O ano de 2020 foi transformador para a economia em todo globo, sobretudo, para os negócios nativos ou que migraram para a esfera digital. Como resultado do avanço da Covid-19, mais pessoas passaram a utilizar o tempo livre para consumir ou produzir conteúdo na internet. Neste cenário, surgiram os gigfluencers, termo em inglês para designar pessoas que influenciam outras na internet sem que utilizem as mídias sociais como principal fonte de renda, diferente do que fazem os influenciadores ou macroinfluenciadores. A chegada deles representa mudanças na identidade dos influenciadores digitais e oportunidades para as marcas e o mercado de afiliados.
São considerados gigfluencers usuários das mídias sociais que, após março de 2020 decidiram pela primeira ou segunda vez– (após uma tentativa anterior ineficaz) monetizar seu conteúdo na web, ainda que não tivessem um número expressivo de seguidores para isso.
Se encaixam nesta categoria os chamados nanoinfluenciadores, que têm entre mil e 10 mil seguidores, e os microinfluenciadores, que têm entre 10 mil e 100 mil seguidores. São pessoas com pequenos comércios no bairro, profissionais liberais que falam sobre os serviços que ofertam ou mesmo pessoas que decidem abordar temas com os quais têm afinidade, independente da ligação ou não com sua área de atuação profissional.
Na prática, os gigfluencers não pagam as contas do mês com as publicidades que fazem no Instagram. Eles apenas complementam renda pela monetização de seu perfil e conteúdo produzido. Desta forma, é possível encontrar quem fale sobre viagens, dê dicas de orçamento doméstico e ensine receitas culinárias, ainda que não seja uma autoridade nestes assuntos.
Com isso, a identidade do influenciador digital está cada vez mais em transformação. Se antes este universo era dominado pelas blogueiras de moda, agora é mais inclusivo e diverso. Isto representa oportunidades tanto para quem desejar produzir conteúdo como para as marcas, que passam a ter maior flexibilidade de escolha, podendo buscar, por exemplo, um gigfluencer que esteja mais alinhado com seu posicionamento, valores e missão, sem que para isso precisem despender de um alto orçamento para tal.
A diversidade de nanoinfluenciadores muda não apenas o perfil social, mas também o perfil demográfico dessa nova influência. No ramo dos gigfluencers não é preciso morar no Sudeste do Brasil para ganhar relevância entre seus seguidores, e tampouco residir nos bairros mais badalados das várias regiões metropolitanas do país para exercer influência nas redes. A depender da estratégia de venda de uma marca, um gig ou nanoinfluenciador pode representar maior engajamento e chances de conversão.
Com mais pessoas conectadas, dispostas a produzir ou consumir conteúdo online, o mercado de afiliados também se beneficia, uma vez que une os interessados em monetizar com as marcas anunciantes. Dados da pesquisa Global Digital Overview 2020, realizada pelo site We Are Social em parceria com a ferramenta Hootsuite, revelam que o Brasil ocupava o terceiro lugar no ranking de populações que passam mais tempo em redes sociais digitais no ano passado, com uma média diária de 3 horas e 31 minutos, ante a média mundial de 2h24min de uso por dia.
Muitas marcas perceberam este movimento e apostaram em um programa próprio de afiliados no ano passado, convidando pessoas físicas a serem afiliadas digitais. A importância dos gig ou nanoinfluenciadores, no entanto, não retira a relevância de influenciadores com números expressivos de seguidores. Ela apenas aponta que dentre inúmeras estratégias possíveis, é preciso considerar todas as possibilidades em um cenário cada vez mais complexo e de intensa transformação como é o da influência digital.