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Publicidade sem ruptura: o que torna o vídeo nativo mais eficaz

Por: Camilla Veiga

Head of Sales da MGID no Brasil

Atua no meio publicitário há mais de 10 anos como executiva de contas. Ao longo desses anos, desenvolveu e aprimorou técnicas de negociação, prospecção e retenção de clientes, com foco em gerar resultados e atingir metas. Possui uma visão holística do mercado, atuando desde o planejamento estratégico até a apresentação do produto, acompanhamento das etapas de venda e análise de métricas/KPIs. Passou por grandes empresas e veículos de publicidade, como Paramount e grupo FTPI (onde atuou como executiva do Spotify), tendo experiência nos mais diversos meios como revistas, cinema, metrô, shoppings, ônibus, digital, mídia programática, CTV e TV.

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A publicidade em vídeo tem ganhado protagonismo nas estratégias digitais. Entre os formatos disponíveis, o vídeo nativo se destaca não apenas por sua capacidade de engajamento, mas também por oferecer uma experiência integrada à jornada do usuário, algo cada vez mais valorizado em ambientes digitais fragmentados e saturados de estímulos.

Mulher grava tutorial de maquiagem sendo filmada por uma câmera digital.
Imagem: Envato.

Dados da pesquisa Data Stories – Zoom-in, da Kantar Ibope Media, divulgada em 2024, mostram que mais de 56 mil marcas investiram em anúncios em vídeo no Brasil no último ano, incluindo inserções na TV aberta, salas de cinema e plataformas digitais. O alcance foi quase total: 99,5% da população brasileira foi impactada por esse tipo de conteúdo em 12 meses. Ou seja, as marcas já conhecem esse cenário; o que tem mudado é a forma como elas aproveitam esse espaço.

Nesse contexto, o vídeo nativo, formato que se integra visual e funcionalmente à experiência da plataforma onde é exibido, tem se consolidado como alternativa eficaz à publicidade tradicional em vídeo, como banners ou pop-ups.

O artigo Social media and streaming apps drive rapid growth in video ads, da eMarketer, por sua vez, mostra que em 2024, os anúncios em vídeo nativo gerados por plataformas sociais como TikTok e Instagram Reels impulsionaram um aumento de 20,4% no gasto com anúncios in-app nos Estados Unidos, totalizando US$ 61,11 bilhões.

Esses números refletem não apenas maior exposição, mas também uma forma de veiculação que respeita o conteúdo, com anúncios menos intrusivos, taxas de cliques mais elevadas e uma experiência positiva para o usuário.

Desempenho e métricas de vídeo nativo

Dados da MGID indicam que o vídeo nativo alcança taxas médias de visibilidade e visualização completa (eVTR) em torno de 70%. A taxa de cliques gira em torno de 2%, acima da média dos formatos tradicionais. Em termos de negociação, predominam modelos baseados em CPCV (custo por visualização concluída) e CPM (custo por mil impressões), que alinham custo e resultado, atendendo tanto a objetivos de performance quanto à construção de marca.

O desempenho desse tipo de publicidade também está diretamente ligado à infraestrutura de entrega. Redes que investem em algoritmos de inteligência artificial conseguem posicionar os vídeos ao lado de conteúdos relevantes em publishers estratégicos, maximizando a atenção sem interromper a leitura, permitindo narrativas in-stream e verticais, mais adaptadas ao mobile e à leitura dinâmica.

Essa abordagem é particularmente útil diante da tendência crescente de uso simultâneo de dispositivos e da fragmentação da atenção. Ao usar IA para identificar contextos aderentes, os anúncios em vídeo contextualizado deixam de competir por atenção e passam a coexistir de forma complementar com o conteúdo.

Exemplos práticos e diretrizes para sucesso

Exemplos práticos demonstram que marcas que exploram o formato com clareza de objetivo e adaptação de linguagem obtêm resultados consistentes. A Adobe Photoshop, por exemplo, utilizou o vídeo nativo para mostrar uma cena montanhosa sendo interrompida por um jato 747, na qual essa imperfeição foi corrigida com o pincel de recuperação de manchas do próprio software. A descrição clara do recurso facilitou a compreensão da funcionalidade.

Já a Coca-Cola apostou no formato para uma narrativa institucional focada em sustentabilidade. Uma série de vídeos com animações simulando folhas soprando revelou a mensagem “100% vegetal”, relacionada à nova composição das embalagens da marca, reforçando visualmente seu posicionamento na transição sustentável. Nesse caso, a descrição foi mais extensa e adotou um tom corporativo, ampliando o contexto da mensagem.

Nos dois exemplos, o vídeo integrado atuou como ponte entre o conteúdo orgânico consumido pelo usuário e o posicionamento das marcas. A clareza nos objetivos, o alinhamento ao contexto da plataforma e o uso estratégico da descrição e do CTA foram elementos essenciais para o sucesso.

Esse paralelo evidencia que o que se aprende com o consumo de vídeo orgânico precisa ser aplicado à publicidade. Os usuários ignoram o que não tem contexto, saltam anúncios que interrompem a experiência e avançam quando o conteúdo não é relevante. Por outro lado, assistem até o fim quando o vídeo está bem posicionado, tem clareza de proposta e respeita a plataforma onde está inserido.

Em um ambiente saturado de mensagens, o valor não está apenas na entrega, mas no quanto o conteúdo se adapta às dinâmicas do comportamento do usuário. A publicidade em vídeo nativo, quando bem executada, consegue unir visibilidade, relevância e resultado, sem comprometer a experiência, e esse equilíbrio será cada vez mais decisivo na performance das campanhas digitais. À medida que o consumo digital se torna mais complexo, as marcas que dominarem a arte da integração contextual, apoiada por tecnologia e criatividade, estarão à frente na corrida por relevância e engajamento.