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A “sede oculta” do e-commerce: chegou a hora de levar os data centers para a pauta da sustentabilidade

Por: Rafael Hertel

Country Marketing Manager Brasil na Hostinger

Especialista em marketing digital e Country Manager da Hostinger no Brasil.

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Quem vive o dia a dia do e-commerce sabe: a personalização das ofertas, os atendimentos automatizados e a logística ágil não são mais diferenciais – são expectativas básicas dos consumidores. Para atender a esse padrão, as lojas contam cada vez mais com ferramentas de inteligência artificial.

Não por acaso, hoje, 75% das lojas online já usam IA para potencializar esse processo, segundo dados da Ebit/Nielsen.

Corredor de um data center com racks de servidores organizados dos dois lados, estrutura metálica e iluminação controlada.
Imagem: Envato.

Para o consumidor, essa tecnologia é fundamental. Ela analisa o perfil de cada cliente, adapta o atendimento e cria campanhas de marketing muito mais direcionadas, entre outras funções.

Apesar de a IA estar presente no dia a dia de vários setores, pouca gente costuma pensar no que mantém essas tecnologias funcionando por trás das telas. E aqui estou falando dos data centers.

São eles que sustentam os sistemas de IA, armazenam dados, processam pedidos e garantem o funcionamento de milhares de plataformas digitais 24 horas por dia, sete dias por semana.

O impacto invisível da IA no e-commerce

No universo do comércio online, recursos como personalização, chatbots e automação logística melhoram bastante a experiência de compra e ajudam a aumentar as vendas. No entanto, o custo ambiental dessas soluções ainda passa despercebido.

Como dito anteriormente, os data centers que dão suporte à inteligência artificial precisam de muita capacidade de processamento. Isso significa consumo constante de eletricidade e também de água, que é usada para manter os equipamentos resfriados durante o processamento dos dados.

Estudos recentes mostram que um e-mail gerado por IA pode consumir cerca de 519 mililitros de água e utilizar 0,14 kWh de energia, energia suficiente para manter 14 lâmpadas LED acesas por uma hora.

Além disso, as projeções globais indicam que, até 2030, os data centers devem consumir em torno de 945 terawatts-hora de eletricidade por ano. Para ter uma ideia, isso é mais do que o consumo energético de países inteiros, como o Japão.

Esse consumo acontece a cada clique, recomendação ou atendimento automático. Ou seja, o impacto ambiental está presente em praticamente todas as etapas de funcionamento de uma loja virtual.

Diante desse cenário, algumas empresas como a Natura, as Lojas Renner e a Beeliving têm se preocupado cada vez mais com essa temática.

Como os lojistas podem fazer escolhas mais conscientes

A escolha do provedor de hospedagem faz diferença para a sustentabilidade de um e-commerce. Como os servidores funcionam 24 horas por dia, a origem da energia usada impacta diretamente o meio ambiente.

Por isso, a recomendação para o lojista é:

– Escolher um provedor que utilize energia renovável e tenha certificações reconhecidas;

– Verificar se o provedor publica relatórios de sustentabilidade e demonstra transparência sobre suas emissões;

– Perguntar sobre o descarte responsável e a reciclagem dos equipamentos antigos;

– Priorizar fornecedores que monitoram os níveis de eficiência energética;

– Comunicar essas escolhas sustentáveis aos seus clientes – atualmente, mais de 70% dos brasileiros preferem comprar de marcas preocupadas com o meio ambiente.

Na prática, isso significa entender se o data center funciona com energia limpa, se há transparência nas informações sobre emissões e se as atividades são feitas com responsabilidade.

Vale lembrar que a IA não é vilã. A tecnologia já é essencial para o nosso dia a dia e os avanços devem continuar tanto no e-commerce quanto em outros setores. Porém, é possível inovar sem comprometer o futuro do planeta.

A sustentabilidade no ambiente digital é uma responsabilidade de todos e deve estar no centro das estratégias de crescimento. Com ações práticas, é possível tornar o comércio eletrônico mais verde e preparado para os desafios do futuro.