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Como fazer previsões para o varejo em um mundo imprevisível

Por: Cristian Figueroa

Diretor de varejo e bens de consumo do SAS para Latam, além de ser professor especialista da Universidade do Chile nas faculdades de Economia e Negócios, Ciências Físicas e Matemática. Tem mais de 11 anos de experiência na concepção, implementação e venda de soluções inovadoras baseadas em Gestão da Informação, Business Intelligence e Business Analytics em diversos setores como Varejo, Bancos, Telecomunicações, Utilities, Mineração e Governo. Engenheiro Civil Eletricista de formação e Mestre em Inteligência Analítica pela Universidade do Chile.

Ter uma gestão eficiente da cadeia de suprimentos sempre foi um aspecto crucial da operação de empresas de varejo e bens de consumo. Mas garantir essa eficiência, assim como mitigar os vários desafios que afetam essa área tão crítica do negócio, se tornará algo ainda mais complexo ao longo de 2023. Neste ano, as organizações precisam que suas cadeias sejam capazes de atravessar grandes rupturas, como tensões geopolíticas, mudanças macroeconômicas bruscas, desastres naturais e ataques cibernéticos. Como estar preparado para aquilo que ainda nem conhecemos, em um mundo tão imprevisível?

Alguns avanços tecnológicos podem ajudar as empresas a se antecipar às mudanças súbitas do mercado e a responder rapidamente às necessidades que ainda vão surgir.

A boa notícia é que alguns avanços tecnológicos podem ajudar as empresas a se antecipar às mudanças súbitas do mercado e a responder rapidamente às necessidades que ainda vão surgir. Mas o jogo ainda não está ganho: muitas organizações sofrem para adotar as ferramentas necessárias, embora elas já estejam disponíveis no mercado. Mais do que um desafio tecnológico, esse é um problema cultural, que foi escancarado durante a pandemia do coronavírus.

Não é novidade que esse período expôs lacunas na capacidade das empresas de varejo e bens de consumo de prever e planejar a demanda com eficiência, à medida que os consumidores mudaram rapidamente seus padrões de compra. As empresas devem ser capazes de reagir em tempo real para gerenciar imprevistos relacionados à sua cadeia de suprimentos se quiserem se manter competitivas e proteger sua fatia de mercado. Para isso, precisam se tornar cada vez mais data-driven, algo que ainda está longe de ser realidade.

Gêmeos digitais e visibilidade em tempo real

Em termos de tecnologia, uma tendência muito relevante nesse segmento é o uso de gêmeos digitais, ou digital twins. O termo se refere a réplicas virtuais de objetos físicos, processos ou sistemas que podem ser usados para simular e analisar eventos. Na gestão da cadeia de suprimentos, essa abordagem pode desempenhar um papel importante na melhoria da eficiência, visibilidade e agilidade. Esses sistemas funcionam de forma similar a um app como Waze, que digitalmente dá diferentes rotas e opções para chegar a um destino.

Além disso, é possível reduzir custos e aumentar eficiência no processo de criação de produtos na indústria de bens de consumo com os gêmeos digitais. E casos de uso vêm se tornando cada vez mais frequentes. Um dos nossos clientes têm usado digital twins para transformar a maneira como desenvolve um sabão de lavar roupas. Desde a cor utilizada no líquido até os componentes do produto podem ser criados e modificados num verdadeiro laboratório digital que leva em conta dados reais.

E os avanços não param por aí. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, ter visibilidade em tempo real da cadeia de suprimentos, conectando os dados com sistemas de demand planning, pode ser um grande diferencial. Hoje, já é possível rastrear, gerenciar, medir e otimizar cada etapa dessa jornada enquanto ela ocorre, utilizando essas informações para tornar as previsões de demanda ainda mais precisas.

O fato é que os varejistas já sabem como uma compra vai da matéria-prima para a prateleira de uma loja ou para a porta do consumidor, mas não têm uma visibilidade de toda a cadeia de suprimentos, muito menos em tempo real. A previsão e o monitoramento da demanda, bem como o uso de gêmeos digitais, são tendências tecnológicas relevantes na gestão da cadeia de suprimentos, e empresas precisam ultrapassar as barreiras culturais para adotar os recursos mais avançados de uso de dados para a tomada de decisão.