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Tendências tecnológicas que impactarão o mercado de logística brasileiro

Por: Ricardo Mello

Diretor de Operações na Total Express

Diretor Executivo de Operações na Total Express, com larga experiência E2E em SC de empresas multinacionais, na área de Supply Chain: Source (Strategic Sourcing & Procurement), Make (Manufatura), Deliver (Operações) e Improve (Projetos de Melhoria Contínua e Corporativos), buscando trazer inovação na abordagem estratégica de diferentes áreas, no desenvolvimento de times e com grande experiência em mudança cultural em variados níveis da organização.

No final do ano passado, aconteceu a Missão Internacional do Transporte à Alemanha, promovida pelo Sistema CNT. Tivemos a oportunidade de participar de uma imersão com foco em inovações tecnológicas na área do transporte. Visitamos as principais feiras da área, fizemos visitas técnicas em fábricas de grandes marcas e networking com os empresários brasileiros que participaram da missão e também com outros líderes e empreendedores alemães.

As impressões do autor sobre a Missão Internacional do Transporte à Alemanha, que teve como objetivo mergulhar no que existe de mais recente e tecnológico no setor de transporte para conseguir antecipar tendências automotivas no Brasil.

O objetivo dessa empreitada foi mergulhar no que existe de mais recente e tecnológico no setor de transporte para conseguir antecipar tendências automotivas aqui no Brasil, que podem impactar o nível de serviço, custos e, inclusive, redução de emissão de poluentes.

Um dos maiores destaques foi a questão ambiental. Vimos como as principais marcas estão inovando para, cada vez mais, diminuir o impacto negativo causado ao meio ambiente. Isso pode ser visto através das tendências no uso de carros elétricos e movidos a hidrogênio, além das diversas formas de se economizar energia e facilitar o carregamento desses veículos. Outra grande tendência foi o uso de veículos autônomos.

Energias renováveis

Esse é o futuro para o mercado de transporte mundial, pois cada vez mais as empresas estão focadas em reduzir os danos em um curto prazo. Além disso, a crise energética na Europa acelera esse movimento de redução do uso de combustíveis fósseis. Para atingir esse objetivo, o investimento está sendo direcionado para tecnologias que visam à redução de gases para outras alternativas de geração de energia, entre outros.

Uma dessas tecnologias é o uso de motores movidos a hidrogênio, que prometem uma autonomia que pode ser comparada a veículos a diesel. Já os modelos movidos por baterias recarregáveis, apesar de mais baratos do que as soluções de hidrogênio, têm uma autonomia menor e uma necessidade de locais de abastecimento em seus trajetos. Ainda, temos soluções híbridas combinando tecnologias, como: diesel + elétrico, hidrogênio + elétrico, elétrico + solar, elétrico convencional + elétrico via coletor aéreo (como nos bondes elétricos), entre outros.

Aqui no Brasil, devemos ver essas tendências em menor escala, pois o biodiesel é uma fonte de energia economicamente mais viável (chegando a ser três vezes mais barato do que caminhão elétrico), e com pouca diferença em termos de emissão de carbono quando comparado com toda a cadeia de produção de hidrogênio ou do sistema de locomoção elétrico.

Veículos autônomos

A falta de mão de obra, assim como a busca por uma maior segurança de motoristas e transeuntes, impulsiona a tendência de soluções tecnológicas de veículos autônomos.

Caminhões autônomos são veículos que circulam sem motorista, seguindo uma série de comandos previamente programados para rodar na estrada. Neste momento, a maioria das soluções são L3, ou seja, veículos em que o motorista precisa estar disponível para tomar a direção. As soluções L4, tecnologia em que em certas rotas e aplicações o motorista não é mais necessário, ainda estão em testes. E soluções L5, de autonomia completa, ainda não estão disponíveis no mercado.

Apesar de a tecnologia ainda estar em desenvolvimento e o custo ainda ser impeditivo para a aplicação em massa no transporte de cargas no Brasil, a mesma tendência de falta de motoristas vista na Europa começa a ser vista aqui no mercado brasileiro e pode acelerar a adoção dessas soluções.

Benefícios para o mercado logístico brasileiro

Acredito que, além do benefício ambiental, o mercado poderá contar com uma grande redução de custos a longo prazo, com a utilização de técnicas e recursos renováveis que poderão custar cada vez menos com o passar dos anos.

Outro ponto que vimos durante nossa visita às feiras foram as propostas relacionadas a tecnologias de last mile, como roteirização, visibilidade de entrega em tempo real e cerca eletrônica.

Em um mundo cada vez mais conectado e veloz, as coletas e as entregas se tornam mais frequentes e em menores quantidades. Isso torna cada vez mais essencial uma boa gestão do first e do last mile de maneira a otimizar o processo logístico, reduzindo prazos e melhorando a visibilidade das encomendas.

É muito importante que estejamos sempre acompanhando os desenvolvimentos relacionados à mobilidade e a toda a demanda por uma cadeia de logística mais moderna e eficiente, objetivando a melhoria contínua em termos de segurança, eficiência nos processos e no uso consciente dos recursos.