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NFL e consumo: o futebol americano está cada vez mais brasileiro

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

O apelido de “país do futebol” ao Brasil sempre rendeu boas conversas. Atualmente, apesar de não ser possível falar em paridade, o futebol americano ocupa um espaço importante no coração do amante de esportes tupiniquim. Mais do que isso, o sucesso comercial estabelecido pela National Football League (NFL) ganhou níveis maiores desde 6 de setembro.

NFL e consumo o futebol americano cada vez mais brasileiro
Jalen Hurts, quarterback do Philadelphia Eagles, durante o Super Bowl LIX, em Nova Orleans (Imagem: Kevin Sabitus/NFL)

A data citada representa o primeiro jogo de temporada regular da NFL em território brasileiro na história. O evento, que integra o plano de expansão da liga para outros países amantes do esporte, foi muito mais do que isso no final das contas.

Com o consumo em foco, a análise feita pela Circana, data tech que observa o comportamento do consumidor, é de que o impacto a partir deste jogo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers foi além do esperado. Já no ano em questão, por exemplo, entre janeiro e novembro, as vendas do varejo nacional de moda cresceram 27%, além de 55,2% em produtos do gênero vendidos.

O destaque ficou para setembro, mês do jogo, com crescimento de 161,1% no consumo de produtos relacionados à NFL. Poderia parar por aí, mas o acontecimento continuou reverberando nos hábitos dos consumidores brasileiros.

Impacto NFL e Super Bowl

Se um depende do outro para acontecer, é possível dizer também que todos os resultados comerciais obtidos ao longo dos quase seis meses de temporada regular levam até um grande objetivo: o Super Bowl. A grande final entre o melhor time de cada conferência (Americana e Nacional) aconteceu no último domingo (9) e, fora a coroação do campeão, envolve também aspectos comerciais complexos.

Veículos jornalísticos dos EUA, como a Fox, reportam que anúncios de 30 segundos durante os intervalos comerciais do jogo que fecha a temporada pode custar até US$ 8 milhões. O preço é “justificado” pela audiência acima dos 120 milhões de espectadores mundialmente.

Feita a contextualização, voltamos ao recorte do varejo e e-commerce. Segundo a Circana, portanto, categorias como vestuário, itens colecionáveis e produtos são os que mais se beneficiaram da escalada da NFL no Brasil. Ainda em 2024, a comercialização de brinquedos relacionados à marca esportiva cresceu 212% em faturamento na comparação com 2023. A alta em unidades foi de 280%. A maior parte se deu entre itens como figuras de ação colecionáveis.

Em moda, as camisetas de times da NFL continuam como os produtos mais vendidos, aumentando o faturamento do período em 37,7%, além de alta de 65,3% em unidades comercializadas.

“A NFL tem tido cada vez mais espaço no território brasileiro. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado da principal liga de futebol americano do planeta, somente atrás dos Estados Unidos e do México. O entusiasmo pelo Super Bowl LIX, que foi transmitido para milhões de brasileiros, apenas reforça o potencial de expansão do Futebol Americano no Brasil, onde mais fãs estão se apaixonando pelo esporte e por seus produtos licenciados. Além disso, com o aumento do consumo de produtos da NFL e a realização de eventos internacionais, o Brasil caminha para se consolidar ainda mais como um mercado relevante para o esporte”, afirma Guilherme Bocchi, gerente de contas da Circana.

Cenário futuro

De acordo com a Neotrust, o consumo no e-commerce ligado diretamente ao futebol americano cresceu 25,6% no primeiro semestre de 2024 ante mesmo período no ano anterior. Na regionalização disso, entre os principais estados participantes, estão São Paulo (R$ 115 mil), Minas Gerais (R$ 35 mil), Rio de Janeiro (R$ 30 mil), Paraná (R$ 24 mil) e Ceará (R$ 19 mil).

Com base nestes e outros resultados, o otimismo para o crescimento da NFL no Brasil é grande. Mesmo assim, o que se sabe, de acordo com entrevista de Gustavo Pires, presidente da SPturis, à ESPN, é que não existe confirmação de um segundo jogo no Brasil na próxima temporada. A intenção, no entanto, é manter o esporte por aqui para os próximos anos.

Seja na próxima ou na outra temporada, fato é que a NFL ouvirá o sotaque brasileiro por muitos anos.