As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras apresentaram um faturamento 4,9% menor em abril na comparação com mesmo mês em 2024. Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs).

No acumulado do ano, a queda foi de 2,2% frente ao mesmo período do ano anterior, com boa performance apenas do Comércio (5,6%), o que impediu um declínio ainda maior. De acordo com Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, parte deste recuo no mês se dá pelo “efeito calendário”.
Isso acontece pois, segundo o especialista, um maior número de dias úteis tende a impulsionar o faturamento de diversas atividades. Na prática, enquanto abril de 2024 contou com 22 dias úteis, neste ano o mês teve apenas 20.
“Quando se elimina o efeito de sazonalidade, o recuo na movimentação média diária de contas a receber das PMEs em abril de 2025 é moderado: 0,4% menor em relação a abril de 2024. Já na comparação com o mês anterior, março deste ano, houve elevação de 0,5%, sinalizando uma possível trajetória de recuperação”, comenta.
O economista avalia que o ambiente macroeconômico brasileiro permanece desafiador, marcado por pressões inflacionárias persistentes e um ciclo prolongado de elevação da taxa básica de juros promovido pelo Banco Central. Ele acrescenta, no entanto, que nas últimas semanas, houve mudanças nas expectativas dos agentes econômicos em relação à trajetória futura da inflação e dos juros.
“A desaceleração registrada na leitura mais recente do IPCA reforçou a percepção de que o ciclo de alta da Selic pode estar próximo do fim. Essa sinalização, acompanhada de uma melhora nas projeções de inflação de médio prazo divulgada pelo boletim Focus do BCB, tem potencial para aliviar parte das pressões atuais, sobretudo no acesso ao crédito, contribuindo para um cenário mais favorável em um horizonte de médio prazo”, explica.
Setores
Comércio
Registrou o menor recuo, com variação de -0,5% na comparação anual, após ter avançado 2,9% no mês anterior. O número foi sustentado por ‘comércio e reparação de veículos’ (+14,1% YoY). Os segmentos atacadista e varejista apresentaram retrações de 0,9% e 3,1%, respectivamente – sendo este o segundo recuo consecutivo do varejo.
Apenas da queda, alguns nichos apresentaram expansão, como ‘atacadista de café em grão’, ‘atacadista de bebidas’ e ‘atacadista de materiais de construção’. Já no varejo, ‘equipamentos para escritório’, ‘produtos alimentícios’ e ‘artigos de papelaria’.
Serviços
O faturamento recuou 1,6% em abril, interrompendo a sequência positiva registrada entre fevereiro e março. A baixa foi atenuada por ‘informação e comunicação’ e ‘atividades administrativas e serviços complementares’.
Em contrapartida, segmentos de peso como ‘educação’ e ‘alimentação’ tiveram desempenho negativo.
As PMEs registraram o sexto mês consecutivo de retração, com diminuição de 8,7% na comparação anual. Beraldi acrescenta que entre os 23 subsetores da indústria de transformação monitorados pelo IODE-PMEs, apenas quatro apresentaram crescimento, com destaque para os ramos de ‘produtos químicos’ e ‘produtos de borracha e de material plástico’.
Já no campo negativo, a performance foi puxada por ‘metalurgia’ e ‘fabricação de máquinas e equipamentos’.
Infraestrutura
Também apresentou retração (6,9%), o que reflete o impacto do ambiente macroeconômico contracionista sobre atividades intensivas em investimento e crédito, segundo Beraldi.
‘Construção de edifícios’ e ‘serviços especializados para construção’ foram afetados, evidenciando a sensibilidade do mercado às condições financeiras adversas.