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Tendência de recuperação do e-commerce exige que transportadoras mantenham qualidade nas entregas

Por: Bruno Tortorello

Com mais de 21 anos de experiência na área de logística e distribuição, Bruno Tortorello é um dos executivos mais destacados do setor. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Administração pela FGV e MBA em Gestão Internacional pela FIA, Tortorello foi presidente da Total Express e, anteriormente, liderou áreas comerciais e operacionais do braço logístico do Grupo Abril. Chegou na Jadlog com a missão de alavancar as vendas e os negócios por meio das operações do e-commerce e do fortalecimento do negócio B2B de pequenas encomendas, contribuindo para que a transportadora alcançasse o faturamento de R$ 1 bilhão em 2020.

Os números sobre o desempenho do e-commerce em agosto, recentemente divulgados, apontaram um crescimento de 7,9%, segundo a consultoria NIQ Ebit, confirmando o movimento de aceleração das vendas e a reversão da queda de 7,3% registrada no primeiro semestre deste ano. Entre abril e junho, a retração já começou a se desacelerar para o patamar de 5,7%, sendo que, em junho, especificamente, a queda foi de apenas 2,1%, conforme a pesquisa Webshoppers 48 da mesma consultoria.

Entender como caminha o mercado e estar atento para cumprir os requisitos de excelência em relação à experiência de compra dos e-shoppers são aspectos essenciais para as empresas de logística.

Vários fatores influenciaram o desempenho negativo do semestre: a concorrência do comércio físico, com a volta dos consumidores às lojas, e o cenário de inflação e juros altos, que retiraram uma parcela do poder de compra. Além disso, após os seguidos índices de crescimento do e-commerce nos últimos três anos, destacadamente em 2020 e 2021, seria de se esperar um desempenho mais modesto, já que partimos de uma base bem mais elevada de comparação.

Vale ressaltar que a pesquisa sobre as vendas no primeiro semestre de 2023 mostrou que, apesar da defasagem no número de pedidos, houve crescimento de 6% no número de e-shoppers ativos no canal online, em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse é um aspecto bastante relevante, pois estamos falando de 53 milhões de consumidores.

Apesar da recessão, saldo anual deve ser positivo

Por isso, a despeito dos fatores que influenciaram negativamente o mercado até junho, o saldo do ano deverá ser positivo. O e-commerce segue avançando, inclusive sobre o varejo físico, por conta de toda a conveniência das compras online, tanto é que o comércio eletrônico já representa cerca de 25% das vendas do varejo como um todo, e essa porcentagem deve aumentar nos próximos anos.

Temos identificado ainda que os produtos mais populares adquiridos no comércio eletrônico são os ítens relacionados à moda, como roupas e acessórios, e os cosméticos, como produtos de beleza e de cuidados com a saúde. Medicamentos e produtos de saúde em geral tiveram um crescimento bem significativo nos primeiros anos da pandemia e permanecem entre os itens mais vendidos na internet. Bebidas, como vinhos, também estão em alta.

No geral, há uma diversificação ainda maior na cesta de produtos, ao mesmo tempo que os compradores estão mais sensíveis aos preços, e, nesse sentido, o e-commerce é visto como uma possibilidade de economizar, graças aos preços mais competitivos.

A tendência para os próximos meses é positiva, inclusive por conta da Black Friday e do Natal. Espera-se que a movimentação de encomendas atinja um patamar relevante nesse período para transportadoras e operadores logísticos, exigindo atenção e o uso de tecnologia para se garantir uma boa experiência de compra do e-shopper.

Logística ágil e opções de entrega

É fundamental que transportadoras e operadores logísticos ofereçam cada vez mais agilidade e conveniência nas entregas, com o uso de sistemas tecnológicos de alto grau de robustez, eficiência e segurança, a fim de que as soluções estejam 100% integradas a todas as etapas da operação, desde o clique da compra até a entrega do produto.

Outro ponto é permitir que os consumidores tenham acesso a opções de entregas, como as soluções OOH (Out Of Home, ou fora de casa), por meio dos PUDOs (pontos Pick Up e Drop Off) e dos lockers. Elas viabilizam a retirada das compras do e-commerce em pontos comerciais de bairro parceiros das transportadoras, localizados estrategicamente nos grandes centros.

A comunicação mais assertiva já oferecida pelas transportadoras de última milha, que informa o destinatário sobre o horário de entrega via SMS e e-mail, já no dia da entrega, com a janela de uma a duas horas de variação até a chegada efetiva da encomenda, também colabora com a agilidade e conveniência das entregas.

Portanto, entender como caminha o mercado e estar atento para cumprir os requisitos de excelência em relação à experiência de compra dos e-shoppers são aspectos essenciais para as empresas de logística. Elas certamente irão incrementar os seus próprios negócios, ao mesmo tempo que colaborarão decisivamente para a retomada e o crescimento do e-commerce.