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Marketplace: o futuro dos varejistas

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

Quatro meses após seu lançamento na web em 2005, o Estante Virtual, principal marketplace de sebos do Brasil já reunia em seu acervo dois milhões de livros de várias regiões do país. Hoje, o site tem uma média de 50 mil visitas diárias e vende um livro a cada 5 segundos.

Além dos livros, outro segmento que cresceu foi o de artesanato personalizado. Elo 7 e Airu são boas experiências de marketplaces que reúnem produtos criativos e uma boa gestão de e-commerce. Ambas já têm recebido investimentos de empresas de fora do Brasil.

Depois da explosão dos marketplaces de nicho, agora é a vez de os grandes varejistas migrarem para esse modelo de e-commerce. Em abril, a empresa Nova Pontocom lançou o Extra.com.br com um catálogo de 200 mil itens. Para lançar a plataforma, a empresa avaliou as melhores práticas mundiais do segmento e adaptou ao mercado brasileiro. Durante o processo, descobriu que o formato, além de aumentar as oportunidades de vendas aos lojistas devido ao elevado fluxo de clientes e credibilidade da marca, contribui para a exigência do padrão de qualidade dos produtos e serviços oferecidos.

O resultado é satisfatório. No Extra.com.br, é possível encontrar produtos diversos, desde alimentos e bebidas até artigos para carro, passagens aéreas, vestuário, games e computadores. A plataforma tem opções bastante interessantes, como separação de produtos por temas ou categorias, como Dia das crianças, listas prontas para compras do mês, vídeos que ensinam como funciona o fluxo de compra e de entrega, integração no pagamento com os cartões da rede Grupo Pão de Açúcar, e também interage com o cliente através dos botões “eu amo”, “eu quero” e “eu tenho” abaixo de cada produto.

Seguindo a tendência dos concorrentes, o Walmart também pretende ampliar seu catálogo de produtos com fornecedores nacionais e importados de áreas em crescimento, como bebês, utilidades domésticas, pet, vestuário e e-books.

A “migração” dos grandes varejistas para o e-commerce não é infundada. Segundo o último levantamento do e-bit, os marketplaces brasileiros movimentaram em 2012 um GMV (Gross Merchandise Volume) de R$ 6,5 bilhões, equivalente a 29% do comércio online tradicional.

Não é à toa que a Amazon está de olho nesse potencial brasileiro. Com apenas 13 mil títulos de livros e e-books em português na sua estréia, agora a gigante norte-americana já comercializa os Kindle básicos e as versões Paperwhite Wi-Fi e 3G grátis. Com isso, a Amazon elege o Brasil como seu primeiro representante na América do Sul e coloca o país ao lado de economias emergentes importantes para o e-commerce, como China, Índia, Japão, México e Europa.

Marketplaces potencializam novos consumidores no Brasil

Tanta agitação no mercado eletrônico no Brasil pode ser em parte justificada pelo aumento do poder aquisitivo das classes C e D. Pesquisas recentes que traçam o perfil dos consumidores no país apontam que essas classes possuem uma capacidade de consumo de mais de R$ 1 trilhão, representando 58% dos consumidores que fizeram sua primeira compra online este ano. Paralelamente a esse cenário, vemos o crescimento dos brasileiros com acesso à Internet. No primeiro trimestre de 2013, somamos 105 milhões de pessoas conectadas, segundo dados do Ibope Media.

“Se do lado do consumidor crescem as classes emergentes, do lado dos lojistas surge o desafio de explorar esse novo consumo. A infinidade de opções de lojas online, no entanto, faz com que as pequenas empresas pensem cada vez mais no marketplace como meio de se tornarem referências e ganharem mais competitividade”, diz o gerente de produtos do Moip, Caio Braga.

Além da vantagem de se hospedarem em uma plataforma já consolidada no mundo online, aumentando a visibilidade nas buscas orgânicas, vendedores que estão começando podem contar com serviços como consultoria de marketing, ferramentas úteis como controle de estoque, parceria com meios de pagamento e outros benefícios oferecidos pelos próprios marketplaces. Além disso, por estarem em um marketplace, os consumidores podem ser “captados” por cross-selling durante a navegação ou no checkout. Para quem acaba de entrar no mundo do comércio eletrônico, vale a pena ficar atento a essas tendências. Escolher entre investir em uma loja virtual ou entrar para um marketplace, nesse momento, pode determinar o sucesso do seu negócio.