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O Brasil tributa muito, mas o que mais pesa é o que deixamos de planejar

Por: Samira Munaier

Samira Munaier, Planejadora Financeira Certificada Globalmente CFP®, atua na gestão de patrimônio e planejamento financeiro estratégico de alta renda. Com quase 20 anos de experiência no mercado financeiro, iniciou sua carreira no Banco do Brasil e hoje atua na Monte Bravo, uma das maiores corretoras de investimentos do Brasil, com estrutura de especialistas em eficiência fiscal e tributária, wealth planning, investimentos no exterior e principalmente family office.

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Quando se fala em eficiência fiscal, muitos ainda associam o tema a manobras complexas ou estratégias reservadas a grandes grupos empresariais. Mas, na prática, o que vejo é que a maioria das famílias de alta renda perde dinheiro simplesmente por não planejar. São pessoas com patrimônio de cinco, dez milhões de reais, que seguem investindo de forma padronizada e acabam pagando mais impostos do que deveriam.

Pessoa calculando investimentos e impostos, com gráficos digitais sobrepostos.
Imagem: Freepik.

O sistema tributário brasileiro é, de fato, complexo. E ele se tornará ainda mais desafiador nos próximos anos, com as reformas que avançam sobre a renda e o capital. Isso exige uma mudança de mentalidade: não basta diversificar investimentos; é preciso diversificar também as estruturas e os regimes tributários que sustentam o patrimônio.

Eficiência fiscal como filosofia de gestão de riqueza

Eficiência fiscal não é uma tática momentânea, mas uma filosofia de gestão de riqueza. Trata-se de entender como cada decisão de investimento, seja da escolha de um ativo à forma jurídica de detenção, impacta o resultado líquido e o legado familiar. Um mesmo investimento pode ser altamente vantajoso em um contexto e ineficiente em outro, dependendo de como é estruturado.

No meu dia a dia, observo que a maior parte das ineficiências vem da automatização. Os bancos ainda entregam soluções padronizadas, sem olhar o quadro completo: sucessão, alíquotas futuras, liquidez e horizonte de tempo. O resultado é um portfólio que até cresce, mas não preserva. Essa diferença, entre crescer e preservar, é o que define o verdadeiro sucesso financeiro de longo prazo.

Antecipar é planejar para o futuro tributário

Planejar é, essencialmente, antecipar. Antecipar mudanças de legislação, oscilações de mercado e até transições geracionais. Um bom planejamento tributário não promete milagres; ele oferece previsibilidade, sustentabilidade e autonomia sobre o próprio patrimônio.

Num país onde a carga tributária é alta e as regras mudam constantemente, o investidor que não se organiza paga caro por isso – às vezes, sem perceber. A eficiência fiscal não é um luxo, é uma necessidade de quem deseja que o fruto de uma vida de trabalho permaneça onde sempre deveria estar: com o próprio investidor e sua família.