A direção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) traçou, nesta segunda-feira (7), um cenário negativo para o setor, tanto em vendas quanto em produção nas fábricas. Apesar do crescimento de 4,8% nas vendas internas no primeiro semestre, para 1,19 milhão de veículos, em junho houve uma retração de 0,6% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O presidente da Anfavea, Igor Calvet, apontou o aumento das taxas de juros como um dos fatores que têm freado o ritmo de crescimento do setor. O volume de vendas em junho (212,9 mil unidades) ficou 5,7% menor do que o de maio. Segundo Calvet, enquanto a taxa Selic aumentou para 15% ao ano, no financiamento de veículos, as taxas estão em 27,6% para pessoa física e 19,3% para pessoa jurídica.
Mas, além dos juros, o dirigente apontou a concorrência chinesa como outro fator que prejudica a indústria local. No acumulado do ano, as vendas de veículos nacionais aumentaram 2,6%, e as dos importados avançaram 15%. A participação dos modelos importados no mercado brasileiro passou de 17,7% para 19,1% em um ano.
Cenário
Os carros vindos da China representam hoje 6% do mercado brasileiro, perdendo apenas para os da Argentina (13,6%), que são importados pelas próprias montadoras. “A diferença é que temos um acordo bilateral com a Argentina. Importamos e exportamos para a Argentina, o que não acontece com a China”, disse.
Para o dirigente, os importados “provocam um transtorno no mercado”. Segundo ele, existe hoje no país um estoque de 111 mil veículos chineses, importados antecipadamente para “fugir” do aumento do Imposto de Importação.
Calvet voltou a refutar o pedido da BYD de redução de Imposto de Importação para veículos semidesmontados. “As forças desindustrializantes não permanecerão no país. Pedir para reduzir imposto para veículos semidesmontados é perpetuar um movimento de baixa inovação tecnológica e baixa geração de emprego”, destacou o dirigente.
Produção
O volume acumulado da área na primeira metade do ano registrou crescimento de 7,8%, com 1,22 milhão de veículos. No entanto, a produção de junho (200,8 mil unidades) ficou 4,9% abaixo do volume registrado no mesmo mês de 2024.
Além disso, o executivo apontou as importações também como motivo de queda no nível de emprego nas montadoras. Embora o número de trabalhadores hoje (108,8 mil pessoas) seja 4,7% maior do que há um ano, na comparação de junho com maio houve uma retração de 0,4%.
Exterior
Já em relação ao mercado externo, o setor continua a registrar crescimento. O embarque de 50,7 mil veículos em junho representou aumento de 75% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano (264,1 mil unidades), houve um avanço de 59,8%. O volume representou um total de US$ 6,8 bilhões em divisas.
A Argentina “tem surpreendido”, segundo Calvet. A participação do mercado argentino nas exportações de veículos produzidos no Brasil aumentou de 33,6% no primeiro semestre de 2024 para 59,6% no mesmo período este ano.