Durante anos, buscar algo na internet foi sinônimo de “dar um Google”. Mas isso está mudando – e mais rápido do que muitos imaginam. A entrada de ferramentas de inteligência artificial como ChatGPT, Perplexity e Gemini está redefinindo a forma como as pessoas interagem com a informação. E, sim, estamos falando de um impacto direto no que sempre foi o coração da internet: a busca.

Nos últimos meses, vimos uma migração silenciosa (mas poderosa) de usuários do Google para plataformas de IA conversacional. Um levantamento recente da Evercore apontou que o uso do ChatGPT para buscas subiu de 1% para 8% em pouco tempo. Parece pouco? Pense que isso representa milhões de usuários mudando de comportamento. No mesmo período, a participação do Google nas buscas caiu de 80% para 74%. Pela primeira vez em duas décadas, seu trono parece instável.
E por que essa mudança está acontecendo?
Simples: o jeito como as pessoas consomem conteúdo está evoluindo. Hoje, ninguém quer perder tempo entre links, banners e SEO forçado. O que as pessoas querem é resposta direta, conversacional, com contexto e, de preferência, com a fonte já ali. É isso que o ChatGPT (e similares como o Perplexity) entrega. A experiência se torna mais fluida e natural – quase como conversar com alguém que entende exatamente o que você precisa.
O impacto da IA nas estratégias de conteúdo
O Perplexity, por exemplo, já soma 15 milhões de usuários mensais e apresenta as respostas com links e fontes confiáveis de forma limpa, objetiva. Já o ChatGPT vem se consolidando como o novo “copiloto de busca” para muitos profissionais de marketing, tecnologia, saúde, direito e por aí vai.
O Google, claro, não ficou parado. O lançamento do Gemini (seu próprio modelo de IA generativa) é uma tentativa clara de se manter relevante no jogo. Inclusive, já vemos resultados de busca começando a incluir respostas geradas por IA – um mix de SERP tradicional com toque de assistente pessoal.
Mas, como toda mudança de era, isso impacta diretamente o nosso mercado.
Do lado das marcas e e-commerces, o desafio agora é entender como se posicionar nesse novo cenário. O SEO tradicional, focado em palavras-chave genéricas e estrutura de site, já não é suficiente. Estamos falando de um novo tipo de otimização: aquela que responde, educa e encanta o usuário já no primeiro toque com a IA.
Adaptando-se ao SXO: a nova fronteira do SEO
Na nossa empresa temos revisado toda a lógica de produção de conteúdo. Hoje, pensar em SXO (Search Experience Optimization) deixou de ser tendência para se tornar pilar estratégico. Criar conteúdos que “conversem” com a IA, entreguem contexto e que possam ser citados como fonte se tornou tão importante quanto rankear em primeiro lugar.
Para os lojistas, isso exige uma mudança radical de mentalidade. Não basta mais publicar conteúdos genéricos ou baseados apenas em volume de buscas. É preciso entender as reais intenções do usuário e como a IA interpreta essas intenções. Nesse novo ecossistema, o conteúdo que tem valor é aquele que consegue agregar conhecimento, responder com profundidade e ser estruturado de forma que a IA compreenda e utilize.
Além disso, o formato de conteúdo passa a importar tanto quanto sua relevância. Estruturas claras, linguagem direta e dados bem referenciados fazem toda a diferença para que as ferramentas de IA priorizem determinadas respostas em detrimento de outras. A adoção de dados estruturados (schema.org), por exemplo, ganha nova importância nesse contexto, pois facilita a indexação e interpretação pelas IAs generativas.
Construindo autoridade na era da inteligência artificial
Outro ponto de atenção é a construção da autoridade digital. Se antes ela era medida principalmente por backlinks e autoridade de domínio, agora também passa por atributos como confiabilidade, clareza e atualidade da informação. Assim, a atualização constante dos conteúdos e a adoção de práticas transparentes de produção passam a ser diferenciais competitivos.
Vale destacar que essa mudança também abre espaço para novos players. Empresas menores, mas que produzem conteúdo técnico e confiável, podem ser privilegiadas pela IA em detrimento de grandes portais genéricos. Em outras palavras: qualidade e utilidade superam tamanho e notoriedade.
A pergunta que fica é: o seu conteúdo está pronto para ser interpretado por uma IA?
O comportamento do consumidor mudou. E quem não acompanhar corre o risco de desaparecer da conversa – ou pior, nem entrar nela.