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IA generativa e e-commerce: como capturar milhões de visitas pelo ChatGPT

Por: Rafael Hertel

Country Marketing Manager Brasil na Hostinger

Especialista em marketing digital e Country Manager da Hostinger no Brasil.

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A maneira como os consumidores buscam informações e decidem o que comprar está mudando mais rápido do que os e-commerces conseguem acompanhar. A inteligência artificial generativa está reformulando a jornada de compra no ambiente digital e alterando os padrões de aquisição de tráfego.

Pessoa utilizando um laptop onde a tela exibe a interface do ChatGPT
Imagem: Freepik.

Nos últimos dois anos, mais de seis milhões de visitas foram direcionadas aos maiores e-commerces brasileiros a partir de links gerados pelo ChatGPT, segundo estudo da Similarweb.

Esse dado mostra que a IA começou a atuar como ponte direta entre intenção de compra e lojas virtuais, impactando diretamente as estratégias de visibilidade digital. Hoje, o Brasil já é o terceiro maior mercado global de IA generativa, e o ChatGPT representa 67% de todo o tráfego nacional de chatbots.

Ao contrário das buscas tradicionais, baseadas em palavras curtas e respostas imediatas, as consultas feitas por IA são mais extensas, contextuais e envolvem uma etapa de decisão mais madura.

Elas chegam a utilizar em média 23 termos e durar mais de sete minutos, o que significa que o usuário está mais perto da conversão quando chega ao site indicado por uma inteligência artificial. Em outras palavras, esse tráfego tende a ser mais valioso do que aquele capturado por um clique no Google.

GEO ganha espaço nas estratégias de performance

Quando falamos em SEO, pensamos em otimizar páginas para aparecer bem posicionadas nos resultados de busca. No entanto, com o avanço da IA generativa, entramos na era do GEO (Generative Engine Optimization).

A mudança pode parecer sutil, mas é relevante: enquanto o SEO se concentra em posicionar links, o GEO busca posicionar informações confiáveis citadas diretamente nas respostas da IA.

Aqui, a preocupação deixa de ser apenas em qual posição o link aparece e passa a ser se o conteúdo da sua marca é reconhecido como autoridade pela IA. A menção passa a valer mais do que o clique, e a relevância contextual mais do que a repetição de palavras-chave.

Na prática, observamos que o ChatGPT prioriza conteúdos transparentes e orientados à tomada de decisão. Ou seja, é necessário demonstrar expertise e antecipar dúvidas que o cliente ainda não sabe que tem.

Como capturar visitas via ChatGPT

Com base na experiência acompanhando essa transformação no mercado, recomendo que os e-commerces que desejam capturar tráfego via IA comecem por ações como:

– Simular, no ChatGPT, perguntas reais de clientes sobre produtos ou categorias que você vende e observar como a IA responde;

– Analisar essas respostas e identificar quais informações o seu site ainda não aborda de forma detalhada;

– Produzir conteúdos que esclareçam dúvidas profundas, como comparativos, análises técnicas e recomendações consultivas;

– Criar FAQs estratégicos, que vão além do básico e simulam conversas reais com o cliente em diferentes etapas de decisão;

– Refazer testes periodicamente, observando como sua marca passa a aparecer nas recomendações da IA ao longo do tempo.

Na prática, percebo que, quando o conteúdo “soa como uma conversa com o cliente”, ele é interpretado pela IA como mais útil e relevante.

Produção de conteúdo para busca conversacional preditiva

Criar textos apenas para ranquear deixou de ser suficiente. A busca via IA exige:

– conteúdos que detalhem cenários de uso;

– comparações honestas;

– orientação consultiva para a tomada de decisão;

– embasamento em dados, estudos e exemplos reais.

A estrutura ideal se aproxima de um diálogo entre especialista e consumidor. Minha recomendação é: escreva como quem está explicando para alguém que realmente quer comprar, mas precisa de confiança para avançar. Quando a IA detecta transparência e profundidade, tende a recomendar.

Suportar o tráfego é tão importante quanto capturá-lo

Essa nova fonte de tráfego, por mais qualificada que seja, pode se tornar um desafio se o e-commerce não estiver preparado para recebê-la. Estamos falando de usuários com alto potencial de conversão, mas também com expectativa elevada em relação à experiência digital.

Para garantir performance, é essencial contar com:

– hospedagem escalável, preparada para picos de acessos;

– velocidade de carregamento eficiente, sobretudo em dispositivos móveis;

– segurança e conformidade com a LGPD, principalmente por se tratar de recomendações personalizadas;

– sistemas integrados, garantindo consistência entre informações exibidas, recomendadas e processadas.

Afinal, não adianta ser citado pela IA se a página demora para carregar ou apresenta dados desconexos com a expectativa criada.

Os novos KPIs da era da IA

Se antes o foco era apenas CTR e ranking, agora precisamos considerar:

– menções da marca nas respostas da IA;

– contexto em que essa recomendação aparece;

– taxa de conversão assistida por IA (mesmo sem ser o último clique);

– intenção projetada do usuário durante a consulta, já que esse tempo de interação é longo e rico.

Esses indicadores revelam o impacto real do conteúdo antes mesmo da visita ao site.

Estar fora do radar da IA é perder oportunidades de valor

A inteligência artificial já transformou a forma como os consumidores se informam, comparam e decidem. E se milhões de visitas já são geradas por ela hoje, imagine o impacto nos próximos anos.

Acompanhando de perto essa evolução, posso afirmar: não se adaptar a esse novo cenário será mais prejudicial do que não aparecer no Google.

A mudança já aconteceu. Agora, o que vai diferenciar as marcas líderes daquelas que perderão relevância é a capacidade de se tornar referência para a IA e estar preparada para receber esse tráfego altamente qualificado.

O próximo grande player do seu mercado provavelmente já está sendo citado por uma IA. E você?