Durante sua participação na 16ª edição do Fórum E-Commerce Brasil, Daiane Quesada Pereira Codato, Industry Manager Marketplace & Foods da Meta, subiu ao palco da plenária de Marketing & Vendas para destacar como as mudanças na jornada de compra, impulsionadas por inteligência artificial e comportamento digital, estão redesenhando a maneira que os consumidores descobrem produtos e tomam decisões de compra.

Segundo ela, há uma tendência crescente de dispositivos voltados à compra orientada por IA. Em um ano, esse movimento deve dobrar. “Não é sobre o device, mas sobre como ele se conecta com o consumidor”, afirmou. A forma como se estrutura o marketing e o conteúdo precisa acompanhar essa evolução. “Se continuarmos construindo nossos roteiros com base no que aprendemos no passado, vamos perder a velocidade da conexão, que está três vezes mais rápida hoje em dia.”
A jornada colapsou: é o fim do funil
Com o colapso do funil tradicional, a tomada de decisão se tornou mais fluida. “Quando algo aparece na nossa timeline, muitas vezes compramos porque já desejávamos aquilo antes”, disse. Segundo dados apresentados, 68% dos consumidores já compraram algo com base em histórico anterior de navegação.
Diante disso, Daiane propõe uma virada de chave: pensar menos em processos e mais em pessoas. A inteligência artificial, nesse contexto, não atua como ferramenta transacional, mas como suporte estratégico para aproximar marcas e públicos com maior precisão.
Três movimentos para observar
1. Conexões evoluídas
O consumo de conteúdo se tornou altamente visual, com os Reels como protagonistas. “Enviamos vídeos uns para os outros o tempo todo, nos conectamos por nichos e afinidades.” O Brasil conta hoje com mais de 14 milhões de criadores de conteúdo — cenário que exige estratégia na hora de escolher quem representa a marca. A IA, na Meta, apoia essa escolha como ferramenta de estruturação, mas a decisão continua humana.
2. Cultura curada
O tempo limitado de atenção exige assertividade. Os consumidores buscam conteúdos que validem seus desejos e estejam alinhados ao DNA da marca. “O formato de vídeo oferece oportunidades cada vez maiores”, destacou Daiane. Ela reforçou ainda a demanda por autenticidade, com destaque para o case da Netshoes, que incorporou anúncios em vídeo ao vivo nas campanhas e reduziu o custo por ação em 17%.
3. Comércio expandido
A descoberta de produtos não é mais percebida como interrupção, mas como parte natural da jornada digital. Para a Geração Z, curadoria e compra se fundem: refinar o feed é também fazer escolhas de consumo. Daiane mencionou soluções como o Advantage Plus, que entrega anúncios com base em interesses, como caminho para segmentações mais granulares.
Experiências como virtual try-on (provador virtual) também estão ganhando espaço nesse processo de descoberta mais intencional. “O que faz diferença é o que você, como marca, constrói”, reforçou.
O papel crescente da IA nos negócios
A IA está se tornando mais presente e interativa. Segundo projeções feitas pela Deloitte e Forrester citadas por Daiane:
- 50% das empresas que usam IA generativa devem lançar pilotos com agentes habilitados até 2027;
- 62% dos consumidores globais dizem que provavelmente falarão primeiro com um agente de IA em sua próxima interação com empresas.
No Brasil, um dos líderes do uso de áudio no WhatsApp, tem inspirado novas formas de interação. A Meta já investe em experiências com WhatsApp para negócios, aproveitando o potencial do canal como ambiente de compra.
A executiva também destacou que o avanço tecnológico não pode ser desconectado do comportamento humano. “Assistentes de IA vão ganhar novos formatos, mais vida. Mas no centro de tudo, ainda estão as pessoas”, finaliza.