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Muito além de um CRM: como impulsionar a fidelização e as vendas no varejo?

Por: Flavio Nijis

Diretor Geral da Wake Experience

Formado em administração de empresas pelo IBMEC e apaixonado por tecnologia, fez parte de iniciativas pioneiras de omnicanalidade e CRM, atuando por mais de 16 anos no varejo. Iniciou a carreira na Richards, fazendo parte em 2010 da InBrands e passou pela S2 Holding. Realizou projetos como consultor em diversas empresas com foco em inovação. Empreendeu na Sellbie, startup de CRM, atuando como COO. Entrou na VTEX em 2018, apoiando o desenvolvimento das áreas de produto, professional services e Customer success, onde vivenciou o crescimento da empresa e seu IPO em NY. Desde junho faz parte da WAKE, iniciativa da Locaweb Company que consolida as empresas do grupo com aptidão para atuar com médias e grandes empresas, como diretor geral da WAKE Experience, unidade que atua com foco em CRM, transformando dados em experiências que geram resultados.

O varejo vive um paradoxo: nunca houve tanto acesso a dados sobre o consumidor, mas poucas empresas conseguem usá-los de maneira realmente eficaz. O CRM, por anos visto como a solução definitiva para gestão de clientes, é insuficiente em um mundo onde a interação entre marcas e consumidores é omnichannel, fluida e, acima de tudo, imprevisível.

Veja por que o CRM, sozinho, não é mais suficiente para entender o consumidor moderno e como a Customer Data Platform pode transformar a personalização no varejo.

Criado para organizar informações sobre clientes já conquistados, o CRM é eficiente para estruturar dados transacionais e disparar campanhas segmentadas. No entanto, sua limitação fica evidente quando olhamos para a complexidade do comportamento do consumidor moderno. Ele transita entre canais online e offline, interage nas redes sociais, pesquisa produtos no Google, assiste a lives de influenciadores e espera uma comunicação coerente, independentemente do ponto de contato. O CRM, sozinho, não tem capacidade para conectar todas essas interações e extrair insights acionáveis em tempo real.

A evolução para a customer data platform (CDP)

É aqui que entra a Customer Data Platform (CDP). Diferentemente do CRM, que organiza informações estruturadas, a CDP centraliza dados de múltiplas fontes e cria uma visão unificada do consumidor. Isso significa que interações via WhatsApp, redes sociais, site e loja física são conectadas em um único perfil, permitindo uma análise muito mais precisa do comportamento do cliente.

E os números mostram o impacto dessa mudança. Um estudo da Twilio Segment revelou que 89% das empresas que implementaram uma CDP viram melhoria significativa na personalização das campanhas e no engajamento dos clientes.

Mas uma CDP, por si só, também não resolve todos os desafios. O diferencial competitivo vem da combinação com inteligência comportamental, que transforma dados brutos em previsões precisas sobre as próximas ações dos consumidores. A análise de padrões de comportamento permite que as marcas antecipem desejos e necessidades, oferecendo produtos e experiências personalizadas no momento certo.

Personalização e fidelização como diferenciais estratégicos

A Amazon é um exemplo emblemático desse modelo. Combinando dados transacionais, navegação e histórico de compras, a empresa consegue prever quais produtos serão do interesse de um cliente antes mesmo que ele faça uma busca ativa. Essa estratégia gerou um aumento expressivo na taxa de conversão e na retenção de clientes. No Brasil, varejistas que apostam nessa abordagem também colhem resultados expressivos. Redes como Magalu e Renner têm investido pesado em CDPs e inteligência artificial para otimizar ofertas e recomendar produtos com base no histórico de navegação e nas interações com a marca. O resultado é um crescimento consistente em engajamento e faturamento.

A estratégia de personalização também impacta diretamente a fidelização. De acordo com a Bain & Company, um aumento de apenas 5% na retenção de clientes pode gerar um incremento de até 95% nos lucros da empresa. Isso acontece porque clientes recorrentes tendem a gastar mais, interagir mais e ter um ciclo de vida mais longo com a marca.

Para os decisores do varejo, o recado é claro: continuar apostando apenas no CRM significa abrir mão de oportunidades valiosas. Empresas que querem crescer de forma sustentável precisam de uma abordagem mais sofisticada, que una tecnologia e inteligência de dados para criar experiências realmente conectadas. O futuro não está apenas na coleta de informações, mas na capacidade de transformá-las em insights acionáveis. Quem entender isso primeiro terá uma vantagem competitiva inestimável.