O Brasil ainda sofre para chegar ao nível de conectividade de países economicamente semelhantes, como os BRICS (bloco que inclui ainda Rússia, Índia, China e África do Sul) ou vizinhos da América Latina. Isso está evidenciado no estudo State of Broadband da União Internacional de Telecomunicações (UIT) divulgado nesta segunda, 22, e que mostra que, apesar do brasileiro ter mais acesso à banda larga móvel, na fixa ainda há um grande gargalo a se preencher.
Segundo a pesquisa, o Brasil está em 73º, com penetração de banda larga fixa por cada grupo de cem habitantes de 10,1%. O País está atrás de México (70º, com 11,1%), China (59º, com 13,6%), Rússia (50º, com 16,6%) e Uruguai (43ª com 21,1%). Apesar de o mercado brasileiro estar ligeiramente acima da média de 9,4% entre 190 países, encontra-se muito distante de economias desenvolvidas no topo da lista. Na primeira posição está Mônaco, com penetração de 44,7%, seguido de Suíça, com 43%, e Dinamarca, com 40,2%.
Já no recorte de penetração por residências somente de países em desenvolvimento, o Brasil ficou em 34º, com 42,4%, logo atrás da China (43,9%), na 33ª posição. Nesse ranking, Argentina (53,9%) e Uruguai (52,7%) estão em 21º e 22º, respectivamente, enquanto o Chile está em 25º, com 49,6%. A África do Sul aparece em 37º, com 39,4% e a Índia em 75º com 13%. A UIT não estabeleceu média dos países em questão nesse quesito.
Saída móvel
No ranking de banda larga móvel, o Brasil se encontra melhor posicionado, em 37º, com penetração de 51,5%. Embora melhor do que nações desenvolvidas como Alemanha (44,7%, 44º lugar) e Suíça (44,3%, 45ª posição), além de competidores como China (78º, com 21,4%) e Índia (113º, com 3,2%), o País ainda se encontra atrás da Rússia (29º, com 60,1%), Costa Rica (20º, com 72,1%) e Estados Unidos (10º, com 92,8%). Nessa lista, o total de países com informações disponíveis foi de 138, e a média global foi de 26,7% de penetração.
Isso indica que o acesso móvel é uma saída para a universalização. O percentual de pessoas que utilizam a Internet (incluindo qualquer tipo de conexão) coloca o Brasil na 74ª posição, com 51,6%, índice semelhante ao de brasileiros conectados com a banda larga móvel.
Novamente o País aparece atrás da Rússia (56º, com 61,4%), Argentina (60º, com 59,9%), Uruguai (65º, com 58,1%), Venezuela (68º, com 54,9%) e Colômbia (73º, com 51,7%). Por outro lado, está à frente de China (86º, com 45,8%) e Índia (142º, com 15,1%). A média global dos 191 países é de 37,9%. Considerando somente os países em desenvolvimento, o Brasil fica em 31º lugar.
Mundo desconectado
Atualmente, há 77 países que possuem mais de 50% da população online – sete a mais do que em 2013. Por outro lado, 90% das pessoas nos 48 países menos desenvolvidos permanecem totalmente desconectados, algo “inaceitável” para o secretário geral da UIT, Hamadoun Touré. “Precisamos fazer da conectividade uma prioridade chave, particularmente nas nações mais pobres. Conectividade não é um luxo para o rico – em vez disso, é a ferramenta mais poderosa que a humanidade já possuiu ao seu dispor para transpor gargalos de desenvolvimento em áreas como saúde, educação, gerenciamento ambiental e fortalecimento para gênero”, disse ele em comunicado. “Apesar do crescimento fenomenal da Internet e de seus muitos benefícios, ainda há gente demais que permanecem sem conexão nos países em desenvolvimento”, complementou a diretora geral da Unesco, Irina Bokova.
Estimativas
De acordo com o estudo, 40% da população mundial estão conectados, com o número de acessos saltando de 2,3 bilhões em 2013 para 2,9 bilhões até o final deste ano. A previsão é de que mais do que 50% da população estejam online até 2017.
A entidade declara que políticas de universalização precisam entrar no jogo para promover o acesso, como o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) do governo brasileiro, lançado em 2010. Segundo o estudo, até 2015, todos os países “devem” ter um plano ou estratégia de banda larga nacional ou incluir a conectividade em definições de acesso e serviço universais (UAS). Atualmente, 71% dos países (140 nações) contam com um plano, 22% (43) não têm nenhuma política relacionada e 7% (13) estão planejando implantar um programa. A UIT estima ainda que a região da América Latina e Caribe precisará de US$ 340 milhões para instalar redes de próxima geração, que deverão promover a expansão dos serviços de telecom.
Na banda larga móvel, mais de 2,3 bilhões terão acesso até o final deste ano (três conexões 3G ou 4G para cada uma conexão fixa) no mundo, número que subirá para 7,6 bilhões nos próximos cinco anos. A UIT prevê 2,6 bilhões de acessos LTE até o final de 2019.
Fonte: Mobile Time