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Tecnologia a favor do planeta: eficiência de mãos dadas com a consciência

Por: Paulo Cunha

Paulo Cunha é diretor-geral para o Setor Público da AWS no Brasil, responsável por clientes dos setores de saúde, educação, governo e serviços públicos, além de iniciativas de sustentabilidade. Sua vasta experiência na área de tecnologia da informação permitiu que atuasse com sólidos resultados em negócios e no desenvolvimento de pessoas e times.

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Quando uma nova tecnologia desponta, é usual que ela seja vista como uma facilitadora do aumento da produtividade e da redução de custos. Porém, esses são normalmente apenas dois de seus atributos, possivelmente os mais fáceis de serem observados. Tecnologias altamente disseminadas como a nuvem e a inteligência artificial (IA) têm impactos mais profundos na experiência dos usuários, na detecção e correção de problemas, na qualidade das decisões tomadas pela liderança e até nas ações de sustentabilidade corporativa.

Mão robótica sustentando um holograma em forma de broto.
Imagem: Freepik.

A sustentabilidade como diferencial competitivo

Em um cenário cada vez mais orientado por metas ESG (ambientais, sociais e de governança), a sustentabilidade deixou de ser uma pauta reputacional para se tornar um fator estratégico de competitividade. Reduzir a pegada de carbono tornou-se uma exigência do mercado, dos investidores e dos consumidores. O desafio que se impõe às corporações é mensurar essa pegada e encontrar formas factíveis e inteligentes de neutralizá-la.

Mas onde buscar essas respostas? Sim, na tecnologia, entre elas a computação em nuvem. Executivos atentos ao custo de suas operações de TI sabem que manter servidores locais não é apenas caro — é ambientalmente ineficiente. Um estudo da Accenture encomendado pela Amazon Web Services (AWS) estima que a infraestrutura de nuvem é até 4,1 vezes mais eficiente do que a infraestrutura local e, quando as cargas de trabalho são otimizadas, a pegada de carbono associada pode ser reduzida em até 99%. São números expressivos, que se tornam ambientalmente mais relevantes quando consideramos que pelo menos metade da infraestrutura global ainda está em data centers próprios de empresas e órgãos públicos.

Eficiência energética e inovação nos data centers

Os grandes provedores de nuvem também têm seus compromissos de sustentabilidade. Por isso, operam data centers altamente otimizados, com gestão avançada de consumo energético e de água, além de reduzirem o consumo de materiais e de investirem na reciclagem. Indo mais além, investe-se consideravelmente em chips especializados em determinadas cargas de trabalho e em modernas tecnologias de refrigeração.

O resfriamento é estratégico nas ações de redução da pegada de carbono, uma vez que ele é uma das maiores fontes de uso de energia em um data center. Para aumentar a eficiência, existem diferentes técnicas de resfriamento, incluindo resfriamento por ar livre, dependendo do local e da época do ano, bem como análise de dados em tempo real para se adaptar às condições climáticas. A implementação dessas estratégias inovadoras de eficiência energética e de resfriamento é mais desafiadora em menor escala, ou seja, em um data center local típico.

Inteligência artificial como aliada da sustentabilidade

Outra tecnologia considerada por muitas pessoas como uma ameaça ambiental, mas que pode ser convertida em aliada, é a IA. Executivos que investem em IA não estão apenas automatizando processos e aumentando a produtividade: estão ganhando capacidade de prever, otimizar e reduzir impactos ambientais em larga escala. Indústrias utilizam IA para otimizar o consumo energético em linhas de produção, operadoras logísticas adotam IA para roteirizar entregas e otimizar o consumo de combustível, empresas do varejo utilizam algoritmos para prever a demanda com precisão, evitando excesso de estoques, desperdício e transporte desnecessário, e edifícios corporativos gerenciam a climatização de forma autônoma, com sensores e IA, reduzindo custos e emissões.

É possível fazer mais, como aplicar a IA no rastreamento de emissões das cadeias de fornecimento — uma dor crescente para empresas que precisam reportar escopos 1, 2 e 3 com transparência e precisão.

Naturalmente, a tecnologia também tem seu custo ambiental. A fabricação de hardware, o descarte de eletrônicos e o alto consumo energético de alguns modelos de IA devem ser levados em conta. No entanto, o seu uso “para o bem”, conforme vimos acima, e as novas abordagens de “IA verde” — como modelos otimizados e técnicas de aprendizagem mais eficientes — estão emergindo para equilibrar essa balança.

É possível usar a tecnologia com consciência ambiental. Para isso, minha recomendação à liderança empresarial é adotar uma postura proativa: priorizar soluções tecnológicas com menor impacto, estabelecer métricas claras de sustentabilidade e escolher parceiros comprometidos com práticas ambientais responsáveis. O futuro agradece.