A Nokia anunciou uma reestruturação para ampliar sua atuação em inteligência artificial e nuvem, em um movimento que inclui simplificação do modelo operacional, mudança na liderança e foco maior em inovação conjunta com clientes e parceiros. A estratégia será detalhada pelo CEO Justin Hotard durante o dia do investidor da companhia.

Hotard assumiu o comando em abril, escolhido para conduzir a empresa em um ciclo de expansão fora do mercado tradicional de operadoras de telecomunicações. Antes da Nokia, ele liderou áreas de data center e IA da Intel e ocupou cargos de gestão em empresas como Hewlett Packard Enterprise e NCR.
A nova orientação inclui acelerar tecnologias que incorporam IA à próxima geração de redes móveis e ampliar o trabalho com clientes que demandam infraestrutura para cargas de trabalho mais intensivas. A Nokia também pretende ser mais seletiva na alocação de capital, buscando retorno sustentável e redução de riscos.
O movimento ocorre após iniciativas recentes para ampliar o portfólio. Em 2023, a empresa firmou acordo de US$ 2,3 bilhões para comprar a fabricante de soluções ópticas Infinera, com foco em data centers. Em paralelo, a Nvidia investiu US$ 1 bilhão e passou a deter 2,9% da companhia. As empresas também trabalham juntas para integrar IA a redes de telecomunicações, com o objetivo de melhorar desempenho e eficiência.
Nova estrutura e metas financeiras
A Nokia passará a operar com duas unidades principais: infraestrutura de rede e infraestrutura móvel. A empresa afirma que o novo formato busca atender melhor às demandas dos clientes e acelerar a inovação em meio ao aumento do tráfego gerado por aplicações de IA.
A área de infraestrutura de rede terá como foco o avanço global de data centers e soluções ópticas, além de continuar fornecendo tecnologias para operadoras. A meta é crescer entre 6% e 8% ao ano entre 2025 e 2028 e atingir margem operacional entre 13% e 17%. A unidade continuará sob liderança de David Heard.
A unidade de infraestrutura móvel concentrará tecnologia e serviços para redes de comunicação, incluindo evolução para redes nativas de IA e o futuro 6G. A companhia busca margem bruta entre 48% e 50% até 2028 e aumento do lucro operacional a partir de uma base atual de 1,5 bilhão de euros. Hotard assumirá a liderança interina da área.
A empresa também anunciou ajustes na liderança. Raghav Sahgal, hoje responsável por serviços de nuvem e rede, será diretor de atendimento ao cliente. Patrik Hammaren continuará como chefe de padrões de tecnologia. Já Tommi Uitto, líder de redes móveis, deixará o grupo em 31 de dezembro.
A Nokia projeta lucro operacional comparável entre 2,7 bilhões e 3,2 bilhões de euros até 2028, acima dos 2 bilhões gerados nos últimos 12 meses. Para analistas do J.P. Morgan, as projeções indicam uma abordagem cautelosa, mas consistente com o crescimento esperado. Eles avaliam que o plano pode favorecer o desempenho das ações no médio prazo.