A EDP Smart, que reúne o portfólio de soluções em energia do grupo EDP Brasil, está lançando uma nova plataforma de e-commerce voltada para clientes residenciais e pequenas empresas.
Com esta plataforma, a empresa passa a oferecer seus produtos para todo o Brasil, de maneira 100% digital. A iniciativa também prepara a companhia para a esperada liberalização completa do mercado livre, quando esses segmentos também poderão escolher seu fornecedor de energia elétrica.
“A área de serviços é o futuro do setor elétrico; o futuro está na eletricidade, no carro elétrico, na descentralização da produção de energia via solar. Cada vez mais as pessoas vão optar por isso, e querem da forma mais fácil possível, das formas digitais, que consigam rapidamente fazer cotações e tomar suas decisões, então estamos apostando muito nisso”, diz o vice-presidente de Estratégia e Novos Negócios da EDP no Brasil, Carlos Andrade, ao Estadão.
A criação da plataforma consumiu R$ 5,5 milhões em investimentos, incluindo os sistemas necessários para fazer a interface com as áreas de faturamento e contábeis da EDP, e também com parceiros e fornecedores, entre outros.
O montante corresponde a mais da metade dos R$ 10 milhões de investimentos em expansão orçados pelo grupo para a unidade de negócios no ano passado, quando a EDP Smart foi lançada, reunindo as atividades de serviços e comercialização da EDP Brasil.
A iniciativa faz parte da estratégia para que o lucro operacional da EDP Smart supere 10% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) consolidado da EDP Energias do Brasil até 2023. Em 2019, a EDP Smart obteve um Ebitda de aproximadamente R$ 110 milhões, ou pouco mais de 3% dos quase R$ 3 bilhões reportados no ano passado por toda a companhia.
“A ideia é que até 2023 a gente supere os 10% de Ebitda do grupo e tenha participação mais equilibrada entre comercialização e serviços”, afirma a Andrade.
No ano passado, dos cerca de R$ 110 milhões de Ebitda, apenas 12% vieram do negócio de serviços propriamente dito, enquanto os demais 88% foram provenientes da comercialização. Neste sentido, a meta inicial é de que a plataforma capture, já no primeiro ano de operação, ao menos 30% das vendas da EDP Smart, avançando a partir desse patamar nos próximos, podendo chegar a 100% em determinadas linhas de negócio. A expectativa também é de que o e-commerce gere um total de 10 mil vendas.
Em razão da pandemia
Embora já estivesse nos planos da empresa a criação deste e-commerce desde a criação da EDP Smart, sua efetivação chega em momento propício para favorecer novas vendas para a empresa, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus e as consequentes medidas de distanciamento social.
“É um projeto que já vinha de trás, não foi acelerado, não foi necessariamente desenvolvido para esta fase que estamos a vivenciar, mas ganha relevância maior nesta época: a experiência digital e a oportunidade de facilitar o processo de compra e chegar a um universo onde não temos presença física, isso é um passo muito importante”, comenta o líder da área de mobilidade elétrica e negócios B2C da EDP no Brasil, Nuno Pinto.
Dentre os produtos ofertados na plataforma estão pacotes de serviços residenciais de instalação, revisão e manutenção de equipamentos elétricos; planos de assistência emergencial para residências; seguros; além de soluções de energia solar, eficiência energética e mobilidade elétrica (venda de carregadores elétricos — Wallbox).
A plataforma permite realizar orçamentos e contratar serviços com pagamento por cartão de crédito, boleto ou inserção na fatura de energia, no caso de clientes das áreas de concessão da EDP, no Espírito Santo e em São Paulo.
A plataforma, desenvolvida em parceria com players Alfa People, GYN Consulting e Programmer’s, foi baseada em modelo utilizado pela EDP em Portugal e possibilita ao cliente a gestão de seus pedidos e serviços, bem como um novo ecossistema que integra plataformas de CRM, ERP, parceiros e meios de pagamento.
Comercialização
Andrade comenta que em Portugal o mercado é totalmente liberalizado, por isso lá a plataforma também é utilizada para a venda de energia para o consumidor residencial. “Essa é a expectativa aqui também”, diz.
O executivo lembra que atualmente o país discute, no âmbito dos debates sobre a modernização do marco regulatório setorial, a liberalização completa do mercado. “A questão é quando será; que haverá, haverá. Então também estamos nos preparando para isso. Não esperamos que aconteça até 2022 ou 2023, mas que isso vá acontecendo gradualmente e atinja o residencial a partir dali, e que a gente possa usar a plataforma para a totalidade dos negócios da EDP Smart: tanto comercialização como serviços”, afirma.
A portaria 465/2019, publicada pelo Ministério de Minas e Energia em dezembro passado, já determinou uma redução gradual dos requisitos mínimos para aderir ao mercado livre.
De acordo com o texto, até janeiro de 2023, os consumidores com carga igual ou superior a 500 KW, em qualquer tensão, poderão optar pela compra de energia elétrica a qualquer concessionário, permissionário ou autorizado de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional.
Adicionalmente, até janeiro de 2022, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) deverão apresentar estudo sobre as medidas regulatórias necessárias para permitir a abertura do mercado livre para os consumidores com carga menor que 500 KW e proposta de cronograma de abertura começando em 2024.
Paralelamente, diferentes projetos de projeto de lei na Câmara e no Senado propõe o prazo de até 42 meses para a eliminação total das exigências para acesso ao mercado livre, incluindo consumidores residenciais atendidos em baixa tensão.
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