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Cinco hábitos do novo consumidor: como a tecnologia redefine a experiência no varejo e na alimentação

Por: Isaac Paes

Formado em Administração pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), atuou como Gerente da Cervejaria Santa Catarina, maior cervejaria artesanal do estado, até que em 2018, resolveu se dedicar ao empreendedorismo. Aproveitando a sua expertise no setor foodservice, o executivo fundou a Abrahão, empresa especializada em soluções digitais para restaurantes. Em 2023, a Abrahão foi adquirida pela Goomer, e Paes assumiu o cargo de CMO após a fusão.

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Agilidade, personalização e experiências padronizadas, tudo isso acompanhado de conveniência e tecnologia. Essas são as exigências do consumidor atual. E o que antes era tendência hoje é exigência. Acompanhar essa transformação deixou de ser escolha para se tornar questão de sobrevivência no varejo e, especialmente, no setor de foodservice.

Principalmente no Brasil, a transformação digital passou a ser um requisito básico. Segundo dados da Bain & Company, 62% dos consumidores brasileiros já utilizam inteligência artificial no varejo, sendo que 18% o fazem com frequência. Esses números não deixam margem para dúvidas: estamos diante de um consumidor muito mais conectado, exigente e intolerante a processos analógicos e experiências fragmentadas.

Mulher usando um totem digital de autoatendimento em restaurante.
Imagem gerada por IA.

Nesse cenário, o papel do varejo e da alimentação é claro: usar a tecnologia não apenas para automatizar, mas para humanizar a experiência e criar conexões reais. E não se trata apenas de implementar uma solução digital por modismo, mas sim de entender como a tecnologia pode resolver dores reais e antecipar expectativas.

A seguir, destaco cinco hábitos desse novo consumidor que estão redesenhando o varejo e o foodservice, com reflexões sobre como a tecnologia pode e deve atender a cada um deles.

1 – Busca por padronização da experiência

O consumidor exigirá consistência em todas as unidades de uma rede. O autoatendimento garante processos unificados, reduzindo erros e variações humanas. Mais do que uma operação eficiente, a padronização cria memória de marca. Quando o cliente reconhece o padrão do atendimento e a qualidade do prato, em qualquer loja, o vínculo se fortalece, e isso se reflete diretamente em vendas recorrentes e fidelização.

2 – Valorização do tempo e menos filas

Com jornadas cada vez mais digitais, esperar na fila é coisa do passado. Totens, apps e pedidos via QR code reduzem filas, otimizam o fluxo de pedidos e aumentam a rotatividade das mesas, garantindo agilidade e conveniência, atributos essenciais para um consumidor que não quer perder tempo.

3 – Confiabilidade em soluções digitais

Com a IA cada vez mais presente no dia a dia, os consumidores esperam que o varejo ofereça soluções que geram confiança e sejam intuitivas. Uma pesquisa do Netskope Threat Labs reforça o cenário e mostra que 95% das empresas de varejo já utilizam IA generativa, tecnologia que auxilia na execução de diversas tarefas, como responder a perguntas, realizar traduções, gerar códigos e criar conteúdos em texto, vídeo e imagem, um índice acima da média em comparação com outros setores.

O desafio agora é garantir confiabilidade e ética no uso desses recursos, especialmente no relacionamento com o consumidor. Marcas que conseguirem combinar eficiência tecnológica e transparência conquistarão mais a confiança dos clientes.

4 – Custo-benefício aliado à conveniência

O consumidor do futuro não quer apenas o menor preço: ele quer valor. O autoatendimento permite reduzir custos operacionais e realocar equipes para tarefas de maior valor agregado, mantendo o equilíbrio entre economia e qualidade no atendimento. O resultado é um modelo de operação mais sustentável, que mantém margens saudáveis sem sacrificar a experiência.

5 – Consumo personalizado baseado em dados

O novo consumidor quer experiências sob medida. Cada pedido realizado em plataformas de autoatendimento gera dados estratégicos que podem ser usados para criar ofertas, combos e promoções direcionadas, aumentando a relevância da comunicação com o cliente. Restaurantes e franquias que souberem transformar dados em ações, como combos inteligentes ou promoções direcionadas, sairão na frente. A personalização deixa de ser apenas marketing: é estratégia de fidelização e eficiência.

O que o futuro exige?

O uso da tecnologia, especialmente a IA, será o grande diferencial competitivo. Mas não basta investir: é preciso investir com estratégia, de forma a tornar essa transformação competitiva eficiente para as operações, colaboradores e consumidores.

A pergunta que as empresas devem se fazer não é mais “devo digitalizar?”, mas sim: “minha digitalização está alinhada aos novos hábitos do consumidor?”. A resposta a essa pergunta definirá quem continuará relevante no mercado e quem ficará pelo caminho.