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Amazon, o Fire Phone e um risco para a cabeça

A Amazon lançou em seu evento especial o Fire Phone, seu primeiro smartphone. Você pode saber tudo sobre ele aqui.

O objetivo da Amazon é claro: com a vantagem da perspectiva 3D, que traz uma nova experiência para o usuário na visualização de imagens, a companhia quer facilitar a compra de objetos. Não é só isso: o recurso firefly permite que o celular identifique códigos de barra, sons, imagens, vídeos e objetos. Para que? Para você poder comprar um igual. De tudo. Mas onde? Bom, o celular te dá liberdade para escolher. Mas, convenhamos: como a Amazon é muito camarada, quem compra o telefone ganha um ano do seu serviço Amazon Prime gratuito, que permite streaming de dados e música e empréstimos de livros.

Não há como dizer que o celular não tem seu charme. Ele é interessante do ponto de vista técnico e apresenta design de beleza. A rigor, a Amazon fez tudo certo. Estabeleceu inclusive a perspectiva certa: diz que não precisa vender muitos aparelhos, porque o lucro real virá do quanto as pessoas comprarem pelo Fire Phone.

Tradicionalmente, modelos de negócio de sucesso removem obstáculos para você ou melhoram a sua experiência. Fazem coisas pra você que você sempre quis fazer mas não tinha como; ou que você nem sabia que queria, mas começa a pensar porque não havia pensado naquilo antes. O telefone da Amazon faz tudo isso e mais um pouco. Mas como isso bate na sua cabeça?

Com uma cultura cada vez mais apoiadora do indivíduo-centrismo,  temos gerações de jovens que querem fazer sua marca individual e também exigem das empresas respeito a valores como sustentabilidade e respeito à comunidade. Um telefone que honestamente melhora apenas a experiência de consumo pode ser um tiro no pé. Quando a Apple lançou seu iPhone e a Sony inaugurou o blu ray, elas procuravam vender mais computadores e TVs, respectivamente. Mas não era só isso. Os produtos eram efetivamente melhores que seus concorrentes na essência de seu conceito. O iPhone era um telefone muito melhor que outros, do mesmo modo que o blu ray era um reprodutor de mídia imensamente superior aos outros. Embora vender computadores e TVs fosse o objetivo principal dessas companhias, era o objetivo secundário para você.

No momento em que o objetivo principal de uma companhia é o mesmo do usuário, podemos nos perder. Nós não somos empresas e nossos desejos são díspares e específicos. A Amazon aposta em uma ontologia capitalista; como se tudo o que o ser humano desejasse fosse consumir. Caso ela se descubra errada e não corrija esse ponto fundamental que norteia o design de seu telefone, o Fire Phone pode se tornar um fracasso monumental. Se ela identificar que o consumo é apenas uma dimensão que você vive nessa sociedade nesse momento histórico, talvez ela tenha mais a oferecer. E muito mais a ganhar.