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Trump ameaça tarifar países alinhados ao Brics e reacende tensões comerciais

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (6), que vai impor uma tarifa adicional de 10% a países que, segundo ele, se alinhem a “políticas antiamericanas” promovidas pelo Brics. A declaração foi feita por meio de sua conta na rede social Truth Social.

Trump ameaça tarifar países alinhados ao Brics e reacende tensões comerciais
(Imagem: reprodução/@WhiteHouse/Fotos Públicas)

Trump não detalhou quais nações serão alvo da medida, além de não especificar o que considera como “políticas antiamericanas”. A proposta amplia o embate comercial iniciado em abril e reacende tensões com economias que mantêm diálogo próximo com o bloco formado por países do Sul Global.

Brics reforça defesa do multilateralismo

Horas antes da declaração de Trump, os países do Brics divulgaram a “Declaração do Rio de Janeiro”, durante reunião de cúpula realizada na capital fluminense. O documento, embora não mencione diretamente os Estados Unidos, reforça a defesa do multilateralismo e critica medidas comerciais unilaterais.

Entre os pontos destacados estão o fortalecimento de instituições como a ONU, a valorização do direito internacional e a rejeição a ações que prejudiquem o sistema global. Um trecho da declaração aponta “sérias preocupações com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”.

Trump anuncia tarifa adicional de 10% para 'qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do Brics'
(Imagem: reprodução/Truth Social)

Nova rodada de tarifas a partir de agosto

Em outra publicação, Trump afirmou que as cartas e acordos tarifários com os países começarão a ser enviados a partir das 12h desta segunda-feira (7), no horário de Washington (13h em Brasília). A entrada em vigor das tarifas, no entanto, está prevista apenas para 1º de agosto, o que abre uma janela de três semanas para negociações bilaterais que possam evitar a medida.

O prazo se conecta ao fim da suspensão de 90 dias anunciada em abril, que expira em 9 de julho. Até agora, Washington fechou acordos limitados com Reino Unido e Vietnã. A maioria das nações ainda tenta evitar as sobretaxas, que podem variar entre 10% e 50%.

A União Europeia busca contornar os impactos em setores como agricultura, aviação e tecnologia, mas enfrenta entraves com os EUA. Japão, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Tailândia e Suíça também negociam concessões de última hora.

Brasil lidera cúpula do Brics no Rio

Desde 1º de janeiro de 2025, o Brasil ocupa a presidência rotativa do Brics. A reunião de cúpula ocorre no Rio de Janeiro nesta segunda-feira e reúne representantes dos 11 países que compõem o grupo, uma articulação de países emergentes da América Latina, África, Ásia e Oceania, com foco em cooperação política, econômica e diplomática.

Na declaração divulgada neste domingo, o bloco também apresentou posicionamentos sobre segurança internacional. Entre os trechos, estão a condenação a ataques contra o Irã, sem menção direta a Estados Unidos ou Israel, e contra a Rússia, sem abordar os ataques à Ucrânia. A Rússia é membro do Brics, e o presidente Vladimir Putin participou do encontro por videoconferência.

O texto ainda expressa apoio à solução de dois Estados como caminho para o conflito entre Israel e Palestina, com a criação de um Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como capital. O documento também pede a atuação da comunidade internacional para conter a violência em Gaza e proteger civis palestinos.

Reações dos países do bloco

A China foi uma das primeiras a responder à ameaça de Trump. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que “o uso de tarifas não serve a ninguém” e que o país “se opõe ao uso de tarifas como ferramenta para coagir outros países”.

A Rússia também se posicionou. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a força do Brics está na união de países com “visões de mundo comuns” e ressaltou que a cooperação no bloco “nunca foi e nunca será dirigida contra terceiros”.

A África do Sul, por meio do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Chrispin Phiri, afirmou que o Brics representa um esforço por um “multilateralismo reformado”. Segundo ele, o grupo busca uma ordem global mais equilibrada e inclusiva, condizente com os desafios econômicos e políticos do século 21.