uma pesquisa do Instituto QualiBest em parceria com a Spark, divulgada no ano passado, mais da metade dos brasileiros já conhece o formato, mostrando o enorme potencial desSe canal para quem vende online. Nos Estados Unidos, as projeções indicam que as vendas via lives devem chegar a US$ 35 bilhões ainda neste ano (Coresight Research).

Mas é da China que vêm as maiores referências desse setor. Só em 2023, o live shopping movimentou impressionantes US$ 160 bilhões por lá, atingindo 597 milhões de consumidores (Ministério do Comércio). Ou seja, mais da metade internautas do país asiático.
Não à toa, depois do grande anúncio da chegada do Tik Tok Shop ao Brasil, a gigante chinesa vem investindo pesado para ampliar seu ecossistema de social commerce. Recentemente, a plataforma anunciou novas funcionalidades voltadas para quem curte a venda em tempo real, incluindo a possibilidade de realização de um leilão ao vivo com contagem regressiva, batizado de countdown bidding. A novidade permite que vendedores criem anúncios exclusivos para leilões ao vivo, definindo preço inicial, prazos e aceitando lances em tempo real.
Seria um novo eBay?
Embora disponível somente para vendedores qualificados e ainda restrita a itens de luxo de segunda mão (bolsas, relógios e afins) e colecionáveis (cartas de jogos como Magic e Pokémon), o modelo promete trazer ares de eBay ao mundo das dancinhas.
Na prática, o TikTok segue ampliando as possibilidades e querendo, pouco a pouco, se transformar em um Alibaba com mais entretenimento, engajamento e venda ao vivo. Tiro o chapéu para a genialidade. Eles souberam dosar a fórmula perfeita para capturar a atenção da audiência, especialmente em categorias de alto valor percebido.
Outra novidade da rede social chinesa são os bulletin boards, sua própria versão dos canais de transmissão, funcionalidade que lembra bastante o que o Instagram já vem fazendo. Esses “quadros de avisos” permitem que criadores e marcas enviem mensagens em formato de texto, foto ou vídeo diretamente aos seguidores, criando um canal quase exclusivo para manter o público atualizado.
Os seguidores podem reagir, mas não responder, o que mantém o controle da comunicação nas mãos da marca ou do creator. É mais um sinal claro de que as redes sociais estão transformando as mensagens diretas no novo feed, deslocando cada vez mais a atenção do usuário para interações personalizadas e menos públicas.
O que dá pra aproveitar?
Para quem tem um e-commerce ou vende online, todas essas novidades não são apenas “features” bacanas, mas oportunidades estratégicas. O live shopping cresce porque quebra a barreira da impessoalidade típica da compra online. Nas lives, a marca consegue mostrar o produto de perto, responder perguntas na hora, criar provas sociais com depoimentos espontâneos e até gerar senso de urgência com formatos como o leilão ao vivo. E o melhor: nem sempre é preciso investir em influenciadores famosos. Muitas vezes, equipes internas ou até clientes fiéis podem se tornar excelentes apresentadores, gerando uma comunicação mais autêntica e, muitas vezes, mais convincente.
Já os bulletin boards oferecem um espaço valioso para nutrir a comunidade, divulgar novidades, preparar o público para lançamentos ou promoções-relâmpago e construir relacionamento constante. Afinal, social commerce nunca foi tão literal quanto agora: vender, entreter e engajar caminham juntos, e quem entender isso primeiro tende a sair na frente.
Seja com lives interativas, leilões dinâmicos ou canais de comunicação exclusivos, a mensagem é clara: o TikTok quer ser mais do que uma vitrine de vídeos virais. Quer ser uma plataforma na qual a experiência de compra acontece em tempo real, com calor humano, emoção e interatividade.