Conheço a Ela Decora desde 2018. De lá para cá, vi de perto a construção de um case raro no mercado brasileiro: uma marca que cresceu de forma orgânica, sustentável e exponencial a partir de uma matriz criativa clara, governança de conteúdo e uma rotina quase cirúrgica de execução. O mais interessante? Eles não “surfaram” uma onda, eles criaram a própria maré, gerando demanda para todo o mercado de decoração com o alcance que conquistaram.

A história: de curadoria apaixonada a motor de demanda
Em 2018, enquanto o setor ainda apostava em posts esporádicos e fotos de catálogo, a Ela Decora já mostrava três sinais que poucos perceberam:
1. Curadoria obsessiva de referências (não só produto): a página tratava decoração como linguagem, não como vitrine.
2. Consistência de publicação: calendário claro, formatos repetíveis, disciplina diária.
3. Foco na utilidade: o conteúdo respondia a dores reais do público (espaços pequenos, iluminação, combinações, materiais, organização, manutenção).
Essa combinação criou o efeito que mais falta nas marcas: confiança recorrente. Gente que volta todos os dias para “ver o que tem de novo”. Quando você faz isso por anos, deixa de ser perfil e vira hábito.
Eles foram pioneiros em carrosséis didáticos com dicas de medidas ideais para cada ambiente, em posts comparativos mostrando “o que funciona e o que não funciona” em cada cômodo, em curadorias de referências visuais (paletas de cores, combinações de texturas, iluminação) e em reels curtos e objetivos que mostravam transformações simples – o famoso “antes e depois” que viraliza.
Outro diferencial é que, em vez de falar apenas de produto, a Ela Decora falava de decoração como estilo de vida: como organizar espaços pequenos, como aproveitar melhor a iluminação natural, como escolher quadros, tapetes ou almofadas para dar identidade a um ambiente. Esse tipo de conteúdo educava e inspirava ao mesmo tempo, criando utilidade imediata para quem consumia.
Essa postura fez a comunidade crescer organicamente, porque não era só mais uma página de decoração, era uma fonte diária de aprendizado e inspiração. De 2018 em diante, essa consistência foi o que permitiu à Ela Decora desbravar a matriz criativa para conteúdos orgânicos e construir um crescimento exponencial que hoje a coloca a caminho de ser o maior Instagram de decoração do Brasil.
Resultado: além de crescer, a Ela Decora passou a criar intenção de compra. Não apenas capturou demanda; passou a gerá-la. E quem gera demanda dita pauta, formatos e timing do próprio segmento.
As estratégias que consolidaram o domínio
1) A matriz criativa (o coração do orgânico escalável)
Uma operação orgânica que escala precisa de pilares e formatos. A matriz da Ela Decora pode ser lida assim:
Pilares de valor
– Inspiração: ambientes prontos, moodboards, combinações.
– Educação: como escolher sofá/tapete/quadros, iluminação, medidas ideais, guias de materiais.
– Transformação: antes/depois; microrreformas, hacks de organização.
– Tendência & curadoria: o que está surgindo lá fora, cores, texturas do momento.
– Utilidade imediata: listas, checklists, “3 erros mais comuns no…”.
Formatos repetíveis
– Carrossel didático (guia prático por tópico).
– Reels de 12–20s (gancho → solução → fechamento visual).
– Antes/depois com processo.
– Lista 3×3 (3 ideias para x cômodo; 3 combinações de cores; 3 alturas de quadros).
– Curadoria de produtos (sem parecer panfleto): “o que funciona em apartamentos pequenos”.
Ritmo
– Cadência diária (1–2 posts, 3–6 stories, 1 reel/dia nos ciclos de crescimento).
– Sazonais (virada de estação, datas do varejo, tendências anuais).
A matriz dá o norte e evita o “e agora, o que postamos?”. Criatividade vive melhor com restrições inteligentes.
2) Social SEO e “AEO para social”
Não é só publicar: é ser encontrado. A Ela Decora combinou:
– Capas com título pesquisável (“Altura certa do quadro no sofá”, “Como iluminar sala pequena”).
– Descrição keyword-first (natural, não robotizada).
– Hashtags específicas (categoria + problema + solução).
– Roteiros com perguntas do público (o algoritmo ama quando o conteúdo responde a buscas latentes).
– FAQ de comentários respondido em novos posts (ciclo de retroalimentação).
Isso é o equivalente de AEO (Answer Engine Optimization) aplicado ao social: conteúdo em formato de resposta útil.
3) Governança de conteúdo (o ativo invisível)
Crescimento orgânico que dura tem bastidor:
– Banco de roteiros por pilar, com 100+ temas sempre “em estoque”.
– Biblioteca de referências (moodboards, paletas, grids).
– Padrões visuais (tipografia, cores, molduras) que criam reconhecimento.
– Regra dos 80/20: 80% valor; 20% monetização direta (afiliados, curadoria, branded).
