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Por que levar sua loja online para os marketplaces?

Por: Cláudio Dias

Co-founder e CEO da Magis5

Co-founder e CEO do Magis5, possui vasta experiência em varejo e e-commerce. Formado em Direito e com MBA, também tem uma formação consolidada em gestão e governança de empresas tech.

Desde o início da pandemia, houve um aumento significativo nas compras online no Brasil, com 98% dos brasileiros optando por essa modalidade.

Essa informação é proveniente da Agência Marco, cujos dados foram divulgados em dezembro de 2022, destacando o enorme potencial do comércio eletrônico. Esse cenário tem impulsionado o surgimento de diversos negócios durante a pandemia. Além disso, é interessante notar que um percentual semelhante de consumidores prefere utilizar os marketplaces para realizar suas compras, como será explorado em detalhes ao longo deste artigo.

Portanto, é importante que aqueles que estão em e-commerces próprios entendam a força de tais marketplaces e o porquê deveriam migrar para eles ou incluí-los em seus canais de vendas a fim de aumentar sua visibilidade no comércio eletrônico.

Primeiro, o que entendemos sobre marketplace?

Um marketplace é uma plataforma virtual que funciona como um shopping online, no qual diferentes marcas e lojas são reunidas em um único local. Enquanto as galerias e os shoppings tradicionais concentram lojas físicas em um espaço físico, os marketplaces são sites que proporcionam uma experiência de compra conveniente, oferecendo uma ampla variedade de produtos e marcas em um único site.

Relevância dos marketplaces para lojas online próprias

Estar em um marketplace é estar em um espaço com regras de terceiros, e que também não tem todos os recursos de branding e marketing de um site exclusivo da marca. No entanto, os dados sobre o segmento mostram o quanto é estratégico estar nesses espaços:

95% das compras online são realizadas em marketplaces

Segundo um estudo da UPS Pulse of the Online Shopper 2019, a grande maioria dos brasileiros que compram online fazem isso em marketplaces. No mundo todo, a preferência também é por esses shoppings virtuais – 96% preferem esse tipo de e-commerce. Já no Brasil, 95% das compras online são realizadas em marketplaces.

A pesquisa também revelou que 44,1% dos entrevistados pretendem comprar mais nos marketplaces em um período relativamente curto, um ano.

Internacionalização do negócio

A pesquisa da UPS Pulse ainda identificou a tendência de compras cross border, ou seja, realizadas pelos consumidores em outros países. A exportação parece um grande e burocrático passo para o seller, e pode ser mesmo. Porém, nos marketplaces, é possível contar com um pouco mais de facilidade para vender fora do país.

O AliExpress, por exemplo, traduz, automaticamente, os anúncios para 18 idiomas. É apenas um dos passos para vendas internacionais. Mas, além da tradução, o seller vai contar com o alcance do marketplace e a confiabilidade dos consumidores nessas plataformas.

Crescimento em 2022

O boom dos marketplaces aconteceu durante o primeiro ano de pandemia, com 67% de crescimento das vendas em 2020. Porém, o avanço dessa modalidade de venda é contínuo, como a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostra que, em 2022, o setor faturou R$ 135,6 bilhões.

Análise dentro das plataforma antes de comprar

Comparar preços é uma prática comum entre os consumidores, porém, os canais utilizados para essa análise estão passando por mudanças significativas. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, essa tendência também se reflete no setor de moda. Atualmente, 98% dos consumidores comparam preços e, desses, 40% utilizam sites de busca como o Google, enquanto 22% realizam essa análise diretamente nos marketplaces.

Essas estatísticas evidenciam a crescente preferência dos consumidores por utilizar os marketplaces como uma opção prática e conveniente para comparar preços e encontrar as melhores ofertas.

Por que e como levar lojas online para marketplaces?

Ampliar o alcance e os lucros

Estar em marketplaces, como Mercado Livre, Shopee, Americanas e outros, é colocar em uma grande vitrine o que o seller tem a oferecer. Dessa forma, além do alcance e da visibilidade, a loja amplia as possibilidades de vendas.

Como sempre é ressaltado, só estar nessas plataformas não é suficiente para o sucesso – a presença deve vir acompanhada de uma boa estratégia.

Aproveitar o marketing realizado pelos marketplaces

As lojas online que estão nos marketplaces têm uma série de oportunidades para promover seus produtos, e aproveitar o grande investimento que essas plataformas realizam em suas campanhas de marketing pode ser benéfico para os lojistas.

A Shopee, por exemplo, promove liquidação em datas duplas, como 09/09, 11/11 e similares. Dessa forma, o seller pode aderir às ações, atrair mais clientes para seus anúncios e aumentar seu faturamento.

Além disso, é possível utilizar campanhas pagas (Mercado Ads e Shopee Ads, por exemplo) dos marketplaces que, com pouco investimento, podem garantir maior visibilidade para sua marca.

Facilidade

As plataformas e o atendimento dos grandes marketplaces facilitam a presença nos sites para o seller, permitindo que os empreendedores se integrem de maneira simples e ágil a seus marketplaces. Alguns têm programas com cursos e informações disponíveis para o vendedor poder melhorar sua performance.

