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Febraban Tech 2023: o futuro é sustentável e digital

Por: Marcelo Queiroz

Head de Estratégia de Mercado na ClearSale

Profissional com mais de 20 anos de experiência em Tecnologia da Informação e Consultoria, Marcelo Queiroz é graduado em Matemática pela UERJ e em TI pela FASP. Tem MBA em Branding Innovation pela Faculdade Rio Branco (SP), especialização em Tecnologia e Inovação (Design Thinking) e pós-graduação em Gestão de Projetos pela FIAP (SP). É especialista no desenvolvimento de soluções de prevenção e combate a fraudes para o mercado financeiro, e chegou à ClearSale em agosto de 2019 como executivo comercial sênior voltado para o segmento financeiro, ajudando os clientes a tomarem as melhores decisões em relação a fraudes e risco. No entanto, com atuação de grande destaque, tornou-se rapidamente o head de Estratégia de Mercado, função que exerce atualmente na empresa.

Fomos contemplados com mais uma edição do Febraban Tech, tido como o ponto de encontro do mercado financeiro – e não à toa. Foram três dias submersos em onze trilhas de conteúdos repletos de inovação e tecnologia, com a presença de grandes nomes, como Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança de Clima, além dos presidentes dos principais bancos do país. O evento repercutiu temas como inteligência artificial, sociedade digital, sustentabilidade, Web3 e Real Digital, ministrados por algumas das mentes mais brilhantes do mercado. Entre tantas palestras incríveis e ricas trocas de experiências, trarei a seguir os principais insights e as lições que aprendi (até agora).

Confira os principais insights e as lições que o autor aprendeu (até agora) na Febraban Tech 2023.

Sustentabilidade no centro

Na palestra de abertura, o auditório Febraban recebeu os presidentes de alguns dos maiores bancos do Brasil para debater sobre bioeconomia e as oportunidades que a sociedade digital proporciona. E aqui quero propor uma reflexão sobre o cenário complexo em que estamos inseridos do ponto de vista de sustentabilidade, como destacado por Maria Rita Serrano, presidente da Caixa, ao mencionar o tema como emergente quando se pensa no futuro da humanidade.

Nessa direção, Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, citou que todos da mesa são sócios do mesmo desafio. Embora concorrentes, é preciso andar na mesma direção, ou seja, não adianta pensar apenas em ações isoladas quando relacionadas à sustentabilidade.

Também não posso deixar de comentar a apresentação da ministra do Meio Ambiente e Mudança no Clima, Marina Silva – talvez a mais aguardada no último dia do evento -, que trouxe questões importantes sobre sustentabilidade, meio ambiente, clima e bioeconomia como políticas de Estado. Segundo a ministra, a Amazônia é responsável pela produção de 20 bilhões de toneladas de água por dia, e 75% do PIB da América do Sul está relacionado às chuvas geradas por essa região, enfatizando a necessidade de integração entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Para os próximos anos, ficou clara sua determinação em fazer do Brasil uma potência agrícola e ambiental, com foco no fortalecimento da democracia, do combate à desigualdade e da proteção das riquezas naturais.

Novas tecnologias e a digitalização

Para além da economia verde, Roberto Sallouti, CEO do BTG, se posicionou em relação à inovação. Para o executivo, a tecnologia deixou de ser uma área de apoio e se tornou uma área transversal, caracterizando uma transformação de cultura e até de recrutamento. Especialmente no setor financeiro, Sallouti ressaltou que o investimento em novas tecnologias beneficia principalmente o consumidor, que passa a contar com serviços acessíveis e personalizados.

A boa notícia é que, como bem colocado por Maria Rita, da Caixa, a digitalização pode (e precisa) ser utilizada para melhorar o mundo. A caráter de representação, ela citou como exemplo a tecnologia que o banco usou durante a pandemia para criar em tempo recorde um aplicativo que pudesse atender os 60 milhões de brasileiros, o Caixa Tem, que garantiu o pagamento do benefício a 40 milhões de pessoas que antes estavam desbancarizadas. Atualmente, são mais de 150 milhões de transações que passam pelo aplicativo.

Mercado tech e os profissionais do futuro

No segundo dia, CIOs de grandes bancos brasileiros se reuniram novamente para debater a importância da tecnologia no centro dos negócios. Ricardo Guerra, CIO do Itaú, trouxe para o debate reflexões acerca das habilidades essenciais para o trabalho na área de tecnologia, ressaltando a importância de competências técnicas combinadas com capacidade de aprendizado constante, o que sugere a necessidade de aproximar profissionais de tecnologia dos desafios do negócio.

Luis Bittencourt, CIO do Santander, complementou destacando que a liderança em tecnologia deve atuar como facilitadora em todas as áreas, lembrando que, apesar do avanço tecnológico, as pessoas continuam sendo o cerne de tudo.

Nesse cenário, a questão da participação feminina no mercado de tecnologia também ocupou o centro do debate, como destacado por Adriana Salgueiro, vice-presidente de tecnologia e digital da Caixa, ao evidenciar que, embora animador ver cada vez mais mulheres ocupando posições de destaque nas áreas de tecnologia e liderança, ainda há pouca representatividade. A executiva reforçou o argumento ao resgatar o dado de que, segundo o relatório setorial da Brascom de 2022, apenas 39% dos profissionais de tecnologia são mulheres, apesar de representarem 51% da população brasileira.

Embora desafiadores, esses dados revelam que as empresas precisam construir uma cultura organizacional sólida, com iniciativas voltadas para os temas de equidade de gênero e inclusão, contribuindo também para aproximar mulheres da formação em tecnologia.

Real Digital e a era Web3

No Auditório Febraban Cinza, o painel destacou um dos temas mais discutidos no momento: o Real Digital. O debate contou com a participação de especialistas do setor financeiro e blockchain, que abordaram diversos tópicos importantes relacionados à moeda digital e suas possibilidades. No Brasil, um desafio interessante a ser resolvido: a privacidade dos usuários. Com o objetivo de encontrar um equilíbrio entre privacidade e oferta de produtos, o piloto do Real Digital foi aberto, incluindo a participação da ClearSale.

A identidade descentralizada na era da Web3, e seus impactos no setor financeiro, também foi pauta. Os executivos focaram bastante no quanto a identidade digital descentralizada é capaz de ajudar nos desafios da gestão de risco neste momento, no qual a fraude está em alta em todos os setores. A colaboração e o compartilhamento de conhecimento e informação, desde que em conformidade com as regulamentações de segurança, tendem a criar uma rede de proteção que pode até mesmo desencorajar os criminosos quando perceberem que o sucesso dos golpes já não é mais tão comum.

O Open Finance é um ótimo exemplo disso, principalmente pelo apoio que ele pode trazer em serviços de concessão de crédito e outras coisas. Tudo isso se reverte em melhor experiência e oportunidades de negócio.

Fico feliz em ter participado de mais uma edição do Febraban Tech, que se mantém como solo fértil para trocas de conhecimento e experiências enriquecedoras. Me despeço do evento com o sentimento de gratidão por tantos aprendizados em poucos dias. Ano que vem, certamente, estarei na próxima edição, com a certeza de que será ainda mais promissora.