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Em 2023, sustentabilidade será diferencial no varejo

Por: Alexandre Benini

VP de Customer Experience na SAP

Executivo de vendas atuando há mais de 20 anos no setor de Tecnologia da Informação. Graduado em Engenharia da Computação e Certificado em SAP, ITIL, PMP e Sales License to Lead (High Performance Mgmt). Tem como principais pontos fortes: customer centric, liderança pró-ativa, liderança com empatia.

Cada vez mais, o conceito de sustentabilidade vem sendo absorvido no dia a dia das pessoas. Isso, claro, tem se refletido também em seus hábitos e escolhas, desde a implementação de novos processos, como a coleta seletiva de lixo, até a mudança de critérios na escolha de seus fornecedores. Um estudo da Deloitte aponta que 55% dos consumidores optaram por comprar recentemente um produto ou serviço sustentável.

Confira sete tendências de sustentabilidade que devem ter forte impacto no varejo ao longo deste ano.

Essa mudança no perfil do consumo tem seus reflexos também no setor de varejo. Não é à toa que, para atrair e reter clientes com esse tipo de preocupação, muitos varejistas têm procurado reduzir seu impacto no meio ambiente, combatendo os efeitos das mudanças climáticas, reduzindo desperdícios e eliminando sua pegada de carbono. Esse esforço, no entanto, vai muito além, abrangendo também questões como o bem-estar dos colaboradores e o uso de tecnologia.

Para ajustar as bússolas para este ano, separamos aqui sete tendências de sustentabilidade que devem ter forte impacto no varejo ao longo deste ano:

1. Práticas sustentáveis em destaque

Muitas empresas têm se esforçado para tornar mais transparente o modo como seus produtos são fabricados ou seus serviços, oferecidos. Isso vai desde a divulgação dos materiais utilizados até a garantia de que os colaboradores têm boas condições de trabalho, ou que os produtos não são testados em animais. Essas práticas estão, inclusive, entrando no radar regulatório de diversos países. Uma pesquisa realizada pela McKinsey em 30 países, por exemplo, apontou que 28 deles já contam com leis de responsabilidade estendida ao produtor. Além disso, 75% deles já implementaram ou estão trabalhando para criar penalidades às empresas que descumprirem essas regras.

2. Entregar mais poluindo menos

O crescimento das vendas online tem como reflexo o aumento das emissões de carbono dos veículos de entrega. É isso que tem levado muitas empresas a buscar métodos de entrega mais sustentáveis, o que inclui o uso de veículos elétricos, drones e bicicletas. Por outro lado, ao evitar que o consumidor vá à loja, as compras online podem ajudar o meio ambiente e por isso muitos varejistas optaram por não reabrir suas lojas depois da pandemia. A UBS prevê que, até 2026, cerca de 80 mil lojas físicas serão fechadas nos Estados Unidos.

3. Aposta na economia circular

Um dos problemas do varejo é a geração de lixo. Para se ter uma ideia, em cada quatro encomendas feitas no e-commerce, uma é devolvida, representando desperdício de embalagens e mais lixo. Muitas empresas estão combatendo isso anunciando, por exemplo, a substituição de suas embalagens tradicionais por embalagens recicláveis. Outro caminho é a adoção da economia circular, que incentiva a reutilização e a reciclagem de materiais e produtos. Bons exemplos são o McDonald’s e a Starbucks, que têm ampliado o uso de copos recicláveis. De acordo com a Accenture, a adoção do modelo circular deve gerar, até 2030, uma economia de US$ 35 bilhões na indústria de bens de consumo embalados.

4. Ambientes de trabalho sustentáveis

Outra questão que vem sendo analisada por muitas empresas do setor é o modo como suas lojas operam e qual o impacto delas em suas comunidades. Muitas estão adotando o padrão LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que é reconhecido globalmente. Outra tendência é o aumento da preocupação com saúde e segurança ocupacional, assim como a implementação de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão.

5. Mais ética em toda a cadeia

Outra tendência que deve ganhar força em 2023 é a mudança na forma como os negócios são conduzidos. Isso deve ocorrer por meio da formação de uma cadeia de suprimentos ética, com empresas tentando garantir que seus fornecedores e parceiros mantenham padrões éticos de gestão ambiental, fornecimento de produtos e serviços, e condições de trabalho. A Votorantim Cimentos é um exemplo claro desse tipo de iniciativa.

6. Uso de dados e inteligência artificial

Outras armas importantes na garantia de um futuro mais sustentável são a análise de dados e o uso eficiente da tecnologia. Nesse ponto, a inteligência artificial (IA) tem se mostrado poderosa na redução de gases de efeito estufa, por exemplo. Uma pesquisa da PwC mostra que o uso da IA tem sido fundamental em áreas como agricultura de precisão, previsões climáticas e combate a desastres. Tanto é assim, que o estudo estima que a IA pode reduzir emissões globais em 4% até 2030.

7. Uso intensivo de cloud computing

Além da IA, o uso da computação em nuvem tem sido essencial para que as empresas se tornem mais e mais sustentáveis. Segundo a Accenture, os provedores de nuvem trabalham com cargas sustentáveis e de baixo custo, ajudando seus clientes a combater emissões de carbono e reduzir o consumo de energia e a produção de resíduos. Um exemplo é a Amazon, que tem como meta utilizar somente energia renovável até 2025.

O fato é que, cada dia mais, marcas de todos os setores estão buscando criar e implementar iniciativas mais sustentáveis. Isso passa por esforços para reduzir o impacto ambiental, o uso de tecnologias mais eficientes, a garantia do bem-estar dos colaboradores e a condução dos negócios com responsabilidade. São processos que devem se intensificar este ano, deixando para trás as empresas que não demonstrarem o mesmo grau de preocupação.