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E-commerce em crescimento, mas sob ataque: como conciliar conveniência e segurança

Por: Eduarda Camargo

Chief Growth Officer da Portão 3 (P3)

Com mais de 10 anos de experiência na área de marketing, atuando como Chief Growth Officer e responsável pela Aquisição e receita de novos clientes na Portão 3, esta executiva é especializada em gestão de crise, crescimento e posicionamento de marca. Sua carreira inclui passagens por empresas como Zoop, Hurb (anteriormente conhecido como Hotel Urbano), Ancar Ivanhoe, HSBC, Bradesco e Losango. Além disso, ela também é habilidosa em fornecer treinamentos de media training para executivos de alto escalão, tendo trabalhado com a liderança sênior da Elgin. Seu amplo escopo de atuação abrange diversos setores, incluindo tecnologia, serviços financeiros B2C e B2B, e-commerce, turismo, indústria e varejo, demonstrando um conhecimento abrangente em projetos de comunicação integrada.

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O comércio eletrônico vive um momento de expansão sem precedentes: cresce em ritmo acelerado, movimenta trilhões de dólares e está cada vez mais presente na rotina dos consumidores. Mas, junto com o avanço, vem um desafio crítico e crescente: as fraudes digitais.

Mão se aproxima da tela de um notebook que exibe uma digital luminosa.
Imagem: Envato.

Segundo o relatório O Futuro do E-commerce, da Veriff, o e-commerce brasileiro registrou em 2024 uma taxa de 1,62% de fraudes autorizadas – aquelas em que a própria vítima consente a transação de forma enganada. O número é alarmante: 18 vezes superior à média global, posicionando o país entre os mercados mais vulneráveis a esse tipo de crime.

Os marketplaces são especialmente visados. Mais de 20% das tentativas de fraude envolvem documentos falsos ou adulterados, evidenciando que golpes deixaram de ser exceção e passaram a fazer parte do cotidiano digital. Para equilibrar conveniência e segurança, tecnologias como biometria, verificação de identidade em múltiplas camadas e machine learning deixaram de ser diferenciais e tornaram-se essenciais. Hoje, 83% dos marketplaces já utilizam algum tipo de verificação de identidade, e 81% planejam expandir o uso dessas ferramentas.

Fraudes cada vez mais sofisticadas

O panorama das fraudes é amplo e cada vez mais sofisticado. Entre os tipos mais comuns estão o uso de cartões de crédito roubados, chargebacks indevidos, devoluções fraudulentas, roubo de conta e solicitações falsas de reembolso. Em 2024, a fraude de reembolso foi a mais recorrente, atingindo quase metade dos varejistas online, enquanto outros 45% sofreram com a chamada “fraude amigável”, quando o próprio consumidor abusa das políticas de devolução. O impacto é expressivo: 35% das empresas norte-americanas relataram perdas por fraudes, e 13% estimaram que essas perdas representaram cerca de 20% da receita anual.

Inteligência artificial: aliada e ameaça

A inteligência artificial desponta nesse contexto como aliada e ameaça. Para 61% dos especialistas, fraudadores já utilizam IA em suas ações. Em resposta, 64% das empresas do setor aplicam machine learning para detectar e prevenir ataques, e outros 20% planejam adotar a tecnologia até 2026. Entre as aplicações mais eficazes estão a identificação de padrões de fraude, análise de comportamento de usuários e automatização de processos de verificação – recursos que permitem agir antes que o golpe se concretize.

O equilíbrio entre segurança e conveniência

O dilema do e-commerce moderno é, portanto, estrutural: como garantir velocidade, conveniência e personalização – elementos indispensáveis para competir – sem comprometer a segurança e a confiança do consumidor? Com o setor movimentando US$ 4,1 trilhões em 2024, a resposta exige investimento contínuo em tecnologia, cultura de prevenção e, sobretudo, a compreensão de que cada transação segura é também um investimento em reputação e sustentabilidade do negócio.

No fim, o varejo online mostra que o futuro do e-commerce não depende apenas de oferecer uma boa experiência de compra, mas da capacidade das empresas de protegerem seus clientes enquanto entregam conveniência. Ignorar essa equação é não perceber que, em um ambiente digital cada vez mais complexo, segurança não é custo – é vantagem competitiva.