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O Estado versus o E-commerce

Por: Jean Makdissi

Experiência de 22 anos no mercado B2B e B2C de vestuário. Founder e CEO da IntimaStore.com e Diretor Executivo do Grupo Cleutex, fundado em 1966. Administrador de Empresas e Mestre em Gestão de Competitividade para o Varejo pela FGV. Dirigente da Associação de Lojistas do Brás e membro do Conselho de Curadoria do E-commerce Brasil.

O que fazer com um setor da economia que cresce vigorosamente numa época de recessão econômica? Provavelmente você responderá incentivá-lo ainda mais. Melhorar os seus fundamentos e favorecer o seu desenvolvimento, pois com o seu dinamismo ele poderá alavancar outros setores da economia que consequentemente crescerão a reboque.

Mas você não é o Estado Brasileiro. Para o Estado Brasileiro, as coisas não funcionam dessa forma e ao que parece, o crescimento de dois dígitos que o E-commerce apresentou nos últimos 10 anos ativou no Estado um antigo hábito, seu velho senso de oportunidade. “Opa! Se este setor está se desenvolvendo tanto, precisamos tirar a nossa casquinha…”.

E é isso que temos visto. Uma interferência massiva e predatória do Estado, que busca subsidiar sua ineficiência e tamanho colossal através do oportunismo da tributação e burocracias impositivas e insensatas, aonde a sua gana é tão desenfreada que não se importa em matar a galinha, mesmo que isso represente o fim de sua fonte de ovos.

A interferência do Estado na economia é nefasta, pois além de tudo é determinada por um corpo formado por políticos e tecnocratas com baixo ou nulo conhecimento técnico e sem nenhuma orientação pragmática, guiada tão somente por uma sede incessante de recursos.

Nós profissionais do E-commerce estamos sentindo na pele esta realidade e percebendo que a recompensa de crescer no Brasil é tornar o seu negócio menos lucrativo e mais burocratizado. Não é a toa que muitos empresários preferem desmembrar seus negócios ou interromper seu crescimento, a ultrapassar a faixa de faturamento do regime de tributação simplificado. As regulamentações, burocratizações e taxações escorchantes têm desestimulado e inviabilizado milhares de operações pelo Brasil.

O Estado Brasileiro atingiu dimensões colossais, o que provoca uma necessidade infinita de financiamento, que é reforçada e incentivada pela corrupção. Para piorar, o sistema político é perverso, perpetua e agrava cronicamente esta situação.

Curiosamente, o sistema cria uma zona de conforto fictícia, aonde os empreendedores e cidadãos entendem que não devem se envolver na política e contentam-se em eventualmente darem opiniões esparsas e sem força nas redes sociais ou em rodas de conversas com amigos. Mais um elemento fundamental para ajudar a perpetuar o problema.

A você leitor, que se identifica com essa realidade e deseja mudar esse estado de coisas, melhorar o ambiente de negócios no Brasil e em última análise deixar um país melhor para as próximas gerações, informo que não há outro caminho a não ser entender que você precisa fazer parte da solução, pois senão, você será parte do problema. A apatia e a ignorância são em última análise, tudo o que os líderes perversos desse Estado desejam.

Os cidadãos de bem precisam se unir em torno de propostas concretas que busquem a redução do tamanho do Estado e a diminuição consistente da interferência na vida dos cidadãos e das empresas, pois certamente isso permitirá a criação de um ambiente que estimulará e proporcionará o crescimento econômico, a geração e a consequente distribuição de riquezas.

Existem inúmeras formas de fazer a diferença e ser parte da construção desse novo Brasil. O bom exemplo é o início de tudo, mas uma coisa é fundamental, a união. Unir-se a pessoas com o mesmo pensamento e dessa forma ajudar a pavimentar esse novo caminho é fundamental, e não vejo ferramentas mais eficientes do que as associações e entidades de classe. Ao mesmo tempo usar e abusar das Redes Sociais, que estão repletas de grupos e comunidades de discussão e por fim filiar-se a um partido político, que em última análise é o único caminho efetivo para mudanças executivas e legislativas.

Somente a união e fortalecimento setorial através do direcionamento de esforços e organização das demandas, forçarão que a política seja feita em prol da sociedade e não em prol de políticos egoístas e de seus grupos partidários.

A acomodação da sociedade nos fez chegar ao ponto aonde chegamos, e se nosso plano não é se mudar do Brasil, devemos nos perguntar se não devemos a esta pátria algum esforço nesse sentido. Não há mudança sem esforço, e não há esforço sem desconforto.

Ideias novas estão surgindo no país, ideias que poderão fazer a diferença. Estejamos atentos e dispostos a dedicar nosso tempo e esforço para a construção de um país melhor. Certamente, o quanto antes pudermos implementar essa união e dedicação, mais cedo poderemos desfrutar de um ambiente de negócios mais saudável e de uma sociedade mais civilizada. Afinal, nós somos a maioria.