Servir estilo contemporâneo com tradição é o toque especial da Lizáli, marca de moda feminina, criada há 35 anos na pequena cidade de Chapada, no Rio Grande do Sul. Como uma empresa familiar, foi através das mãos de Áurea Richter e suas filhas, mulheres responsáveis por costurar os primeiros fios dessa história, que a empresa ganhou seu nome de batismo: Lizáli (Liz, de Elizete e Ali, de Alice).
É o que contou Fabiane Richter, em entrevista para o portal. Formada em Publicidade, ela agora é Brand Manager da marca, posição que ocupou depois de atuar um tempo em algumas agências de publicidade. Mas, de acordo com Fabiane, “a veia empreendedora sempre falou mais alto”, fazendo com que ela entrasse na empresa em 2013 e abrisse a primeira loja na capital, Porto Alegre, onde já morava e a marca havia atingido bons resultados de vendas através das feiras.
Na próxima terça-feira (14/11), o BarraShoppingSul vai receber a 5ª edição do Congresso E-commerce Brasil RS e Fabiane Richter estará lá para contar um pouco sobre a digitalização das MPEs. Enquanto o evento não chega, dá para se preparar e conhecer um pouco mais sobre a história da Lizáli no bate-papo abaixo:
ECBR – Como a Lizáli é uma empresa familiar, vocês podem contar a partir de quem e como surgiu a ideia de criar a marca?
Fabiane – Nossa empresa já tem 35 anos e começou com a minha avó na cidade de Chapada-RS, uma cidadezinha de apenas 8 mil habitantes que fica no norte do estado. Minha avó era costureira e fazia cortinas, vestidos de noiva e debutantes.
No início a empresa se chamava Mariá e formada pela minha avó, Dona Áurea, a irmã e a filha mais velha Alice. Depois de alguns anos, elas começaram a fazer roupas para crianças, além de masculinas e femininas. Foi aí que a minha mãe, Elizete, entrou na empresa para ajudar no administrativo. Minha mãe é formada em Agronomia, mas foi lá para dar uma mão, acabou ficando e aprendendo tudo com a minha avó e também de forma autodidata.
Depois de alguns anos e muitas crises econômicas e tropeços, a tia Alice e a minha mãe Elizete foram tocando a empresa e minha vó acabou saindo. Com isso, começaram a fazer as feiras para consumidor final pelo estado. Aí foram crescendo e viajando muito, chegando a fazer 19 feiras por ano. Era uma rotina muito exaustiva que acabava deixando elas sempre longe dos filhos pequenos por conta das viagens.
ECBR – No Sul, a região de Santa Catarina é uma das líderes da indústria têxtil no país, como essa proximidade influencia na produção das roupas?
Fabiane – Hoje, o único contato que temos com SC é através de alguns fornecedores de tecidos e outras matérias-primas para a produção.
ECBR – Com mais de 30 anos de história, como vocês fazem para acompanhar as transformações digitais do mercado?
Fabiane – Então, desde a minha entrada na empresa essa era a ideia, modernizar e digitalizar a empresa. Mas o processo sempre foi meio lento e sem saber muito como fazer isso, pois a ideia era parar com as feiras e ficar somente com a loja física e a online, mas ambas ainda não davam conta de sustentar a fábrica + loja. Foi aí que em janeiro de 2020 entramos no projeto do SEBRAE – Conexão E-Commerce, e foi o que nos salvou. Veio a pandemia e nós fomos totalmente amparadas por eles.
Depois, começamos a estudar e entender mais do digital, reformulamos nosso site e redes sociais, então aí vieram as lives que foram a virada de chave para o nosso negócio.
ECBR – Em tempos de fast fashion, quais os desafios de se manter autêntico no setor diante de tantas facilidades e preços competitivos?
Fabiane – Tem cada vez mais ficado difícil, mas acredito que, quando a gente segue o nosso propósito, e se mantém fiel a autenticidade da marca, sempre vai ter espaço. Acho que hoje o grande diferencial está no atendimento e no acolhimento da cliente, principalmente quando se fala em vender roupas, existem muitas questões mais sensíveis por trás disso. Nós devemos sim ficar sempre de olho nas novidades e estar se atualizando no mercado, mas o que de fato faz sentido pra tua marca dentro de tudo isso?
ECBR – Um dos diferenciais da marca é ter o trabalho 100% feito por mulheres, como vocês descrevem essa relação?
Fabiane – São mulheres, produzindo para mulheres. Nossas roupas são para todos os dias, a rotina agitada, a correria, existem questões que somente mulheres vão saber ter mais o feeling e a sensibilidade para poder transmitir naquela peça, acho que isso é o que mais ajuda na hora de produzir.
ECBR – No setor de moda, a prova da roupa é fundamental, vocês acham possível criar no digital uma experiência próxima a essa?
Fabiane – Com certeza, e nós vivemos isso na pele com as lives. Através das lives nós conseguimos nos aproximar e entender cada vez melhor as nossas clientes. Quando trouxemos modelos com os manequins reais vestindo exatamente todos os tamanhos da nossa produção, ao vivo e sem edições, foi quando tivemos mais retorno de vendas. Além de termos muitos feedbacks positivos, as clientes que são os tamanhos que têm mais dúvidas e inseguranças na hora da compra foram as que mais adquiriram.
ECBR – Como funciona o “serviço de personalização” das roupas oferecido por vocês no ambiente online?
Fabiane – Essa questão é um pouco mais complicada e delicada, mas é possível fazer. Aí vai muito da conversa com a cliente, fotos, vídeos, videochamadas, inclusive fotos que a cliente manda dela mesma. Nós já tivemos algumas experiências que deram super certo, mas também algumas que nem tanto.
ECBR – Fora do Rio Grande do Sul, quais são os outros estados e regiões que se destacam na procura pela marca?
Fabiane – É mais a região Sul e Sudeste. Nós já vendemos para quase todo o Brasil, mas sempre a maior concentração fica em SP, SC, PR, DF e MG.
Aproveite e confira as entrevistas com a Criamigos e Nordweg, que também estarão na 5ª edição do Congresso E-commerce Brasil RS.