O Senado da França aprovou, nesta semana, uma versão revisada de um projeto de lei que regula a indústria de ultra fast fashion. Entre os possíveis impactos com isso, está a proibição de publicidade de plataformas chinesas de e-commerce em rápido crescimento. A ação, portanto, seria prejudicial para companhias como Shein e Temu.

Segundo informações da Reuters, o governo francês busca mitigar os impactos ambientais da indústria têxtil, considerada uma das mais poluentes do mundo. A proposta já havia sido aprovada pela Assembleia Nacional em 2023 e agora segue para ajustes finais entre as duas casas legislativas.
Mais sobre a regulamentação
O texto votado pelos senadores diferencia os modelo de fast fashion “clássico” — adotado por marcas europeias como Zara e Kiabi — e ultra fast fashion, associado a empresas que lançam milhares de novos produtos por dia com preços muito abaixo da média de mercado. A nova classificação permitiria regras mais rígidas para plataformas asiáticas citadas, enquanto empresas europeias enfrentariam exigências menos severas. Isso também tem gerado críticas de organizações ambientalistas da região.
“O texto aprovado permite responsabilizar empresas que ignoram as realidades ambientais e sociais, sem penalizar o setor europeu de moda”, afirmou Jean-François Longeot, presidente da Comissão de Planejamento Regional e Desenvolvimento Sustentável do Senado.
A proposta também inclui multas progressivas para empresas que não cumprirem critérios ambientais mínimos. As penalidades podem chegar a 10 euros por peça de roupa até 2030, ou até 50% do valor do item sem impostos.
Equilíbrio de mercado
A crescente presença das plataformas asiáticas tem pressionado o varejo local. Marcas francesas como a Jennyfer, em liquidação desde abril, e a Naf Naf, em recuperação judicial desde maio, são alguns exemplos dos impactos da concorrência com produtos de preços extremamente baixos.
A Shein, em nota, contestou a categorização e afirmou que “não é uma empresa de fast fashion”, defendendo seu modelo como parte da solução e não do problema ambiental. Fato curioso é que, com o cenário conturbado nos EUA, um de seus principais mercados, a varejista de moda mirava justamente na Europa como alternativa.
Antes de entrar em vigor, a nova legislação ainda precisa ser notificada à Comissão Europeia e passar por uma conciliação final entre o Senado e a Assembleia Nacional.