– Rotina de análise: taxa de salvamento, compartilhamento, retenção dos reels, comentários qualificados.
Sem governança, o orgânico patina. Com governança, vira máquina.
4) UGC, creators e credibilidade
A força veio de pessoas reais em casas reais:
– UGC com curadoria (não é qualquer vídeo; é o vídeo que segue tom/qualidade).
– Creators selecionados por adequação estética e didática (não apenas alcance).
– Prova social constante: reels com reviews rápidos, comparativos de materiais, erros comuns.
Isso reduz objeção e cria intenção. Em decoração, ver “na vida real” vale mais que foto de catálogo.
5) Do orgânico para o impulsionado (escala com custo baixo)
A lógica vencedora: validar no orgânico → escalar no pago.
– Promover somente o que já performou (alto salvamento/compartilhamento/retenção).
– Otimizar CPS e CTR; criar variações por ângulo/conceito/funil.
– Direcionar para jornadas de social (seguir perfil, salvar, entrar no Whats, capturar e-mail) antes de empurrar venda.
– Remarketing com social proof e antes/depois.
Assim, o orgânico compra a mídia, e não o contrário.
6) Transformando audiência em demanda do setor
Com alcance maciço, a Ela Decora não só vende: move o mercado.
– Lança tendência de uso (ex.: “trilho de spots + abajur dimmer para sala pequena”).
– Educa o consumidor (o que comparar antes de comprar, medidas ideais, materiais).
– Faz “curadoria de compra consciente” – reduz arrependimento e devoluções de quem acompanha.
Quanto mais educado o público, mais maduro o mercado e mais forte a posição de quem o educou.
Como aplicar (passo a passo prático)
Passo 1 – Estruture sua matriz criativa (uma tarde de trabalho)
– Pilares: inspiração, educação, transformação, tendência, utilidade.
– Para cada pilar, liste 20 temas. Você sai com 100 ideias imediatas.
Passo 2 – Modele formatos e padrões
– Defina três formatos fixos (carrossel, reel 15s, antes/depois).
– Crie templates no Canva/Figma (capas, tipografia, paletas).
– Escreva roteiros curtos com: gancho → conteúdo → fechamento.
Passo 3 – Agenda e cadência
– Poste 1–2 vezes/dia + stories diários.
– Dedique 2 dias/mês para produção em lote e 1h/dia para interação/curadoria.
Passo 4 – Social SEO + “AEO social”
– Títulos pesquisáveis, descrições naturais, hashtags específicas.
– Transforme dúvidas recorrentes em novos posts (ciclo perpétuo).
Passo 5 – Colete UGC de qualidade
– Guia de gravação para seguidores/creators (luz, enquadramento, tempo).
– Incentivo leve: destaque do dia/semana, repost com crédito, selos “Escolha da Curadoria”.
Passo 6 – Valide e só então promova
– Promova somente conteúdos com alto salvamento/compartilhamento/retention.
– Teste variações por ângulo (dor/benefício/prova) e conceito (selfie/bastidor/comparativo).
Passo 7 – Meça como adulto (e decida rápido)
– KPIs essenciais:
–> Salvamentos/1000 impressões (conteúdo de valor real).
–> Compartilhamentos (potência viral).
–> Retenção de reels (conteúdo “assistível”).
–> CPS/CTR nos impulsionados.
–> Crescimento de seguidores qualificados (não sorteios).
– Faça review semanal e promova os melhores ao “catálogo de hits”.
Passo 8 – Converta com inteligência
– Jornada: seguir → salvar → entrar no Whats/e-mail → curadoria/promo sob medida.
– “PDP social”: leve o que educou no post para a página (FAQ, medidas, combos sugeridos).
– Pós-venda com conteúdo de uso para estimular foto/UGC e nova compra.
Erros comuns (e como a Ela Decora evitou)
– Postar para “cumprir tabela”: conteúdo sem utilidade não cria hábito.
– Padrão visual inconsistente: você perde reconhecimento.
– Impulsionar conteúdo fraco: mídia não conserta estratégia.
– Vender sem educar: em decoração, explicar vende mais que empurrar.
– Mensurar só vaidade: likes não pagam boletos; salvamentos, retenção e CPS/CTR pagam.
Crescer com método, governança e propósito
A Ela Decora não “deu sorte”. Deu método.
Transformou curadoria apaixonada em sistema; transformou sistema em alcance; transformou alcance em demanda. E quando você gera demanda, você lidera mercados.
Se você quer escalar seu perfil (e seu negócio) em decoração ou em qualquer nicho, o caminho está aqui: matriz criativa, cadência, social SEO/AEO, UGC com curadoria, validação orgânica e promoção inteligente. Execute por 90 dias com disciplina e veja o efeito composto agir.
No fim, não é sobre ganhar seguidores. É sobre ganhar relevância e relevância gera intenção, que vira vendas, que consolidam marcas.