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GenZ: os propulsores do Pix e o futuro do varejo

Por: Henrique Weaver

Co-Founder e CEO da Pagaleve. Com background em empresas como Coca-Cola e a consultoria McKinsey, o executivo foi também CEO da startup indiana de hotelaria OYO, que já ocupou a posição de maior rede de hotéis do Brasil, além de ter sido um dos executivos líderes da Uber no Brasil. Acostumado com o ambiente de start-ups de alto crescimento, Henrique é Administrador pela Universidade de Brasília, e MBA pela Universidade da California.

A geração Z foi a primeira que teve internet desde sua infância, e todas as próximas estarão conectadas desde o abrir dos olhos. A internet não é mais uma facilitadora do dia a dia para a nova geração, ela agora é parte da vida e usada para trabalho, lazer, contato social e nos mínimos detalhes do dia, como fazer uma compra em um clique ou um pagamento apenas por aproximação ou Pix. A “GenZ” não é mais o futuro, ela é o presente. O comportamento dessa geração está guiando o de toda a sociedade, e com os meios de pagamentos não é diferente.

A geração Z não é mais o futuro, ela é o presente. O comportamento dessa geração está guiando o de toda a sociedade, e com os meios de pagamentos não é diferente.

Transformação

Como explicar para uma geração conectada que ela precisa fazer algo presencialmente, sendo que aquilo poderia ser feito em poucos segundos e em alguns cliques no celular? Agências de bancos tradicionais, lotéricas para pagamentos de boletos, dinheiro de papel… tudo isso chegará próximo de zero, e esse é apenas o começo da transformação.

Em 2020, a Statista, empresa especializada em inteligência de mercado, relatou que aproximadamente 1,48 bilhão de pessoas em todo o mundo usaram carteiras móveis para pagamentos digitais. No Brasil, o sistema de pagamento instantâneo Pix, lançado em 2020 pelo Banco Central, tem sido um exemplo notável de transformação digital. Em seu primeiro ano, o Pix processou mais de 2,6 bilhões de transações, de acordo com dados oficiais do Banco Central do Brasil.

O sucesso desse cenário ficou nítido também para os grandes bancos, que, numa tentativa de surfar nessa onda de sucesso, adotaram a digitalização apenas quando era conveniente financeiramente. Como de praxe, não funcionou. A geração Z, ciente dessa jogada, está migrando cada vez mais para métodos de pagamento mais transparentes, deixando para trás os cartões de crédito e abraçando o Pix e o Pix Parcelado, para ficar cada vez mais longe da enrascada de um endividamento que o parcelamento no cartão pode promover.

Cartões de crédito

Os cartões de crédito geralmente têm taxas de juros elevadas. Em muitos casos, elas podem exceder 20% ao mês. Isso significa que os titulares de cartão de crédito que não pagam a fatura no mês podem acumular rapidamente uma dívida significativa devido aos juros altíssimos. Dados divulgados pelo Banco Central indicam que a taxa média de juros cobrada no rotativo do cartão de crédito subiu de 437% para 446% neste ano.

Além disso, a inadimplência em cartões de crédito é um problema comum: o Bacen indica ainda que no mês julho deste ano a inadimplência na linha de crédito atingiu 49,5%. A taxa de inadimplência flutua, mas na maior parte dos casos é mais alta do que em outros tipos de dívida, e isso pode resultar em penalidades, taxas adicionais e uma piora na situação financeira do devedor.

Pix

A geração Z cresceu vendo os pais se endividarem com o cartão de crédito e nunca terminarem de pagar faturas, boletos e mais contas. Esse impacto geracional fez com que a GenZ adotasse proteções para a futura vida financeira e limitasse o uso do cartão de crédito, favorecendo assim formas mais seguras e transparentes, como o Pix e o Pix Parcelado. Dessa maneira, essas pessoas conseguem garantir que passam longe da bola de neve dos juros rotativos, do endividamento e do descontrole financeiro.

Dados do Banco Central indicam que em maio de 2023 o Pix já acumula mais de 149 milhões de usuários no Brasil, sendo mais de 137 milhões de pessoas físicas. Com o lançamento do Pix, também surgiram formas de pagamento como o Pix Parcelado, que já pode ser encontrado em uma série de e-commerces, dividindo espaço no checkout com outros métodos de pagamento.

O Pix cativou a geração Z não apenas por sua conveniência e eficiência, mas também por sua abordagem transparente e pela possibilidade de acesso ao crédito sem o medo do endividamento e das letras miúdas. Essa é uma geração que valoriza produtos que são alinhados com seus valores e propósitos, preferindo aqueles que são intuitivos, rápidos e transparentes, sem surpresas desagradáveis nas letras miúdas.

O que é sustentável no mercado financeiro? Ter uma forma escalável e acessível de oferecer parcelamento sem depender de altíssimos juros sempre foi algo desejado, mas nunca antes realizado de forma consistente. O Pix Parcelado veio para mudar esse paradigma, e em seu pouco tempo de existência já traz uma legião de usuários frequentes, não somente dentro da geração Z, seu público principal, mas também em diversos outros segmentos. Esse é o início do futuro dos meios de pagamento no Brasil.