Como parte da evolução para competir com a Amazon nas buscas com intenção de compra, o Google dá um grande passo ao decidir mostrar resultados de busca não-pagas em listas orgânicas no shopping. A aba de resultados do Google Shopping consistirá principalmente em listas de produtos gratuitas já a partir da próxima semana. A mudança terá efeito em todo os EUA antes do final de abril, e será globalmente aplicada até o final deste ano.
O movimento acontece em meio a crise do novo coronavírus (covid-19). Isso porque muitas empresas que possuem operações físicas estão fechando as portas destes canais e apostando em suas estratégias digitais, incluindo as operações de e-commerce.
Comunicado oficial
Como revela o comunicado oficial publicado na última terça — que pode ser lido na íntegra no Blog do Google —, a pandemia foi um dos fatores que fez com que a companhia antecipasse seus planos para com esta mudança. Porém, esta alteração tende a ser, se não definitiva, de longo prazo, se adequando aos planos de comércio digital do Google.
“Para lojistas, a mudança significa exposição gratuita a milhões de pessoas que pesquisam no Google para fazerem suas compras do dia-a-dia”, comenta Bill Ready, presidente da divisão do Google, em tradução livre. “Aos compradores, isto significa a descoberta de mais produtos e de mais lojas, feitas através da aba do Google Shopping. Para anunciantes, isto significa que campanhas pagas podem crescer ainda mais com as listas gratuitas”.
Esta atitude é, de certa forma, um retorno as origens para as buscas de produtos no Google, que costumavam ser gratuitas, até a alteração para o formato totalmente pago em 2012. Isso porque, antes de decidir ser 100% pago, o Google sofreu com algumas dificuldades, dentre elas listas de baixa qualidade e o crescimento da Amazon.
Sobre o primeiro aspecto, não raramente os resultados exibidos pelo Google levavam para produtos sem estoque ou para itens totalmente diferentes do anunciado. Porém, a “habilidade” do Google em garantir que a informação presente no feed de produtos converge com os dados disponíveis no site melhorou significativamente desde então.
Já com relação a Amazon, o Google viu a gigante do e-commerce ganhar cada vez mais espaço para buscas de produto e em anúncios. Ou seja, limitar os resultados de buscas de produtos somente para quem paga, também limita os resultados do próprio Google em termos de quantidade de produtos exibidos e de lojistas, o que resulta em desvantagem.
Desta forma, o Google realiza uma ação importante para competir com a Amazon, e que poderá melhorar seu apelo tanto com consumidores quanto com vendedores. Quem já anuncia no Shopping estará ainda mais competitivo, com mais produtos elegíveis para serem exibidos, conquistando mais destaque. Para profissionais de marketing e SEO, esta mudança do Google confere uma nova ferramenta aos esforços de otimização para produtos nas buscas orgânicas.
Mudanças oriundas com o novo programa
Anúncios pagos no shopping aparecerão no início e no final da aba do Shopping, assim como acontece na página principal nos resultados de pesquisa. É possível que no futuro o layout sofra alterações. Os resultados principais do buscador não mudarão, ou seja, os carrosséis de produtos de PLAs (product listing ads) continuarão somente com anúncios pagos.
Assim como no ads, as listas gratuitas também serão realizadas por feeds de produtos feitos no Google Merchant Center. O Google já havia liberado o Merchant Center a todos os vendedores há pouco mais de um ano, para que fosse possível começarem a dar visibilidade orgânica de produtos nos seus resultados de busca, incluindo o Image Search. Mais recentemente, o Google começou a mostrar listas de produtos orgânicas na seção chamada “Produtos Populares”, em tradução-livre. Para iniciar, é necessário abrir uma conta no Google Merchant Center e fazer upload do feed de produtos. Os vendedores devem optar por “surfaces across Google” para serem elegíveis a exibição orgânica, como informa a Central de Ajuda.
Além das novidades acima, o Google também anunciou sua nova parceria com o PayPal. Empresas que utilizam o PayPal poderão associar suas contas com o Merchant Center. Isso permitirá ao Google coletar as informações dos vendedores e identifica-los como confiáveis mais rapidamente — garantindo maior qualidade nos resultados de suas buscas. Com destaque especial para Shopify, WooCommerce e BigCommerce, o comunicado afirma ainda que as plataformas de e-commerce continuarão a facilitar a gestão de inventário e de produtos, de acordo com a companhia.
Para mais informações, vocês também podem acessar este artigo do Search Engine Land que, com exceção de algumas pequenas considerações, praticamente fiz sua tradução.