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Shopee cria nova taxa no país e passa a "esconder" vendedores que não entregam

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

Se ontem mostramos os problemas de contratação da Shopee revelados pela Reuters, hoje a notícia que envolve a empresa de Cingapura é sobre as mudanças de cobranças de taxas no país, publicadas no Valor Econômico. Isso porque, desde 1º de setembro, a empresa passou a cobrar, uma “taxa de transação” de 2% sobre a venda. Essa nova taxa, que antes inexistia, será adicionada à tarifa cobrada sobre a venda de cada produto comercializado.

Shopee

A comissão será cobrada até o teto de R$ 100, ou seja, se a cobrança final passar de R$ 100, ela cobrará esse teto.

Com isso, no programa padrão, para lojistas que não aceitam o plano de frete grátis oferecido aos clientes, a taxa final total passa de 12% para 14% após setembro. No programa de frete grátis extra (lojistas que fazem parte desse plano) o índice final sobe de 18% para 20%.

A última alteração havia ocorrido há pouco mais de um ano, quando essa última taxa (plano frete grátis) havia passado de 12% para 18% — e agora, para 20%. Dessa forma, a Shopee passa a cobrar patamares  de taxas entre os mais altos no país — o teto tem variado de 20% a 22%.

Como será a cobrança?

A comissão será cobrada até o teto de R$ 100, ou seja, se a cobrança final passar de R$ 100, ela cobrará esse teto. Isso se manteve em relação à prática já em vigor. No comunicado aos lojistas enviado em agosto, a empresa justifica as mudanças “com o objetivo de aperfeiçoar as operações” no país.

“O que vai acontecer é um repasse disso ao comprador. Os preços tendem a subir, já que o ‘seller’ não vai querer absorver isso porque todo mundo começa a repassar”, disse um consultor que atua como  prestador de serviços aos lojistas.

A política mais restritiva da Shopee de concessão de benefícios aos consumidores no Brasil e junto aos lojistas vem ocorrendo ao longo de todo este ano, com o aumento nos custos de logística e encarecimento nos custos de capital. Outras plataformas que adotaram essa mesma política. Sim, Magazine Luiza, Mercado Livre, Americanas e Via pioraram as condições a lojistas e ou aos consumidores a partir do fim de 2021.

Com as alterações na Shopee desde setembro, a expectativa do mercado é que esse movimento de ajustes acabe se mantendo também ao longo do segundo semestre. Isso porque, como todas as plataformas vêm mudando as regras, há receio menor das empresas de perderem mercado.

Penalidade aos vendedores

A Shopee ainda informou aos lojistas que produtos com taxa de não envio superior a 5% nos últimos dois meses — ou seja, que não foram entregues pelo vendedor — serão ocultos das buscas, descobertas do dia e oferta relâmpago. Eles serão escondidos por até quatro semanas. Os itens vão ficar disponíveis só na loja do varejista.

“Mercado Livre já trabalha assim. E a Shopee está ‘subindo’ a regra para melhorar o seu nível de serviço, tentando reduzir atrasos”, disse um lojista de itens de beleza de porte médio. “Isso obriga o ‘seller’ a se ajustar ou ele está fora do mercado”.

Segundo apurado, a companhia ainda tornou mais dura a política de penalidade a lojistas com o intuito de reduzir a taxa de não envio de mercadorias. Se o lojista tiver muitas penalidades (são medidas em número de pontos) pode até ter a conta congelada por 28 dias e ter uma suspensão na criação e edição de anúncios. Essa medida não existia anteriormente.

A Shopee ainda piorou as condições para lojistas indicados por outros parceiros. Para eles, passa a ser cobrada uma taxa de não envio de produtos. Para os demais vendedores foi mantida a taxa de cobrança sobre o frete (6%). Procurada, a empresa não se manifestou até o fechamento desta matéria.

Perdas e ganhos

Números do balanço do segundo trimestre da Sea Limited mostra que a empresa vem buscando reduzir perdas no país. Dados publicados pela empresa em agosto mostram que o prejuízo (ajustado) antes de juros, impostos, amortização e depreciação por pedido no Brasil foi de US$ 1,42 de abril a junho, ou R$ 7,43 (a dólar na cotação em 30 de junho).

De janeiro a junho, essa perda foi de US$ 1,52, portanto, recuo de US$ 0,10 entre os trimestres. Do quarto trimestre de 2021 para o primeiro trimestre de 2022, a diminuição atingiu cerca de US$ 0,50.

Em 2021, analistas acreditam que a Shopee subsidiava mais seus clientes e lojistas no país, para tentar ganhar mercado de plataformas locais mais maduras (Americanas, Magazine Luiza), numa ação que  estaria dando resultados, segundo estimativas de “market share” feitas por analistas de bancos.

Em 2022, com aumento de custos e despesas locais, vem sendo preciso repassar esse impacto em ações mais limitadas de frete grátis ao cliente e cobranças de taxas aos lojistas.

Fonte: Valor Econômico