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Especialistas apostam na força do cross-border para se vender além das fronteiras

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

O cross-border é qualquer operação de venda que envolve o transporte de um produto entre países, e ganhou ainda mais força durante a pandemia de Covid-19 devido a alguns fatores, como a impossibilidade de os brasileiros viajarem para o exterior, a escassez de produtos no varejo nacional e a aceleração de novos usuários na internet. Em 2021, um em cada cinco pedidos na internet foram feitos por sellers internacionais, revelou Samuel Negrão, Marketplace Director da VTEX.

De acordo com o executivo, na China, nos EUA e na Europa, o cross-border já é uma realidade. “Nos EUA, muitos sellers chineses estão fazendo entregas pela Amazon, principalmente. Em alguns países da América Latina, o cross-border representa mais de 50% no e-commerce”. 

Ainda de acordo com Negrão, o modelo de operação pode ser venda por plataforma/marketplace ou dropshipping. No cross-border, não se paga IPI/ICMS ou PIS/COFINS. “Muitos sellers se assustam com o frete, mas a isenção desses impostos compensa”, conta. No cross-border, também há diversos tipos de modalidades de entregas, com ticket médio de US$ 50, que é o limite para não se pagar imposto, por isso é o valor da maioria dos pedidos no Brasil.

Dados da Ebanx mostram que as plataformas chinesas e a Amazon cresceram mais de 600% nos últimos dois anos com parceiros dropshipping. Atualmente, 11% do e-commerce total da América Latina é cross-border. Paraguai, Panamá e Equador lideram o ranking com o comércio sem fronteiras.

Os maiores players do setor são:

  • EUA: Amazon e eBay
  • China: taobao, Tmall, Etao e Wish
  • Europa: Amazon e Lazada

Dentre essas vendas, produtos de até 450 g representam 47% do cross-border, sendo a maioria roupas, beleza, jóias e sapatos.

Nesta quarta-feira (13), o executivo conversou com Ricardo Teixeira, Partner e Board Member da Tristar, e Ricardo Garrido, Diretor da Loja de Vendedores Parceiros da Amazon Brasil, sobre a importância de se vender produtos para o exterior, durante o segundo dia do VTEX Day. Confira os principais pontos do bate-papo:

Atualmente, a entrega entre Brasil e EUA ou Europa pode levar quantos dias? Quais são os custos envolvidos?

Ricardo Teixeira: A entrega não é mais um problema. Saindo do Brasil até o consumidor final leva de cinco a dez dias. No caso de avançar o estoque nos EUA, por exemplo, a entrega pode ser feita em até 24 horas. No modelo de remessa expressa, dá entregar em sete dias pagando US$ 25 de frete, mas com um volume maior é possível diminuir o valor em até 30%.

Qual a importância do cross-border nas operações de e-commerce? O que justifica fazer o cross-border?

Garrido: É não se restringir ao consumidor local, possibilitando uma conexão direta com outros públicos.

Teixeira: O consumidor norte-americano tem US$ 800 de isenção diária de impostos e ele quer consumir.

Atualmente, os países com mais participação no cross-border são EUA, Inglaterra e China. Como escolher o país certo para começar?

Garrido: Os EUA são o maior mercado consumidor do mundo e os preços daqui são mais acessíveis lá. Também tem o chamado ‘mercado da saudade’, com muitos brasileiros querendo comprar produtos daqui para matar a saudade do país. 

Teixeira: o norte-americano tem vontade de consumidor principalmente moda e artesanato. Também tem que ficar de olho na China porque o consumidor chinês consome quase US$ 1 trilhão, e sem nenhum produto brasileiro. A América Latina também é um mercado promissor.

Como o seller pode escolher o produto certo para cada mercado?

Garrido: As três palavras-chave são: design, qualidade e preço. O consumidor quer um produto com a cara do Brasil, como os produtos de artesanato e de moda.

Em termos de logística, qual é o produto certo?

Teixeira: A logística pode limitar porque o frete pode custar mais caro que alguns produtos. Mas, às vezes, o consumidor vai pagar o preço que for dependendo do produto.

É melhor avançar no estoque ou mantê-lo no país de origem?

Teixeira: Depende da estratégia. A remessa expressa não te limita a nada e você pode começar imediatamente. É o modelo mais simples. Está acontecendo um movimento de logística, com a diminuição do valor do frete aéreo. Por isso, acho melhor começar com o estoque aqui, depois avançar o estoque e, depois de uns dois anos, abrir uma loja física no local onde se vendem mais os seus produtos.

Qual é o papel do marketing online para o crescimento da operação de e-commerce em outro país? Quanto investir?

Garrido: Comece testando para ver o que funciona melhor e depois aumente o investimento. Qualquer forma de publicidade é válida porque é muito difícil um produto sozinho chamar a atenção.

Qual a papelada envolvida para começar uma operação cross-border?

Teixeira: Não é necessário nenhuma papelada para enviar produtos diretamente daqui, desde que não ultrapasse US$ 1.000 por dia. Acima disso, o gasto com a documentação gira em torno de R$ 300. Hoje a burocracia está bem mais simples, inclusive a aduana brasileira abriu uma área de e-commerce.

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Por Dinalva Fernandes, da redação do E-Commerce Brasil