A conveniência deixou de ser tendência e passou a ocupar papel central na estratégia do varejo alimentar brasileiro. Essa foi a principal mensagem do painel “A Revolução da Conveniência: Tendências, inovações e comportamento de consumo”, realizado no Latam Retail Show. O debate contou com a participação de Cadu Ventura, diretor de Estratégia Comercial da Globo, Thiago Moreira, diretor de Operações do Carrefour Express no Carrefour Brasil, e Igor Figueiredo, gerente de Digital e Marketing da Shell Select no Grupo Nós.

Um consumidor em transformação
Dados de uma pesquisa da Globo apresentada no evento, realizada com mil brasileiros de diferentes idades, gêneros e classes sociais, revelam mudanças estruturais nos hábitos de compra. A lógica do imediatismo, impulsionada pelas novas gerações, tornou a personalização e a rapidez elementos essenciais na relação com o consumo.
Além disso, o envelhecimento da população reforça a necessidade de sistemas mais acessíveis, enquanto a urbanização e a vida nas grandes cidades consolidam o consumo on-the-go. As compras passaram a ser feitas no intervalo entre compromissos, com foco em economia de tempo e praticidade.
Frequência maior, carrinhos menores
A pesquisa mostra que 67% dos consumidores têm feito compras menores, mas com maior frequência. Esse movimento fragmenta o consumo e torna a proximidade um dos principais motores dos mercados de conveniência. O deslocamento mínimo já é percebido como um benefício.
O preço, no entanto, continua sendo barreira: 57% dos entrevistados afirmam evitar mercados de conveniência pelo valor mais elevado. Mesmo assim, muitos consumidores aceitam pagar mais pela praticidade e pela proximidade, o que leva o varejo a ressignificar o preço e transformá-lo em valor.
Da vizinhança ao digital
O crescimento dos mercadinhos em condomínios ilustra a tendência cultural de levar o mercado até o consumidor. No ambiente digital, o delivery e o quick commerce se tornaram extensões naturais dessa busca por conveniência. Hoje, 29% dos brasileiros já fazem suas compras de supermercado online, e esse hábito segue em expansão.
O quick commerce, em especial, aparece como tradução máxima da pressa urbana: entregas ultrarrápidas que se adaptam ao ritmo acelerado da vida nas cidades.
Tecnologia como facilitadora
A inovação tecnológica no ponto de venda surge como resposta à demanda por eficiência e praticidade. Formatos como o mobile self checkout atraem 78% dos consumidores, que gostariam de pagar diretamente pelo celular, sem passar pelo caixa. A personalização também ganha espaço: 85% desejam receber promoções baseadas em compras anteriores.
Mais da metade dos entrevistados já se sente confortável em usar tecnologias digitais dentro do supermercado, o que reforça que o futuro do consumo passa pela integração entre experiência física e soluções digitais.
A visão dos executivos
No debate, os executivos reforçaram que conveniência é mais do que tendência passageira. Thiago Moreira destacou que a fidelização depende da combinação entre tempo, jornada e preço, mas também reconheceu que esse é um dos maiores desafios do setor.