Para gestores que construíram suas carreiras dominando o cenário do e-commerce, o sucesso sempre foi definido pela capacidade de transitar em canais de distribuição mais populares: grandes marketplaces e plataformas onde a atenção do cliente está presa. A lógica é simples: estar onde o cliente já está.

No entanto, o que acontece quando a própria fundação desse modelo começa a ser questionada? Com a guerra de preços dos marketplaces, fica cada vez mais difícil lucrar com vendas online, fazendo com que esse gestor procure outras formas de trazer segurança e sensação de benefício a novos clientes e fidelizando suas bases, não perdendo o engajamento e trazendo ainda mais proximidade ao cliente.
A ascensão do D2C
É nesse cenário que o Direto ao Consumidor (D2C) surge como um modelo inovador, que exige uma completa reavaliação do controle total sobre a jornada do cliente: da produção ao marketing, do e-commerce à logística e, crucialmente, da relação com o cliente final.
Empresas como Desinchá e Growth ilustram bem essa estratégia, mostrando que o sucesso não está mais em depender de terceiros, mas em se tornar o próprio destino.
Growth: presença digital e comunidade engajada
A Growth, por exemplo, em vez ao invés de disputar espaço em lojas físicas, priorizou seu e-commerce como principal canal, construindo sua base de clientes diretamente e utilizando uma estratégia digital.
Eles investiram fortemente em influenciadores e conteúdo nas redes sociais, criando uma comunidade que se identifica, focando não apenas em seus suplementos, mas criando um “lifestyle” em volta da marca. Essa abordagem permitiu um crescimento significativo, além do controle total sobre a mensagem e a experiência da marca.
Desinchá: dados e experiência otimizada
A abordagem da Desinchá vai além da simples venda de chás. Com o modelo D2C, a marca não só possui somente o controle sobre a experiência do cliente, mas utiliza dados primários para envolver seu cliente em um ecossistema, algo de grande dificuldade para varejistas tradicionais.
Através da plataforma de e-commerce e redes sociais, a Desinchá mapeou a jornada do cliente, coletando informações importantes sobre seus hábitos e preferências, podendo se comunicar unicamente e mantendo altas taxas de fidelização. Dessa forma, a Desinchá oferece personalização de ofertas e a criação de um ciclo de feedback para inovar e desenvolver novos produtos.
O sucesso da Desinchá demonstra que o valor do D2C reside na capacidade de transformar cada cliente em membro de uma comunidade, na qual a fidelidade se constrói com base em uma relação direta, genuína e impulsionada por dados.
O papel do D2C no futuro do ͏e-commerce
A expansão do modelo D2C mostra uma mudança importante no e-commerce: as marcas querem ter mais controle sobre suas ações e criar um laço direto com o cliente. Além de ser um jeito novo de venda, o D2C significa ͏uma virada estratégica que dá maior atenção a dados, experiência e lealdade nas escolhas.
Para os chefes do setor, o que mais importa não é usar exemplos que funcionaram no passado, mas saber como͏ mudar esses exemplos para caber em sua própria situação. Inclusive, saber se é bom para a cadeia de valor, se está alinhado com a capacidade ͏de entrega e se a estratégia dura muito tempo.
Em um mercado com margens cada vez menores e cheio de marketplaces, o D2C aparece como uma opção boa para quem quer se destacar e ͏͏ter controle sobre a estratégia. O futuro do e-commerce será feito não só por quem vende muito, mas por quem conhece melhor seu cliente e age ͏͏diretamente nessa ligação.