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IA generativa no e-commerce: da automação à diferenciação estratégica

Por: Betina Wecker

Co-fundadora e VP de Novos Negócios da Appmax

Betina Wecker é a co-fundadora da Appmax, uma das empresas líderes em soluções de pagamento para o e-commerce no Brasil. Com uma trajetória empreendedora marcada pela inovação, ela criou uma plataforma que não só facilita transações, mas também ajuda seus parceiros a maximizar resultados. Hoje a Appmax tem mais de 228 mil sites cadastrados e já processou mais de R$ 8.4 bilhões de reais.

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A inteligência artificial generativa já não é uma promessa confinada aos laboratórios das big techs. A tecnologia, antes restrita a centros de inovação e orçamentos milionários, hoje já se encontra no coração das operações digitais. Não apenas para os gigantes: a IA generativa já começa a transformar a rotina de e-commerces de todos os portes. O que mudou? O acesso à tecnologia ficou mais democrático, e a maturidade do mercado permitiu que ela deixasse de ser apenas promessa e passasse a entregar resultados.

Laptop com página do ChatGPT na tela.
(Imagem: Freepik)

Mais do que uma ferramenta, a IA generativa tem se consolidado como um vetor de vantagem competitiva para quem vende online. E não estamos falando de aplicações futuristas, estamos falando do agora. A seguir, compartilho três frentes práticas em que a IA generativa já vem sendo aplicada por operações digitais com impacto direto em performance, custo e escalabilidade.

1. Produção de conteúdo em escala: a eficiência como padrão

A criação de descrições de produtos é tanto uma tarefa operacional quanto estratégica no e-commerce. Textos otimizados para SEO, com linguagem persuasiva e foco em diferenciais, impactam diretamente a conversão e a indexação orgânica. O desafio sempre foi fazer isso em escala e com consistência.

Ferramentas de IA generativa como ChatGPT, Jasper ou Copy.ai transformam dados técnicos em descrições prontas em segundos, garantindo padronização e clareza. Segundo a Sana Commerce, descrições bem estruturadas podem aumentar a conversão em até 78%. Mais do que ganhar tempo, a IA melhora a qualidade da entrega.

Na produção de imagens e vídeos, o impacto é similar. A IA permite gerar variações visuais de produtos quase instantaneamente, substituindo parte do processo fotográfico tradicional. Midjourney, DALL·E e Runway já são usadas para testes criativos e, segundo a McKinsey, essa adoção pode reduzir até 30% dos custos com marketing visual – uma vantagem estratégica em um ambiente de testes constantes e disputa por atenção.

2. Atendimento automatizado e personalizado: da resposta ao relacionamento

Os chatbots tradicionais, baseados em fluxos pré-definidos, já não atendem às expectativas de um consumidor cada vez mais exigente. O avanço da IA generativa nos trouxe uma nova geração de bots que não apenas compreendem o contexto das mensagens, mas aprendem com as interações anteriores e são capazes de oferecer respostas mais humanas, completas e contextualizadas.

No e-commerce, isso se traduz em uma mudança de paradigma: o atendimento deixa de ser um ponto de contato e passa a ser um canal de conversão. Em plataformas como WhatsApp, Instagram ou até mesmo dentro da loja online, esses bots atuam como verdadeiros consultores digitais. A previsão da Gartner é de que, até 2027, 25% das empresas terão na IA o principal canal de atendimento ao cliente. Esse movimento já começou e quem acompanha desde agora se coloca à frente em experiência e fidelização.

3. Pagamentos inteligentes: IA generativa na tomada de decisão transacional

Embora as aplicações mais visíveis da IA generativa estejam no marketing e no atendimento, uma fronteira promissora está nas decisões de pagamento. Grandes operações de e-commerce já enfrentam o dilema de equilibrar aprovação e segurança. O desafio: evitar fraudes sem bloquear vendas legítimas.

É aqui que a IA generativa entra como aliada, não apenas identificando padrões de risco, mas aprendendo com o comportamento e histórico de compra para avaliar cada transação como única. Essa abordagem pode reduzir falsos positivos e ampliar a conversão, sem comprometer o controle de chargebacks.

Em vez de regras fixas, surgem modelos adaptativos que interpretam dados contextuais em tempo real: localização, horário, dispositivo, perfil de consumo. Trata-se de mover o antifraude da lógica binária para a lógica probabilística, mais próxima da realidade do consumidor moderno.

Ainda há muito a ser explorado nesse campo. Mas o que já se percebe é que a IA generativa não será apenas uma ferramenta de eficiência no e-commerce: será parte central da engenharia de confiança que sustenta o crescimento digital.

IA como estratégia, não apenas automação

O uso da IA generativa no e-commerce representa mais do que ganho operacional. Ele representa uma mudança de mentalidade: do fazer manual para o pensar estratégico. Operadores que antes gastavam tempo com tarefas repetitivas agora podem redirecionar sua energia para análise, tomada de decisão e inovação.

É claro que a adoção exige critérios, tanto éticos quanto técnicos. Mas ignorar esse movimento é, hoje, uma escolha mais arriscada do que experimentá-lo. A IA generativa está deixando de ser uma tendência e se consolidando como padrão de operação em e-commerces de todos os portes.

O futuro do e-commerce será liderado por quem entende que a inteligência artificial não substitui o fator humano, ela potencializa sua capacidade de criação, escala e personalização. Cabe a nós, líderes que constroem o presente do digital, explorar esse potencial com responsabilidade, visão e propósito.