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Shein amplia operação no Reino Unido em 32%

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

Em meio às negociações para sua oferta pública de ações (IPO) em Londres, a Shein registrou forte expansão no Reino Unido em 2024. Segundo relatório divulgado em 13 de agosto, a receita da varejista de moda avançou 32% no país, alcançando £2,05 bilhões (cerca de R$ 13,3 bilhões). O lucro anual subiu 56,6%, de £24,4 milhões para £38,3 milhões (aproximadamente R$ 249 milhões).

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(Imagem: Unsplash)

O Reino Unido é o terceiro maior mercado da companhia, atrás apenas dos Estados Unidos e Europa. A região ganhou relevância estratégica diante do interesse da empresa em abrir capital fora da China.

Negociações travadas

Em abril, a Shein submeteu um prospecto à Autoridade de Conduta Financeira (FCA) do Reino Unido, que chegou a ser aprovado. No entanto, o processo não avançou após a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) negar autorização para a listagem internacional.

Meses depois, a empresa protocolou um pedido confidencial de IPO em Hong Kong, movimento interpretado como tentativa de acelerar a operação e, ao mesmo tempo, pressionar reguladores britânicos. Segundo o Financial Times, divergências entre autoridades do Reino Unido e da China em relação à seção de riscos — especialmente pontos ligados à cadeia de suprimentos e à região de Xinjiang — travaram as negociações.

Apesar das barreiras, Londres segue como a principal aposta da varejista. Há expectativa de que, mesmo com um eventual IPO em Hong Kong, seja realizada uma listagem secundária na capital britânica.

Expansão no mercado britânico

Além do crescimento nas vendas e no lucro, a Shein triplicou seu quadro de funcionários no Reino Unido em 2024. Ao final do ano, eram 91 colaboradores, frente a 33 no fim de 2023, com contratações concentradas em marketing, vendas e administração.

A empresa também investiu em ações de presença local, como a abertura de escritórios em King’s Cross e Manchester, uma loja pop-up em Liverpool e um tour de Natal por 12 cidades britânicas.

Desafios regulatórios

O avanço ocorre em meio a maior pressão de reguladores internacionais. Em maio, a Comissão Europeia abriu investigação sobre práticas da Shein, incluindo alegações de descontos falsos, rotulagem enganosa e declarações ambientais questionáveis. Além disso, destinos como Itália e França já processaram a varejista neste ano.

Nos Estados Unidos, a companhia enfrentou impacto direto com o fim da isenção para pacotes de até US$ 800, medida adotada pelo governo de Donald Trump. A mudança elevou custos e levou a varejista a reajustar preços no mercado americano.

Entre os riscos listados pela empresa estão possíveis atrasos na cadeia de suprimentos, variação cambial, aumento de custos logísticos e mudanças regulatórias no Reino Unido.

O IPO da Shein é conduzido por Goldman Sachs, Morgan Stanley e JPMorgan e já percorreu diferentes praças financeiras, incluindo Nova York, Londres e Hong Kong.