
Muitas cargas das Hanjin também estão retidas em portos (Foto: Lee Jae-Won / Reuters)
A empresa opera em parte com navios próprios e também com navios alugados. Alguns dos navios retidos no mar são, na verdade, de outras companhias, que temem não conseguir recuperar a posse das embarcações ou receber o dinheiro correspondente ao aluguel desses cargueiros. Os contêineres a bordo tampouco são todos da Hanjin. Como a empresa é parte de um grupo que inclui outras quatro empresas de transporte marítimo, cada navio tem contênieres de variados donos. E, por fim, existem as donas do conteúdo dos contêineres - caso de uma empresa de produtos eletrônicos asiática que despachou sua mercadoria para o mercado americano. A falência da Hanjin é a maior que já atingiu o setor de transportes marítimos, ou seja, não há precedentes ou indicativos de o que pode acontecer agora. Pelo menos não em uma escala que possa ser comparada. Presos em portos Isso nos leva ao problema seguinte: os contêineres retidos em portos espalhados pelo mundo. Um exemplo é o de um contêiner das Filipinas que estava a caminho de Hong Kong. Ele seria recolhido posteriormente em Hong Kong e levado para os Estados Unidos. O manejo da carga em Hong Kong custa dinheiro. Se a Hanjin não pagar por isso, o porto vai reter o contêiner como garantia até que alguém pague a conta. Uma solução possível seria a de companhias que são donas das cargas dentro dos contêineres pedirem para outras empresas de transporte marítimo assumirem o transporte a partir de onde a Hanjin teve que abandonar. O custo seria duplicado, já que o que foi pago a essas empresas já havia sido pago à Hanjin. Mesmo descontando o que seria coberto por seguradoras, a operação seria consideravelmente encarecida. Presos no mar E próximo problema é o dos contêineres a bordo dos navios. Enquanto estiverem no mar, não há como retirar a carga deles. No caso dos navios que foram apenas alugados pela Hanjing, os verdadeiros donos podem recuperar o controle das embarcações e e atracá-las. As cargas ainda teriam que ser retiradas mas, depois disso, os navios poderiam ser alugados para outras empresas. Dado que os donos das embarcações alugadas provavelmente não vão querer pagar a conta sozinhos, eles poderiam tentar envolver as quatro empresas parceiras que também têm contêineres nos navios ou talvez até chamar as empresas que têm cargas presas nas embarcações da Hanjin. Os navios que são da Hanjin provavelmente terão que ser vendidos antes que qualquer um pague para que eles atraquem em algum porto e as cargas sejam retiradas. O imbróglio provavelmente jogará o preço das embarcações para baixo. Marinheiros Por fim, discute-se o que fazer com as tripulações. Em cada navio preso nesse limbo há entre 15 e 25 pessoas a bordo. Os marinheiros enfrentam o temor de ficarem retidos no mar durante semanas, além da incerteza em relação a seus salários. Sem conseguir atracar em nenhum porto, eles dependem dos suprimentos e do combustível dentro dos navios até que o impasse seja resolvido. Se os navios não tiverem dinheiro para pagar por combustível cedido por outras embarcações, os portos mais próximos seriam obrigados a aceitá-los. A maioria dos tripulantes não é contratada diretamente pela Hanjin, mas através de agências. E estas agências provavelmente não serão pagas pela Hanjin e, por isso, não conseguirão pagar os marinheiros. "A não ser que alguém assuma (a dívida) muito rápido - e não há sinais de que isso vai acontecer -, (o impasse) pode durar muito tempo", alertou Jensen. Navios, carga e tripulação podem ficar à deriva por semanas ou meses, sem saber quando e onde suas viagens vão terminar. Fonte: G1