A tentativa dos Estados Unidos de repatriar empregos industriais enfrenta uma série de obstáculos que colocam em xeque a viabilidade dessa estratégia. A política adotada pelo Presidente norte-americano Donald Trump, centrada em tarifas elevadas para produtos importados, busca fortalecer a produção nacional e reduzir a dependência de cadeias globais. No entanto, empresários alertam para os altos custos, a falta de infraestrutura e a escassez de mão de obra qualificada no país.

Tarifas e gargalos expõem fragilidade do setor
As medidas tarifárias adotadas por Trump afetaram diretamente cadeias globais, levando empresas a reconsiderar a localização de suas fábricas. A Corte de Comércio Internacional dos EUA chegou a considerar as tarifas ilegais, mas a decisão não foi para frente. Apesar do impasse jurídico, Trump segue defendendo a mudança nas regras do comércio global como forma de aproximar produção e consumo.
Durante a pandemia de Covid-19, os gargalos logísticos tornaram ainda mais evidente a vulnerabilidade das cadeias longas. E a estratégia de Trump está envolta em incertezas. No mês passado, ele disse: "Não estamos querendo fabricar tênis e camisetas" nos Estados Unidos. Mas suas tarifas mais altas, previstas para entrar em vigor em julho, foram direcionadas a países que fabricam roupas e calçados para vender aos americanos. O Vietnã, com uma tarifa de 46%, foi um dos mais afetados.
Essa decisão foi suspensa temporariamente por outro tribunal, que deu tempo aos juízes para avaliar o recurso apresentado pelo governo Trump. Durante toda essa disputa judicial, Trump prometeu encontrar outras maneiras de alterar as regras do comércio internacional.
Trump expôs as dificuldades em encurtar as vastas distâncias, sejam elas geográficas ou logísticas, entre os locais onde muitos produtos são fabricados e onde são consumidos.
Falta de mão de obra e repressão à imigração dificultam avanço
A escassez de trabalhadores industriais nos Estados Unidos é outro entrave significativo. Estimativas do Wells Fargo indicam que o país possui 500 mil vagas abertas no setor, mas apenas 7,2 milhões de desempregados, quando seriam necessários 22 milhões de trabalhadores para alcançar os níveis industriais de décadas atrás. A repressão à imigração durante o governo Trump agravou o quadro.
Os empregos industriais migraram para países como o Vietnã, que têm populações jovens e em crescimento, com pessoas em busca de trabalho para sair da pobreza. O futuro que Trump espera e projeta, com milhões de empregos industriais, teria de incluir imigrantes em busca da mesma oportunidade nos EUA.