O mundo vive há várias décadas uma gangorra econômica, na qual, de um lado. temos a moeda americana com vários picos de crescimento e valorização e, de outro lado, moedas emergentes que sobrevivem graças ao patrimônio interno de seus países e ganham valor nas baixas da moeda dos Estados Unidos. Esse cenário pode ser observado várias vezes ao longo dos anos e prova a teoria de que o dólar vive um eterno ciclo de altas e baixas, que faz parte do que se espera da moeda.
Em 2008, durante uma das maiores crises financeiras que tivemos nos últimos 50 anos, vimos primordialmente esse movimento de baixa acentuada seguido de uma valorização que já era projetada por especialistas. Já em 2009, quando a moeda americana atingiu baixa histórica, o Brasil emplacou o real como uma das moedas mais fortes daquele período, precisando inclusive recorrer à taxação extra na entrada do dólar nos bancos nacionais. Essa guinada econômica valorizou o real e reduziu a quase zero a diferença entre real e dólar.
Diferentemente do que se espera de uma moeda forte e com constância, o dólar se mantém forte justamente pela inconstância à qual se submete para obter o controle e a superioridade em relação às demais moedas que não possuem força para crescer imediatamente após as graves recessões, como acontece com o Euro ou a Libra, que são moedas que, em raríssimas situações, perdem o valor, mas também assumem o papel de pilar econômico do planeta, valorização lenta, mas sempre constante. Nesse caso, não assumir riscos é o que mantém a eficácia do valor atribuído ao ciclo de alta da moeda.
Impacto no mercado brasileiro
Para o empresário brasileiro que realiza transações utilizando a moeda americana, observa-se o poder de compra sendo agregado nos momentos de queda e de certa instabilidade com relação ao momento de desprender novos investimentos. Outro ponto importante de se observar é que nem sempre a baixa do dólar significa diretamente a valorização da nossa moeda – tudo depende da articulação econômica e da reserva comercial que temos no momento. Grandes reservas em dólar em momentos de queda da moeda significam a perda de valor das nossas reservas e, consequentemente, o desequilíbrio da nossa balança.
A oscilação atual da moeda americana é de 0,2 pontos em relação ao real brasileiro, significando o ganho ou perda de dois centavos por real a cada nova cotação em média, e observamos isso ao molde das políticas internacionais e das notícias internas do Brasil. A cada nova atualização dos assuntos do governo atual e desdobramentos nas investigações, vemos o crescimento da nossa moeda ou a desvalorização dela, um reflexo triste da nossa instabilidade econômica, que projeta em nossa economia as incertezas do sucesso ou do fracasso das ações governamentais.
Para os investidores, é o momento de prestar mais atenção na possibilidade de adquirir a moeda americana de forma mais barata. Já para quem negocia com base no câmbio do dólar, é o momento de aproveitar a baixa e realizar as conversões nesse período de crescimento de valor da nossa moeda interna, já que na conversão ela se sobressai com vantagem. Um grupo em especial que se beneficia dessas quedas são os importadores, que conseguem pagar menos em suas importações.
As oscilações da moeda norte-americana contribuem para o aumento do poder de compra internacional dos brasileiros, o que causa ,de um lado da balança comercial, um déficit ordinal, resultando no desequilíbrio entre entrada e saída de dólares no país, o que pode forçar os bancos nacionais a aumentarem a taxação sobre a entrada do dólar menos forte aqui. Portanto, nesse momento, é essencial ter planejamento e vislumbrar ações que a longo prazo deixem de fazer sentido em termos de lucratividade.
E engana-se o empresário grande ou pequeno que se sente isento a essas mudanças. O dólar é o nosso principal inflacionário econômico, e interfere diretamente em nossas políticas de precificação e geração de renda. Estar a par dessas mudanças garante o controle em relação à comercialização do produto interno, além de alertar sobre as oportunidades que tendem a surgir em momentos de crise. O que podemos tirar de lição com isso é que, em crises do dólar, a visão estratégica é a qualidade mais valorizada entre os investidores, e isso interfere diretamente em como cada um de nós ganha e gasta o seu dinheiro ao longo dos meses. Para crises, o melhor investimento é a precaução.