O conceito de “best before”, já adotado na União Europeia, Reino Unido, EUA e Canadá, indica que a data de validade não significa, necessariamente, que o produto não pode mais ser consumido. Após essa data, é necessário que o consumidor faça uma análise sensorial simples – verificando cheiro, aparência e sabor – para avaliar se o produto ainda está próprio para o consumo. Já no Brasil, essa política do “best before” tem ganhado cada vez mais espaço para debates.

Recentemente participei da sessão da Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, em Brasília, em que foi discutida a PL 3095/2025. O encontro reuniu parlamentares, o presidente da ABRAS, João Galassi, ABIA | Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e diversas entidades do setor. A proposta busca modernizar o prazo de validade dos alimentos, introduzindo o conceito de “best before” ou “consumir preferencialmente antes de”. A experiência internacional mostra que o best before reduz o desperdício e reforça o papel da educação alimentar como aliada da sustentabilidade.
| Associação Brasileira da Indústria de Alimentos e diversas entidades do setor. A proposta busca modernizar o prazo de validade dos alimentos, introduzindo o conceito de “best before” ou “consumir preferencialmente antes de”. A experiência internacional mostra que o best before reduz o desperdício e reforça o papel da educação alimentar como aliada da sustentabilidade.Só para se ter uma ideia, o Brasil descarta um volume impressionante de alimentos, equivalente à capacidade do estádio Maracanã, totalizando cerca de 46 milhões de toneladas de comida desperdiçada, conforme dados da ONU. Além disso, cerca de 17% de toda a produção global de alimentos é desperdiçada, principalmente em residências, mas também em serviços de alimentação e comércio varejista, de acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA).
Impacto ambiental e econômico do desperdício
A boa notícia é que o combate ao desperdício de alimentos já se consolidou como um novo setor da economia verde, com impacto ambiental direto e potencial de escala global. Hoje, combater o desperdício é também uma forma de reduzir emissões e gerar valor econômico. As empresas que entenderem isso sairão na frente, porque o consumidor está mais consciente e quer fazer parte da solução.
Ao adotar o “best before”, seria possível estimular os consumidores a compreenderem melhor os rótulos. Também seria possível evitar o descarte de alimentos que ainda estão bons e seguros para consumo, ajudando a mudar hábitos e a promover um consumo mais responsável. Apesar de não ser uma solução única, podemos nos inspirar e olhar para esse modelo como uma ferramenta poderosa dentro de uma estratégia maior.
Desafios para modernizar a legislação
Mas, como toda mudança, há desafios, principalmente culturais e políticos. Atualizar a legislação brasileira é um passo essencial para evitar que alimentos próprios para consumo continuem sendo descartados por falta de clareza nas datas de validade. Modernizar o prazo de validade é muito mais do que uma questão técnica, é um passo cultural, que aproxima o Brasil de uma economia mais inteligente, sustentável e alinhada aos desafios do futuro.