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Sua ideia não vale nada até alguém pagar por ela

Por: Thiago Garavelo

Fundador e CEO da Vello Ecommerces

Empreendedor com mais de 12 anos de experiência no mercado digital, especializado em e-commerce. Ele é fundador e CEO do Grupo Vello, gerenciando marcas próprias que faturam mais de R$ 30 milhões por ano. Além disso, compartilha conhecimento e estratégias para negócios digitais por meio de sua mentoria.

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No e-commerce, ainda existe um mito perigoso: a crença de que uma ideia pode ser validada apenas em reuniões, planilhas ou pesquisas de intenção. Essa é a armadilha que prende muitos empreendedores, acreditar que o mercado vai reagir bem só porque o conceito parece brilhante na teoria.

Lâmpada acesa ao lado de um maço de notas de 100 reais.
Imagem gerada por IA.

A verdade é simples e dura: nenhuma ideia está validada até que alguém abra a carteira e pague por ela.

O vício do planejamento eterno

É comum ver empreendedores gastando meses em ciclos intermináveis de planejamento. Criam apresentações sofisticadas, investem em identidade visual, desenham personas que parecem personagens de ficção e discutem mil vezes a paleta de cores da embalagem. O problema é que nada disso garante venda.

O mercado não compra boas intenções. O consumidor responde apenas a propostas de valor que resolvem uma dor real ou despertam desejo imediato. Enquanto isso, o tempo gasto em discussões internas é um custo invisível que não volta.

Quem já vive o jogo sabe: o que funciona no pitch da reunião muitas vezes não funciona no checkout. E não é por falta de estratégia, mas porque o consumidor não mente com o cartão de crédito na mão.

O risco de se apegar à “ideia perfeita”

Quantas vezes você já viu marcas entrarem no mercado com um produto “que todo mundo queria”, mas que morreu rápido porque ninguém se dispôs a pagar o preço pedido? Isso acontece porque pesquisas de intenção captam opiniões, não comportamentos. Entre dizer que compraria e realmente comprar existe um abismo.

O apego à ideia perfeita cria uma cegueira perigosa. Em vez de ajustar rápido diante da realidade, o empreendedor insiste, gasta mais verba e se frustra quando o resultado não aparece. O tempo que poderia ter sido usado para aprender com o mercado é desperdiçado tentando convencer o consumidor a se comportar de acordo com o plano.

Produto sexy x produto genérico

Aqui entra outro erro comum: escolher um primeiro produto genérico, igual a centenas que já existem. Shampoos básicos, suplementos comuns, óleos multifuncionais sem diferencial. O resultado? Margem baixa, briga direta com gigantes do setor e nenhuma história única para contar.

O primeiro produto não é só um item no portfólio. Ele é a narrativa inicial da marca, o cartão de visitas que abre portas e conquista atenção. Por isso, precisa ser sexy o suficiente para gerar conversa. Não é sobre ter dezenas de SKUs desde o início, mas sobre lançar algo que concentre uma promessa clara e irresistível. É esse produto que cria tração inicial e prepara terreno para a expansão.

Validação é comportamento, não pesquisa

Não adianta rodar apenas pesquisas ou análises de concorrência. Essas ferramentas são úteis, mas não substituem o contato real com o consumidor. A validação acontece quando alguém paga. É nesse momento que surgem os aprendizados que nenhum relatório entrega: objeções inesperadas, feedback sobre embalagem, percepção de preço, gargalos na jornada de compra.

Empreendedores que colocam o produto cedo no mercado aprendem mais rápido. Ajustam comunicação, reposicionam proposta, entendem o que realmente importa para o cliente. Os que ficam presos em planejamento eterno, não. Eles continuam acreditando em hipóteses enquanto os concorrentes ganham clientes de verdade.

Menos PPT, mais mercado

No fim, o recado é direto: pare de buscar a ideia perfeita e leve sua marca para a arena do mercado. É lá que você vai descobrir se sua narrativa faz sentido, se sua oferta é relevante e se existe espaço para crescer.

O e-commerce não premia quem tem as melhores ideias, mas quem tem coragem de colocá-las à prova rápido. As marcas que sobrevivem não são as que planejaram mais, mas as que aprenderam mais depressa com a realidade.

A ilusão da ideia perfeita é confortável. Dá a sensação de controle, mas não gera venda. Só quando você encara o mercado é que sua marca deixa de ser hipótese e passa a ser negócio de verdade.