O suporte também ajuda nas questões ligadas a problemas técnicos, resoluções de problemas com seus clientes, anúncios etc., além de suas plataformas serem intuitivas para as tarefas operacionais, como cadastro de produtos, anúncios e muito mais.

Em quais marketplaces os empreendedores devem estar?

O empreendedor não deve se limitar a estar presente em apenas um ou dois marketplaces, porém, nem sempre é aconselhável fazê-lo indiscriminadamente. É fundamental analisar com cuidado quais estão alinhados com o negócio e com a capacidade de atender às demandas dos clientes.

Além disso, é importante considerar que existem marketplaces de nicho, como o Madeira Madeira, especializado em móveis, a Pet Love, voltada para o segmento de animais de estimação, e a Rihappy, focada em brinquedos, entre outros exemplos.

Em certos casos, é mais estratégico listar produtos em menos canais, mas escolher aqueles que sejam mais relevantes para o nicho de mercado em questão. Isso pode resultar em menor concorrência e um público mais qualificado, composto por consumidores que estão especificamente buscando produtos dentro desse nicho.

O leque de opções é grande, portanto, é preciso ter consciência de que é necessário se organizar para fazer as melhores escolhas para cada tipo de negócio.

Como começar a vender e a melhorar as vendas nos marketplaces

É preciso ter atenção desde o início nos marketplaces. Nessa etapa, é necessário ir com o pensamento mais de aprendizado do que de grandes vendas, é o momento de entender como os grandes e-commerces funcionam e o potencial para cada negócio. Algumas dicas podem ajudar bastante nessa fase inicial.

Seleção de marketplaces

Primeiro, é preciso escolher em quais marketplaces estar. É indicado começar aos poucos para entender o funcionamento desses sites. Embora cada um tenha regras específicas, é possível compreender a lógica geral dessas plataformas antes de investir esforços na expansão. Nesse momento, é importante realizar muitos testes, analisar os aprendizados e as melhorias para depois decidir estar em mais marketplaces ou não.

Estrutura

Os marketplaces, de forma geral, ajudam as lojas virtuais a operarem com uma estrutura mais enxuta. Porém, é preciso se preparar: a demanda pode aumentar mais do que o imaginado e impactar a experiência do cliente. Então, pontos como estoque, equipe e outros precisam ser analisados e, muitas vezes, ampliados.

As avaliações são bastante importantes para o seller conseguir vantagens, como subsídios de frete, estar à frente das buscas internas e outras. Assim, é preciso muito cuidado em como operacionalizar a entrada nos marketplaces. O bom trabalho possibilita ampliar a atuação e os lucros.

Precificação

Os valores dos produtos na loja virtual própria nem sempre podem ser os mesmos dos marketplaces. Isso porque há taxas específicas do site que, se não forem bem calculadas, podem ocasionar prejuízos. Assim, em vez de melhorar a lucratividade, a margem pode encolher. Para não errar, é recomendado usar planilhas de precificação com a comissão de cada marketplace ou mesmo ferramentas que fazem isso para o empreendedor de maneira automática.

Ampliando a presença em marketplaces

Após realizar os primeiros testes nos marketplaces, é hora de dar passos maiores nos e-commerces.

Formalize os aprendizados

A fase inicial da loja virtual nos marketplaces deve ser encarada como um momento de aprendizado, vale repetir. Isso ajuda o empreendedor a não se perder com o tempo, registrar o que funcionou e o que pode ser melhorado, ou seja, os aprendizados dessa fase são fundamentais.

O potencial dessa prática aumenta quando é realizado com uma equipe multidisciplinar. Assim, cada um pode contribuir com sua visão técnica e enriquecer o entendimento geral da presença nos marketplaces.

Utilizar um integrador de marketplaces

Estar em múltiplos marketplaces pode ser uma boa estratégia, mas será muito trabalhoso se tudo for feito manualmente. Portanto, é ideal que o empreendedor utilize um integrador para centralizar seus dados nessas plataformas em um único local para ter mais controle e agilidade.

Integradores de marketplaces, ou hubs, também podem concentrar muitas outras tarefas e informações, como relatórios, geração de nota fiscal, criação de anúncios e muito mais.

Foco na experiência do cliente

Negócios bem-sucedidos têm o cliente no centro desde o início. Com a progressão da loja online nos marketplaces, é preciso ainda mais cuidado, pois a demanda aumenta e os processos podem se perder.

Marketplaces como Mercado Livre estão cada vez mais dando maior foco para a experiência do consumidor, tendo políticas mais severas para vendedores que não cumprirem prazos.

Também é válido lembrar que, se um cliente satisfeito é o melhor divulgador, um insatisfeito torna-se detrator. Assim, pode fazer comentários negativos para conhecidos e até mesmo publicamente, em sites como Reclame Aqui, Google Meu Negócio ou mesmo nos comentários de seus anúncios dentro dos marketplaces.

Levar e-commerces para esses grandes shoppings online pode representar um salto no crescimento do negócio, desde que de forma estratégica. Portanto, é necessário ter as melhores práticas e uma visão de melhoria contínua.