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TikTok: Trump e Xi Jinping arquitetam acordo sobre futuro da plataforma

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, conversaram por telefone nesta sexta-feira (19) para tratar de comércio e de um possível acordo que pode garantir a continuidade do TikTok no mercado norte-americano. Foi a primeira ligação oficial entre os dois líderes em três meses, segundo autoridades norte-americanas e a emissora estatal chinesa CCTV.

TikTok Trump e Xi Jinping arquitetam acordo sobre futuro da plataforma
Donald Trump, presidente dos EUA (Imagem: Divulgação/Casa Branca)

O contato ocorre em meio a negociações sobre uma eventual reunião presencial entre Trump e Jinping durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), marcada para o fim de outubro na Coreia do Sul.

Um dos pontos centrais é a aprovação de um acordo-quadro que prevê a transferência dos ativos do TikTok nos EUA para proprietários norte-americanos, mantendo, porém, o uso do algoritmo da chinesa ByteDance. Legisladores em Washington veem esse modelo com cautela, por receio de que Pequim possa usar o aplicativo para espionagem ou influência política. A China nega qualquer ameaça à segurança nacional.

O Congresso dos EUA havia estabelecido janeiro de 2025 como prazo final para a venda dos ativos da plataforma no país. Caso contrário, o app seria proibido. Trump, no entanto, sinalizou não aplicar a lei de imediato, em parte por temer a reação da ampla base de usuários do TikTok.

“O TikTok tem um valor tremendo. Somos nós que decidimos o futuro do aplicativo”, afirmou o presidente norte-americano em coletiva na quinta-feira.

Comércio e tecnologia em disputa

Além do TikTok, o diálogo entre Trump e Xi tratou de temas sensíveis como tarifas comerciais, semicondutores, exportações agrícolas e a pressão dos EUA para que a China restrinja a saída de químicos usados na produção de fentanil. Desde o início do ano, o governo norte-americano ampliou tarifas sobre diversos setores, elevando a disputa comercial a patamares inéditos em quase um século.

Apesar da guerra tarifária, a China segue como o terceiro maior parceiro comercial dos EUA e a principal origem do déficit norte-americano em bens. A partir de maio, acordos parciais entre os dois países ajudaram a conter a escalada tarifária, embora não tenham resolvido impasses estruturais.

Pequim também adotou retaliações estratégicas, como a restrição na exportação de ímãs de terras raras — insumo essencial para a produção de dispositivos de alta tecnologia nos Estados Unidos.

Segundo analistas, a estratégia de Trump combina medidas de pressão — como restrições ao acesso chinês a softwares de design de semicondutores e insumos de alta tecnologia — com tentativas de negociação em pontos de interesse mútuo, como a operação do TikTok.