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Profissionais do e-commerce, afinal somos ou não somos comerciantes?

Por: Jean Makdissi

Experiência de 22 anos no mercado B2B e B2C de vestuário. Founder e CEO da IntimaStore.com e Diretor Executivo do Grupo Cleutex, fundado em 1966. Administrador de Empresas e Mestre em Gestão de Competitividade para o Varejo pela FGV. Dirigente da Associação de Lojistas do Brás e membro do Conselho de Curadoria do E-commerce Brasil.

Quando se pergunta aos alunos do terceiro ano do ensino médio qual profissão desejarão ter, as respostas serão muitas, administrador, advogado, médico, engenheiro… Mas dificilmente encontraremos algum aluno que diga comerciante.

Injusto, uma vez que o comércio é, e sempre foi a principal força motriz da humanidade. A invenção da escrita, por volta de 4000 A.C., é tida como o marco inicial da história da humanidade e a sua invenção se deu justamente pela necessidade do homem de registrar e contabilizar suas transações comerciais.

O desenvolvimento da indústria e da ciência está intimamente ligado à viabilidade comercial de seus projetos e até mesmo a evolução da medicina é condicionada ao seu alto potencial de negócios. Sem o comércio, nada funcionaria. A principal prova são as sociedades que tentaram impor o Comunismo e fadaram-se ao fracasso ao eliminar a possibilidade de seus cidadãos experimentarem o doce sabor da recompensa pela meritocracia do comércio.

Após 6000 anos de história chegamos à era do comércio eletrônico. Visto assim, pode parecer que estamos há anos luz dos primórdios do comércio, afinal de contas tudo evoluiu tanto… Mas será que as coisas mudaram tanto assim?

O velho comércio é marcado pelas relações pessoais entre o negociante e o comprador, no olho no olho, na negociação, na barganha, na conversa, na criação de laços de confiança e, sobretudo, e isso vale especialmente para os comércios mais bem sucedidos, na criação de uma relação de longo prazo.

O comércio eletrônico chegou junto a uma série de desejos e necessidades da civilização, destacando-se a conveniência, a solução para o distanciamento físico e a democratização da informação e do acesso aos produtos, mas a interação humana ficou um pouco comprometida.

Em 2005, no maior congresso de varejo do mundo, a anual Big Show NRF, as principais palestras e painéis decretavam a morte do varejo físico, acreditava-se que a vitalidade, facilidades e baixos preços do comércio eletrônico seriam avassaladores e dificilmente o varejo off-line teria condições de sobreviver, mas não foi isso que se viu com o passar dos anos e enfim, dez anos após ter sua morte decretada, na edição de 2015 o varejo físico foi oficialmente “ressuscitado”.

A interação entre o físico e o on-line comprovou-se uma das principais forças dos negócios virtuais e inúmeros pure players (empresas que atuam somente no varejo virtual) lançaram suas concept stores, flag ships ou simplesmente show-rooms.

Esse movimento comprova que para o comércio, seja ele eletrônico ou físico, o mais importante nunca mudou e o estabelecimento de confiança e a tangibilização da relação comercial e do contato com o produto, ainda são valores insubstituíveis.

O sucesso do e-commerce tem atraído cada vez mais jovens, e se diferenciam as empresas que fazem seus profissionais se entenderem e valorizarem o fato de serem antes de tudo comerciantes, e buscarem na simples acepção dos fatos, serem bons vendedores, aliando a isso o propósito de perpetuarem seus comércios através da criação de uma relação de longo prazo com seus clientes. Essas empresas com certeza estarão trilhando um caminho de sucesso que nunca se mostrou errado durante toda a História da humanidade.